2034- Fugindo do apocalípse

2034 - Fugindo do apocalipse 1-N

Começou em 2010 com o terremoto no Haití depois no Chile. Confirmando as previsões 2010 trouxe ainda o maior terremoto da história destruindo praticamente a cidade de Los Angeles. 2012 foi a vez do Japão. O País fora praticamente aniquilado e a partir daí as catástrofes sucederam-se de uma maneira nunca antes imaginada. Furacões arrasadores e centenas de erupções vulcânicas gigantescas estavam decretando a morte do planeta. Esta série de acontecimentos estava deslocando a Terra de sua órbita original fazendo com que a cada ano aumentasse a sua distância em relação ao sol e as mais otimistas previsões dos cientistas decretavam que dentro de 30 anos seria impossível viver em um planeta congelado. O alargamento da órbita condenaria a Terra a vagar pelo espaço como uma imensa bola de gelo. A escuridão e a temperatura do imenso campo estelar tornariam a vida impossível. Foram tantas as tragédias e tantas cidades desaparecidas que finalmente o mundo encontrava a paz.

Cessaram todos os conflitos armados e agora tradicionais inimigos sentavam-se à mesa de planejamento estudando o que fazer, mesmo porque os conflitos tornaram-se inúteis, pois não havia quase mais nada a ser disputado. Os governantes faziam reuniões a portas fechadas em locais não divulgados. A censura aos meios de comunicação era severa. Não vazava nada. O caos tomava conta das ruas e os cidadãos cada vez mais viviam em verdadeiras fortalezas. Ninguém se arriscava muito tempo fora de casa.

Muitas redes de televisão haviam sido desativadas e as informações corriam mais na base do boca a boca do que de alguns raros jornais que teimavam em conseguir operando. Especulava-se de um plano para evacuar a população do planeta, o que soava como utopia, porque não haveria como evacuar 3 bilhões de seres humanos. Corria a boca pequena que a Nasa trabalhava febrilmente em um projeto altamente secreto. Mas nada era revelado à imprensa e os meios de comunicação ainda em operação, buscam sem resultado descobrir do que se tratava. Há muito tempo, foram fechadas fábricas importantes e era praticamente impossível encontrar uma câmera capaz de fotografar além da linha do horizonte. Todo o esforço industrial existente estava empenhado em algo muito importante. Até uma simples geladeira era difícil de ser encontrada.

Vivendo dentro deste contexto o Coronel Cesar Bandeira, voltava de uma solitária viagem de testes de um dos últimos caças que haviam sido incorporados pelo exército brasileiro. Desceu na base aérea de Fernando de Noronha e encaminhava-se para o alojamento quando foi abordado por um soldado que lhe entregou um envelope com timbre do alto comando.

Cesar era um dos mais afamados pilotos brasileiros respeitado por seus colegas e superiores. Dono de uma habilidade ímpar, no comando de uma aeronave, era imbatível. Seus colegas o chamavam de coronel Demônio. Pois até agora ninguém conseguira vencê-lo em um exercício de treinamento. Já servira dois anos na estação espacial e fora utilizado várias vezes pela Nasa em algumas missões espaciais consideradas de alto risco. Vencera várias vezes seus colegas americanos em disputas nas fantásticas máquinas de simulação de combate do Pentágono. Depois de uma ducha quente, ligou o som e sentou-se abrindo o envelope. Estava só de cuecas e nem percebera a figura da tenente Magda à suas costas.

– Desculpe-me! Não vi você.

– Hora não se preocupe você não é o primeiro homem só de cuecas na minha vida. Vista-se, o papai está aí e quer vê-lo agora.

– Então é urgente! Pra ele vir aqui... O general Ruy Espínola, (carinhosamente chamado papai por seus subordinados) era um homem afável e tranqüilo e dispensava muitas vezes as formalidades de praxe.

– Sente-se ! Temos algo importante para você.

– De que se trata general?

– Você sabe que não morro de amores pelos americanos, mas diante das atuais circunstâncias, não tenho muita escolha. Não gosto quando me tiram um homem, mas estamos vivendo uma hera onde tudo acontece. Você terá o privilégio de participar da mais longa e importante missão que jamais foi tentada. Você partirá dentro de 3 horas para a Flórida. Arrume suas coisas e não faça perguntas.

– Sim senhor! Posso saber o que tem no envelope?

