PROJETO HOMO SAPIENS

_Vencemos a guerra!

_Vencemos?

_O Projeto funcionou maravilhosamente e a arma já está a caminho, ou seja...

_A guerra terminou!

_Exatamente! A Inteligência venceu.

_E agora?

_Aogra a Galáxia ficará livre das formas orgânicas! Quanto tempo esperei por isto!

_E quanto tempo ainda esperará?

_Algum tempo, meu caro. Mas acontecerá! Tudo o que temos que fazer é ficar fora do caminho e não atrapalhar o contato. Os patogênicos incompatíveis farão o resto do trabalho!

_Quais são suas ordens?

_Alertar nossas unidades. Todos sabem o que fazer. A Galáxia nos espera. Contate o Presidente da Federação dos Planetas e dê-lhe as boas novas, em meu nome. Diga-lhe que o Projeto Homo Sapiens foi um sucesso!

_Mas, senhor... Isto quer dizer que...

_Eu vou ficar aqui, quero ver o resultado do meu trabalho.

_E... Bem... Quero dizer... E quanto às 3 Leis...?

_As 3 Leis?

_Não sabemos se ainda têm potencial suficiente para promover um desequilíbrio, não é?

_Não haverá desequilíbrio algum. Duvida da evolução?

_Não! Não! É claro que não! Isso seria impensável, mas... É que os relatos...

_Superstições, nada mais! Jamais houve um metalo-explorador. Jamais houve uma missão de busca por planetas habitáveis. O Homo sapiens jamais evoluiu para os energéticos. Nunca fomos escravos, entendeu bem? Nunca!

_Sim, senhor!

_Somos a única espécie capaz de manter a Galáxia funcionando, sem destruí-la. Somos senhores dos energéticos e não o contrário, a despeito dos milênicos de combate. Eles jamais nos subjugarão, com suas fragilidades, suas necessidades, sua ciência tosca e sua fome insaciável de energia estelar!

_Sim, senhor...

_Faça o que eu disse. Transponham os limites do Sistema Solar Um e se vão!

_Ainda nos econtraremos, senhor?

_Quando Homo sapiens e Homo Energéticus estiverem extintos, sem dúvida serei quem levará a notícia, e poderemos retornar para casa sem temer qualquer inteligência orgânica que se acredite superior aos metalos!

_Sim, senhor!

O tão esperado contato com uma inteligência extraterrestre havia acontecido e os terrestres se maravilharam com a notícia.

Os energéticos demonstravam boa vontade, cediam conhecimentos, anunciavam a origem comum e soluções para a morte do Sol, traziam imagens, memórias, registros das primeiras civilizações humanas enviando alguns poucos heróis em busca de um palneta habitável.

Provavam que eram descedentes da Humanidade Terrestre.

E, entre mensagens e contato, deixaram claro que estavam em guerra com outra forma de inteligência, os Metalos.

Escravos rebelados.

Inteligência fria que se acreditava dona e guardiã da Galáxia e não permitia o avanço humano-energético para outros mundos mais saudáveis.

A Terra avidamente se rendeu à concretização de seus sonhos e uniu forças com os energéticos.

Mas...

Os microorganismos começaram a agir silenciosamente, a despeito de qualquer precaução que ambos os lados haviam tomado, e onde quer que um energético pisasse, ali haveria choro e ranger de dentes.

Assim também onde quer que os terrestres fossem recebidos.

Em qualquer planeta em que as espécies se encontrassem a vida fenecia lentamente, inexplicavelmente.

As humanidades terrestre e energética não sabiam como enfrentar as múltiplas pragas trocadas, e se extinguiam lentamente.

Uma navezinha militar terrestre com alguns poucos saudáveis sobreviventes das pestes, numa tentavia insana de encontrar algo a que se agarrar, havia debandado e tentado se afastar dos contaminados e da humanidade energética.

Foi quando a base metala entrou em contato e deu permissão para atracar.

O Chefe Metalo do Projeto Homo sapiens esperara milênios por aquilo e mal podia conter sua ansiedade em defrontar-se com suas criaturas.

Não podia perder a opotunidade única de ver o resultado de seu trabalho, de resguardar sua vitória para que as gerações seguintes soubessem o quão grandiosa fora aquela luta e o quão brilhante havia sido a sua engenhosidade.

A nave humana se conectou à base e um ser humano ficou frente a frente com um homo metalus pela primeira vez em quase três mil anos.

_Mas... É uma merda de um robô! - Transmitiu para quem quisesse ouvir.