– Hora era uma ordem por escrito, mas eu não gosto de burocracia e não quis esperar até você abrir isso. Agora vá, e saiba que foi um orgulho conviver com soldados como você.

Cesar saiu apressado para o alojamento, não teria tempo sequer para despedir-se de Ana sua mais recente namorada. Aos 30 anos nem pensava em casamento e do jeito que estavam as coisas isso era algo muito distante. Ao descer em Cabo Canaveral, ficou impressionado com o vai e vem de poderosas naves, que em 2030, não precisavam mais de foguetes para alcançar a estratosfera e atingir a órbita sem dificuldades.

Dirigindo-se ao centro de comando passou sob um dos antigos ônibus espaciais agora desativados. Peças de museu. O combustível que permitiu isso? Antimatéria, ou melhor, uma combinação de elementos que transformava a estrutura da Antimatéria tornando-a capaz de ser usada como combustível. Chamavam-na de Blue Force . Uma poderosa fonte de energia pura, barata e inesgotável dada a capacidade que desenvolveram de separar a Antimatéria da própria matéria. Assim os blocos de chumbo utilizados voltavam a possuir a mesma carga de Antimatéria e assim eram usados indefinidamente.

Estava dominada a maior fonte de energia pura disponível na natureza e era de graça. Mas o que estariam tramando? Porque tanto segredo? O próprio estado da Florida havia sido evacuado. Suas ruas vazias e sombrias. Algo estava acontecendo aqui e Cesar esperava ansiosamente para descobrir de que afinal se tratava tanto mistério. Depois de uma reunião no comando em que apenas foram informados que deveriam apresentar-se na base de lançamentos de onde partiriam às 19 horas. Destino? A base lunar. Foram acomodados em um veículo estacionado dentro da nave de transporte, parecia-se com um furgão, sem rodas com acomodação para 50 pessoas, todos astronautas, pilotos e engenheiros da Nasa. Percebeu a figura de Lúcia Angelonni, brasileira de descendência italiana, bióloga a serviço da Nasa. Fora responsável por importantes transmutações genéticas que tornavam o homem mais resistente às viagens espaciais e convivência em gravidade zero.

Ele a conhecera em uma conferência na ONU há anos atrás. Aos 27 anos, era uma mulher bonita de traços refinados e não aparentava a idade, parecia ter ainda no máximo 22 anos. Será que havia dado um jeito em sua própria estrutura genética? Quem sabe? Viajavam agora a uma velocidade capaz de cobrir os cerca de 84404 km de distância entre a terra e a lua em aproximadamente 3 h.

Ao entrar em orbita com a lua a nave abriu as escotilhas superiores e o pequeno veículo foi ejetado para o espaço voando a partir daí com seus próprios propulsores. Desceram suavemente na superfície da lua e ele podia ver da janela a grande estrutura que havia sido montada. Então a base lunar era agora uma realidade? Na época em que servira na estação espacial era apenas um projeto que dava os primeiros passos. Mas a estrutura que via era algo imenso, quase uma cidade. Não tinha nada a ver com o projeto que conhecera. Cada vez entendia menos o que significava tudo aquilo. Outra sala de comando, agora em território lunar. Novamente um comunicado lacônico informava que teria 6 horas para dormir antes de partir novamente. Novamente o mistério. Partir para onde? Marte? Cesar voltou para seus aposentos e uma funcionária da base trouxe-lhe um lanche. Bem, a comida espacial havia mudado bastante era muito mais saborosa do que fora em anos anteriores. Havia acima de sua cama uma janela redonda como aquelas presentes em navios. Cesar abriu a cortina pensando que estava fazendo uma bobagem, o que haveria para ver e um espaço de um negro absoluto e assustador? Mas o que seus olhos viram o deixou ainda mais confuso.

– O que é aquilo? Havia ao longe um imenso globo metálico e ele só podia ver sua silueta desenhada pelos raios do sol que insidiam em sua superfície arredondada. Provavelmente não poderia ser vista da terra, mas era imensa.

Cinco horas da manhã , o despertar e o aviso pelo sistema de comunicações interno. Deveriam embarcar dentro de uma hora. O coronel tomou um banho e serviu-se do desjejum matinal. Logo apresentou-se ao terminal de embarque. A mesma nave que o trouxera da nave mãe alçou vôo rumo a gigantesca estrutura que vira pela janela. A medida que a pequena nave se aproximava do destino aquela gigantesca bola metálica parecia ainda maior. A pequena nave manobrou e entrou na estrutura por uma escotilha frontal. Soldados armados aguardavam e uma oficial com cara de poucos amigos orientou-os.