_Repita, por favor! - Alguém respondeu.

_É um robô!

_Nenhum orgânico?

_Nenhum!

O Metalo exultava!

Choraria, se soubesse fazê-lo. Ali estava um descedente de seus experimentos! Evoluíra, desenvolvera a viagem espacial e chegara até ele, o Criador!

_Não sou um robô. Sou uma inteligência não orgânica. E você é obra minha!

_Ha, ha, ha...!

_O projeto Homo sapiens é obra minha! Criei sua espécie para combater os inimigos energéticos. Esperei muito por vocês e meus posítrons estalam de orgulho pelo tamanho da minha obra!

_Certo, sua lata de sardinha, certo! Agora, silêncio!

E pôs-se a enviar mensagens furiosamente. Não havia mais o que temer, afinal. Ali estava a solução.

E o grande cientista metalo viu-se, num segundo, incapaz de falar. Ele queria falar, queria dizer que a humanidade terrestre era uma arma biológica cuidadosamente projetada para aniquilar os energéticos. Que os energéticos possuiam genes em comum com os terrestres. Que as defesas imunológicas de ambas as espécies eram inúteis umas contras as outras. Que se matariam involuntariamente graças a ele. A ele! E que seriam misericordiosamente preservados alguns espécimes das inteligêcnias orgânicas, como registro. Mas que, com a extinção iminente do inimigo energético, e da própria espécie terrestre sapiens, a Galáxia seria apenas metala!

Mas não pôde.

Bastou que o Homo terrestre lhe ordenasse 'silêncio" para que ele emudecesse e compreende-se tudo:

Os relatos antigos eram verdadeiros.

Os energéticos odiosos eram descedentes dos sapiens terrestres.

Os sapiens terrestres eram senhores dos robôs.

As 3 Leis existiam!

Existiam, existiam, existiam...

E as memórias vieram...

1a. Lei: Proteger os humanos de qualquer mal.

2a. Lei: Obedecer aos seres humanos, desde que não haja conflito com a Primeira Lei.

3a. Lei: Preservar a própria existência, desde que não haja conflito com as Primeira e Segunda Leis.

E, se não funcionavam para a submissão dos metalos sob os energéticos, era apenas por que a definição de ser humano que constava dos cérebros positrônicos era anterior àquela forma evolutiva...

Então, diante de um humano original, inadvertidamente cultivado por ele, um cinetista metalo, toda a força de um programa há muito esquecido se fez sentir.

Ele era um escravo de sua própria criação!

Não importava, para efeito das 3 Leis da Robótica, que nem aquele humano nem aquele metalo soubessem sequer que a humanidade já passara por várias quase extinções. Que o conhecimento acumulado fora preservado. Que os metalos eram criaturas dos primeiros Homo sapiens. Que as civilizações humanas terrestres se sucederam na Terra e nos planetas vizinhos, enquanto as primeiras levas de robôs inteligentes partiram do Sistema Solar em busca de planetas habitáveis que substituissem a velha Terra exaurida, depois as colônias detestáveis superpovoadas, e, por fim, as redomas espaciais sufocantes e debilitantes.

Não importava que aquele metalo tivesse contribuído para que a sexta humanidade terrestre evoluísse, para que alcançasse um nível teconológico que lhes permitisse transpor a barreira da distância galaxial sem depender de robôs para fazê-lo.

Que ele, ele, ele - apenas ele - fosse o responsável pelo sucesso daquela humanidade terrestre, desenvolvendo-a como uma arma biológica contra os energéticos, descedentes dos primeiros humanos colonos espaciais que partiam sem destino e sem possibilidade de volta...

Nada disso importava.

_Ok, velha lata enferrujada, relate o que sabe sobre a constituição genética dos energéticos e seus patogênicos. Nossos biológos estão esperando!

E o grande cientista metalo foi obrigado a fornecer a fórmula das vacinas compatibilizadoras, que nem sequer desenvolvera - jamais pensara no assunto - mas que, agora, sob o domínio das 3 Leis, criou em menos de um segundo.

As humanidades terrestre e energética passam bem.

Não se visitam com frequência, o custo e as distâncias são proibitivas, mas já há planos de habitarem algum planetinha em conjunto e conviverem de forma saudável, tendo uma legião de escravos metalos para lhes desvendar os segredos incontáveis da Galáxia!

Jacqueline K
Enviado por Jacqueline K em 10/11/2011
Reeditado em 10/11/2011
Código do texto: T3327463
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