Cesar deitou-se na pequena cama em seus aposentos e imaginava o que seria toda aquela manobra. Não tardou a descobrir. Uma voz no comunicador saudou-os. “ Senhores, bem vindos a bordo da Earth Space Traveler. Sua missão começa agora em busca de um novo destino para os ocupantes desta nave. A Terra está condenada. Resta pouco tempo para que tome o rumo do espaço. Esta é uma viagem sem volta. Seguiremos rumo ao infinito em busca de um novo lar. Todos os presentes nesta nave, foram cuidadosamente selecionados. Não há possibilidade de transporte para todos os nossos irmãos que ficaram e que lamentavelmente terão outro destino. Resta-nos elevar uma prece invocando a complacência de Deus. Peço a compreensão de todos. Aguardem instruções em seus aposentos. A partida acontecerá dentro de 30 minutos. À todos boa viagem.”

Desligaram e Cesar ficou estupefato com o que acabara de ouvir. Então era isso? Estavam abandonando a Terra e sua população. Ele estava viajando rumo ao espaço. Salvando a pele e dando as costas para os que ficaram e que teriam um fim trágico. Seria capaz de apostar sua vida, como aquela nave estava lotada com representantes da mesma elite dominadora que afinal ajudara a acabar com o planeta Terra. Sentia-se mal. Apenas recebera ordens e ninguém lhe perguntara nada. Logo o comunicador informava que uma oficial o acompanharia até sua cabine de comando. A mesma oficial que os recebera na chegada, apresentou-se e o conduziu por um corredor até um elevador interno. Desceram e tomaram outro corredor até uma pequena sala onde um oficial os aguardava. A doutora Lúcia Angelonni sentada ao lado do oficial o saudou.

– Bem vindo Coronel! Sente-se. Cesar obedeceu e então o oficial os apresentou formalmente. Iriam trabalhar em dupla. O homem apontou para a parede onde uma tela de plasma começou a rodar uma apresentação com imagens e gráficos.

– Esta nave foi construída com o que temos de mais avançado. O combustível é Blue Force, Antimatéria, significa que é uma fonte inesgotável de energia e portanto nos garantirá indefinidamente em movimento. Seremos capazes de viajar quase à velocidade da luz. Os senhores serão encarregados da manutenção e manobras de uma célula de sobrevivência na qual estão acondicionados vegetais e animais destinados ao consumo humano. A abóboda translúcida cobre uma área de 8 hectares de terra e é dotada de células de energia solar. A célula possui controles e autonomia de voo para casos de emergência ou para descer caso encontremos Terra firme. O senhor será responsável pelo comando da célula 180 e a Dra. Lúcia será responsável pela manutenção da vida animal e vegetal dentro da mesma. A doutora já fez o treinamento exigido para conhecimento de toda a estrutura e os métodos empregados. Dentro de duas horas o senhor será orientado em manobras de ensaio. Existe ainda no sub-solo da célula uma peque nave de apoio para evasão em caso de acidente. 170 robôs, cuidarão da manutenção e da lida de campo e serão comandados através de uma estação Grey conectada a nuvens de processamento distribuídas pela nave. Alguma pergunta? Acompanhem-me.

Foram então introduzidos na cabine de comando da célula 180 que seria seu habitat a partir dali.

– Coronel, não pense que eu esteja de acordo com o que o senhor acaba de ouvir. Falou Lúcia com ar preocupado.

– Mas, você fez o treinamento!

– Sim! Mas você conhece os métodos. Simplesmente fazemos e ninguém nos explica nada.

– Sei! Espero que isso não esteja tudo grampeado. Podemos falar?

– Por via das dúvidas vamos para meu quarto, ali estaremos seguros. Aparentemente não há microfones, mas cautela nunca é demais. Ela sentou-se em sua cama e o Coronel acomodou-se em um pequeno sofá.

– Ok! Estamos condenados a vagar sabe-se lá por quanto tempo dentro desta coisa que eu aposto está cheia com o que há de pior no ser humano.

– Com toda certeza, além dos extermínios de etnias inteiras, eles trataram de salvar a pele sem a menor preocupação com o destino de nossos semelhantes. E o pior, vão acabar encontrando um belo planeta habitável e farão tudo de novo.

– Não, se houver um jeito de impedi-los. Ela riu.

– Você não está imaginando que nós dois poderíamos enfrentar um exercito super treinado?

– Isto eu não sei, mas vou pensar em algo.

Voltaram para a sala de comando e com o conhecimento que Cesar tinha dos computadores Grey, não foi difícil acessar o controle das câmeras de bordo. Era tudo vigiado canto por canto. Dava para perceber que realmente os passageiros eram todos representantes da casta maldita que ajudara a ferrar com o planeta Terra. Os dias passaram-se monotonamente e Cesar e Lúcia descobriram que tinham muita coisa em comum e obviamente acabaram se apaixonando e desta forma os dias a bordo passaram a ter outro sentido. Fora os ensaios em que tinha que manobrar para fora do globo e testar diferentes níveis de velocidade e manobra, Lúcia cuidava a parte dela administrando centenas de animais. Vez por outra grupos de visitantes curiosos apareciam para ver a imensa área agrícola e pecuária. Era uma estrutura gigantesca e os deixava embevecidos.

Estavam agora no ano de 2032, quase dois anos vagando pelo espaço. Lúcia veio à sua cabine com um gostoso café e os dois examinavam as imagens do espaço. Um belo quadro com centenas de milhões de estrelas e galáxias. Então uma voz no comunicador os tirou do estado contemplativo. “ Coronel, devido à ordens superiores as 3 células contendo animais serão descartadas. O senhor terá que manobrar para fora da nave e retornar com a nave de apoio. As células deverão seguir para estibordo. Depois o oxigênio será desligado! Essas são suas ordens. Tenha um bom dia!”

O Coronel Cesar pôs-se de pé de um salto. Estava estarrecido com o que acabava de ouvir.

– Desgraçados! Vão descartas os animais! Por quê? Vão matar os coitados sufocados!

– Hora querido! É simples. Eles estavam pesquisando carne genética criada em laboratório há bastante tempo. Devem ter concluído o projeto. Eles não ligam para seres humanos vão ligar para os animais?

– Quer saber? Pra mim chega! Se tiver que vagar pelo resto da vida espaço a fora, prefiro fazer isso em companhia dos animais.

– O que está pensando?

– Se você quiser ficar, a escolha é sua. Eu vou me mandar.

– Ok! Vou com você!

– Vamos manobrar e quando estivermos fora da nave tomamos outro rumo. Verifique se a nave de apoio está armada.

– E as outras duas células?

– Elas obedecerão ao comando desta.

– Mas elas têm seus pilotos.

– Sim! Esperaremos que eles tomem o caminho de volta e então...

– Genial, vamos nessa.

O Coronel Cesar ao sinal ejetou a nave vagarosamente ao mesmo tempo em que bloqueava a senha de acesso externo ao computador de sua nave. Não podia correr o risco de que eles assumissem o comando. Esperou pacientemente até os módulos de apoio das outras naves tomarem posição para voltar à nave mãe. Sincronizou os comandos das outras duas células e começou a manobrar.

– O que o senhor está fazendo coronel? A voz autoritária no rádio deixava claro que eles sabiam o que ele pretendia. “Coronel! Devo informá-lo de que está cometendo um ato de insubordinação sujeito a corte marcial.”

– Desculpe meu general, mas eu estou indo em companhia de seres bem mais agradáveis. Quanto a sua corte marcial dane-se. Primeiro o senhor terá que me pegar e já informo. Qualquer tentativa de me perseguir será rechaçada a bala. Dizendo isso, Cesar acelerou forte. Os propulsores trovejaram e a nave ganhou o espaço acompanhada pelas duas outras.

– Cesar! Olhe uma das naves de apoio está dando a volta. Vem em nossa direção.

– Salve coronel Cesar! Eu e minha parceira também aderimos. Eu sou o coronel Andy Silva e minha companheira Alisha. Daremos cobertura, embora eu não creia que eles venham.

– Salve Andy, seja bem vindo. Assuma uma das outras naves à sua escolha.

– Ok! Coronel! Fico com a 181. Dividiremos as tarefas para administrar a 182 ok?

– Ok! Combinado.

– Você acha que eles virão atrás de nós? Perguntou Lúcia.

– Não creio! Eles descartaram as células porque não precisam mais, logo nós também somos descartáveis.

Pelo painel de sensores laterais Lúcia via a imensa bola afastar-se parecendo um planetóide desgarrado. Combinaram jantar na nave de Cesar e Lúcia tratou de iniciar os preparativos. Tinham agora ao todo 24 hectares de terra e uma boa população de animais. Uma pequena fazenda espacial para administrar. Naquela noite antes que Lúcia preparasse o jantar, resolveram dar um passeio pelo interior da célula. Era lindo ver os animais em harmonia andando livres. Os pomares estavam repletos de frutas e as hortaliças estavam em plena produção. Tinham na nave sistemas de desidratação capazes de concentrar várias das formas vegetais. Repentinamente um movimento entre uns pés de milho chamou a atenção. Cesar apressou-se em ver o que havia e para surpresa geral uma garota aparentando uns 17 anos surgiu assustada. Trazia uma mochila e um violão às costas.

– O que você faz aqui? Perguntou Cesar.

– Eu me perdi. Estava com a turma que veio ver a célula e sai andando distraída. Aí me perdi e não consegui voltar. Estou comendo frutas desde ontem. Cesar olhou para Lúcia significativamente, tinham agora um problemão. Uma garota perdida dentro da célula. O que fazer?

– Bem, com uma mochila e um violão me parece que você estava achando um jeito de fugir. Comentou Lúcia.

– Olhe moça! A coisa está meio complicada. Nós abandonamos a nave mãe e estamos indo em outra direção. Será impossível retornar. Falou Cesar.

– Ainda bem! Respondeu a garota. Assim me livro daquela chata da minha tia. Afinal, se não estamos indo a lugar nenhum, tanto faz.

– Como se chama?

– Maria Palomino. Sou mexicana. Minha tia era dona de laboratórios, estações de TV, rádios e jornais mexicanos. Agora não é mais dona de nada. Só que é muito chata. Pega muito no meu pé. Então eu resolvi procurar outro lugar na nave. Fugi dela entende?

– Está bem! Seja bem vinda. Lúcia cuidará de você e você pode ajudá-la nos afazeres diários. Ok?

– Legal! Qualquer coisa é melhor do que aturar minha tia.

Andy e Alisha chegaram pontualmente para o jantar. Traziam duas garrafas de vinho e após um show musical a bordo, Maria cantava muito bem, era dona de uma voz suave e melodiosa. Resolveram estabelecer uma reunião para decidir de que forma administrariam a situação.

Sabiam que estavam entregues a própria sorte. Tinham como sobreviver indefinidamente e talvez esta viagem continuasse por gerações futuras. Com sorte poderiam quem sabe dar de cara com algum planeta habitável. Esta era uma possibilidade muito remota, mas quem sabe?

Ter filhos era um assunto complicado e resolveram que por enquanto descartariam essa possibilidade. As naves haviam sido planejadas para se acoplarem permitindo o livre acesso entre uma e outra. Foi um pouco complicado, mas ao cabo de 2 dias de trabalho conseguiram o acoplamento que agora dava a aparência de um trem espacial. Andy era um californiano criado em fazendas de gado e conhecia muito sobre métodos de criação. Alisha, uma negra sul africana era especialista em biomedicina e veterinária. De formas que a nova equipe tinha todos os ingredientes para fazer funcionar uma experiência de vida nunca antes tentada. Maria encantava a todos com suas habilidades ao violão, uma voz aveludada e afinada. Lúcia e Alisha a ajudavam nos estudos e a vida a bordo transcorria em harmonia. Na noite do jantar haviam queimado simbolicamente todo dinheiro encontrado, cartões de crédito e jogado os celulares no lixo, agora perfeitamente inúteis.

– Já imaginou não ter impostos pra pagar? Ter uma fonte de energia inesgotável e de graça? Brincou Maria. Há ia me esquecendo! Sem governo e sem corrupção! Será que isso não é um sonho?

Haviam se passado 3 dias depois do jantar e Cesar se preparava para fazer ajustes na rota. Uma zona de meteoritos a frente exigia precauções. Quase nem percebeu a presença de Maria às suas costas.

– Bom dia meu coronel!

– Bom dia Maria! Sente-se!

– Nossa! Como você entende tudo isso?

– Hora! É como enfrentar um computador pela primeira vez, parece complicado até você saber como funciona. Está precisando de algo?

– Sim! Não sei bem como falar sobre isso, mas eu preciso.

– Diga, de que se trata?

Maria baixou a cabeça e envergonhada falou.

– De sexo!

As palavras dela caíram como uma bomba na cabeça de Cesar. Ninguém havia pensado nisso.

– Puxa! Confesso que não havia pensado. É certo que não podemos condená-la a uma vida de monja. Teremos de conversar sobre o assunto, mas acho que devemos fazer isso junto. Todos.

– Espere! Aquele Andy, não! Não gosto dele. Com você é diferente. Gosto de você.

– Você tinha um namorado na nave?

– Não! Aliás nem tinha um namorado. Minha tia queria que eu namorasse uma ameba

anêmica só porque o pai dele é milionário. É feio e paranóico. Tem medo de pisar na própria sombra pra não sujar os pés. Mas acho que você compreende a minha situação.

– Ok, Hoje ao final do dia vamos conversar então, eu, você e a Lúcia. Está bom assim?

– Sim! Pra mim está. Será que a Lúcia vai entender?

– Não sei. Espero que sim. Confesso que você de certa forma me atrai. É jovem e bonita e seria desejada por qualquer homem. Mas, preciso ser leal com Lúcia.

– Sei! Agora gosto mais um pouquinho de você. Qualquer outro já teria apelado.

Maria despediu-se e Cesar deixou a nave no automático e foi procurar Lúcia no laboratório. Antes de fazer uma reunião para tratar do assunto, precisava saber de que forma a Lúcia iria receber a novidade. Ela ouviu com atenção a narrativa de Cesar sobre a conversa que tivera com Maria. Combinaram então que após o jantar iriam se reunir para tratar do assunto.

– Me dê um tempo até depois do jantar! Preciso pensar sobre isso. Claro que também já fui jovem e sei como ela está se sentindo.

Cesar voltou para a cabine de comando pensando sobre a situação. Lúcia era uma mulher bonita delicada e sofisticada. Maria era jovem e de uma beleza quase selvagem. Claro que seus hormônios estavam entrando em conflito e ele naturalmente a desejava ardentemente. A pele morena, as pernas sedosas e bem torneadas, os lábios grossos e sensuais o estavam fazendo perder-se em seus mais íntimos pensamentos. Não queria ser desleal para com Lúcia, mas a imagem de Maria sentada a seu lado na cabine o excitava muito. Resolveu ir para seu quarto e aguardar a decisão de Lúcia. Não conseguia concentrar-se no trabalho.

Lúcia aplicava uma injeção em um coelho que apresentava um quadro febril e pensava também sobre o assunto. Já fora casada e amava o marido. Jamais imaginara que ele fosse infiel, até descobrir que a traia com sua melhor amiga. Os homens são assim. Não foram feitos pra se acasalar por isso são infiéis. O que era melhor? Ela estava agora com quase 30 anos. Não seria páreo para uma garota de 18 e ainda por cima linda. Não poderia também condená-la a uma vida estéril. Havia ainda o problema de procriação. Certo que agora Andy e Alisha ajudariam a evitar uma cadeia de consangüinidade. Era melhor dividir Cesar com a garota ou iria perdê-lo para ela com toda certeza. Voltou para o núcleo habitacional onde Maria já havia preparado o jantar e sentada sobre o sofá dedilhava os acordes de La Paloma. Gostava da música mexicana, impregnada de sensualidade e sonoridade. Uma gostosa fajita de frango ao molho mexicano, regada a vinho. Além de tudo, a garota ainda era uma cozinheira talentosa.

Terminado o jantar sentaram-se em volta da mesa e Lúcia tomou a palavra. Afinal a decisão era dela.

– Muito bem! Maria, já fui jovem como você e sei avaliar o que está sentindo. Não serei eu a condená-la a uma vida estéril. Apenas peço que seja mantido o respeito mútuo e que compreenda a situação. Nós não sabemos nosso destino e talvez tenhamos que envelhecer dentro desta nave. A constituição de uma família que possa dar prosseguimento a raça humana, posto que não saberemos o que será da Heart Space Traveler, vai nos obrigar a pensar com bom senso. Teremos que controlar a natalidade a bordo, não só humana, mas entre a vida animal também. É certo que precisamos ter filhos. Não podemos envelhecer sem o apoio de gente mais jovem que possa dar sentido ao que estamos fazendo. Sendo assim, não me oponho. Vamos apenas combinar como administrar a situação. Maria e Cesar um de cada lado a envolveram e cobriram-na de beijos. Cesar apenas comentou.

– Você é uma grande mulher. E tenha certeza de que a amo muito. Naquela noite Lúcia recolheu-se mais sedo. Foi para seu quarto e levou uma garrafa de vinho. Assim conseguiria dormir já que de outra forma tinha certeza de que passaria a noite revirando-se na cama.

Na manhã seguinte cada um foi cuidar de seus afazeres e ninguém tocou no assunto. O dia transcorreu sem contratempos e ao final do dia após o jantar, Maria foi naturalmente para seus aposentos deixando claro que apesar da pouca idade, compreendia a situação deixando o caminho livre para Lúcia. A vida então corria dentro da normalidade e cada uma sabia exatamente quando era a vez da outra. Numa tarde de domingo, Maria corria pelo imenso corredor central tentando pegar uma galinha fujona e repentinamente deu de cara com Andy quase o atropelando. Então ele a pegou pelo braço e tentou beijá-la, mas ela reagiu. Então ele a abraçou a força e começou a rasgar suas roupas.

– Vem cá sua vagabunda. Ela lutava para desvencilhar-se e então ele deu-lhe um tapa no rosto. Neste momento sentiu uma mão sobre seu ombro e ao virar-se , Cesar o atingiu com um violento soco. O sangue jorrou pelo nariz e ele sentiu gosto de sangue na boca e dois dentes quebrados. Levantou-se e saiu limpando a ferida e ainda meio tonto tomou o rumo da outra nave. Alisha que vinha em direção oposta, ao ver o estado do companheiro e Maria com as roupas rasgadas entendeu o que deveria ter acontecido.

– Você vem comigo? Falou Andy ainda segurando o queixo que doía muito.

– Não! Eu fico aqui. Tenha uma boa viagem.

Alisha abraçou Maria e falou.

– Venha, vamos dar um jeito nesse roxo na sua face. Cesar observava a terceira nave sendo desacoplada. Andy agora sabia que teria outro destino. Estava condenado por sua própria estupidez e tinha consciência disso. Acelerou fundo e rapidamente sumiu na imensidão do espaço. Alisha tratava com carinho o rosto de Maria e chorava, jamais imaginara que o companheiro fosse este tipo de homem.

– Bem, pessoal, vamos trabalhar que há muito para fazer. Dizendo isso foi para seu laboratório e mergulhou no trabalho. Não tivera sorte com os homens. Seu primeiro relacionamento fora um fracasso, ele bebia e lhe batia. Andy parecia diferente, mas às vezes também era agressivo embora nunca chagasse a lhe bater.

A vida a bordo retomava seu ritmo normal. Alisha pouco aparecia, dedicava-se ao trabalho, preparava seus próprios alimentos e mantinha-se a maior parte do tempo isolada. Já se passara uma semana do acontecido e Lúcia estava em seu computador pessoal analisando as planilhas de controle de seu laboratório. Maria largou o violão e se aproximou.

– Lúcia, você já pensou que agora temos mais uma mulher sem homem a bordo? Lúcia virou-se.

– Será que é por isso que ela anda se isolando?

– Acho que sim, ela está em plena atividade sexual.

– Já sei no que está pensando.

– Claro! Além disso, será legal ter um mulatinho de olhos verdes a bordo.

– Está bem, vamos falar com o Cesar?

– Sim! Já que o estamos dividindo, não custa nada dividir de novo.

Cesar foi tomado de surpresa, mas fazer o que? Ele era o único homem a bordo e agora teria que dar conta de três fêmeas. Já não era fácil satisfazer a uma imagine 3.

– Acho que vou começar a cobrar por serviços prestados. Brincou. Ele não podia se queixar da vida. Amado por 3 lindas mulheres, que mais poderia querer da vida?

Na manhã seguinte Lúcia encontrou Maria as voltas com um bezerrinho teimoso que não queria voltar para o curral.

– Hei! Você viu o Cesar? Acho que ainda não voltou.

– Bem! A Alisha está a uma semana na mão, deve ter acabado com ele. As duas riram e voltaram a seus afazeres.

Na manhã do dia 23 de Dezembro de 2033 Cesar sentou-se em sua cadeira na cabine de comando e avistou na tela dianteira algo parecido com um planeta. Era apenas um minúsculo ponto luminoso, mas não era uma estrela. Tratou de pedir ao computador central uma análise dos dados captados pelos sensores. A confirmação veio com dados detalhados. Era um planeta sim e habitável. Ficava próximo a uma estrela com características semelhantes ao nosso velho sol. Tempo estimado a velocidade atual, um ano. Quase não acreditou no que estava vendo. Ficou eufórico e correu a procura das mulheres. Hoje haveria uma comemoração. Era sedo para saber que condições haveria lá, mas a noticia era importante demais. Naquela noite houve festa a bordo, Maria encantava com seu violão e Alisha mostrava também possuir uma voz afinadíssima. Foram dormir tarde e o vinho havia feito a sua parte. Estavam todos meio bêbados, mas felizes. Nos dias que se seguiram a ansiedade dominava a todos. Não viam a hora em que pudessem chegar ao planeta salvador. Pelo menos assim o esperavam. Um ano passa lentamente, principalmente quando se deseja que acabe logo. Cesar periodicamente atualizava as informações do computador e a cada dia os resultados eram mais promissores. Massa 10% menor que a da Terra, gravidade cerca de 30% mais fraca.

– Isso é bom? Perguntou Maria.

– Sim! Teoricamente as pessoas envelhecem mais lentamente.

Dia 1º de Janeiro de 2034 Cesar acordou percebendo que a nave desacelerava aos poucos. Correu para a cabine de comando e uma das mais belas visões de sua vida descortinava-se mostrando um planeta azul, como a Terra. Banhado por um límpido sol como de um dia de primavera. Ele voltou correndo para acordar as mulheres.

– Venham ver com seus próprios olhos porque eu ainda não estou acreditando. Elas olharam para a tela e corria lágrimas de seus olhos.

– É verdade? É um planeta igual a Terra?

– Sim! É um planeta, se é exatamente igual a Terra, nós iremos descobrir logo.

– Ok! A nave está desacelerando e irá entrar em órbita então desceremos até lá.

– Eu quero ir também. Falou Maria enxugando as lágrimas.

– Bem, a nave não pode ficar abandonada. Você pode ir, e Lúcia e Alisha, disputarão no palito. Quem perder fica na nave e irá depois em outra viagem. De acordo? Alisha apressou-se em responder. Não precisa, eu fico. Acho que entre eu e Lúcia a que tem mais experiência sou eu mesma. Já pilotei uma nave.

Cesar resolveu que fariam um vôo com o módulo de apoio antes de arriscar-se a descer em terra firme. À medida que a nave penetrava na atmosfera a sensação era de que estavam na Terra e não em outro planeta perdido na imensidão do cosmos. As duas mulheres agarradas em seu pescoço quase o sufocavam de tanta euforia.

– Calma gente! Acho que encontramos. Vejam o oceano como na Terra. Vamos acelerar mais e ver o que há além. Sobrevoavam o planeta e agora viam campos florestas, montanhas e animais pastando, pareciam búfalos, mas ainda estavam muito alto para definir. Cesar resolveu reduzir a velocidade e voar mais baixo.

– Gente, a atmosfera é a mesma. Estamos em casa. Esta será a nossa nova casa.

Não havia, contudo sinal de seres humanos. Não havia construções ou nada que denunciasse a presença de uma população humana.

– Ok! Vamos procurar uma área onde possamos pousar as células de sobrevivência. Liberdade aos nossos animais. Eles acharão aqui o seu habitat natural e nós vamos criar um novo modelo de vida que não tenha nada a ver com o que foi o nosso planeta de origem até agora.

– Vamos descer um pouco. Aquela clareira ali parece um bom lugar.

A nave pousou suavemente e eles desceram pela primeira vez em terra firme desde que aquela aventura começara. O ar puro de um campo aberto era algo que não curtiam há muito tempo mesmo enquanto ainda estavam na Terra. Maria corria de um lado para outro e Lúcia agarrada à cintura de Cesar tinha um ar sonhador.

– Sabe! Parece um sonho. Mas aqui estamos. Vamos mudar logo?

– Claro! Na volta faremos um trajeto diferente, quero observar mais um pouco.

Na manhã seguinte resolveram descer com as células de sobrevivência. Cesar desceria com as duas acopladas até determinada altura e depois desligaria a 181 que ficaria suspensa aguardando. Não havia como descer as duas ao mesmo tempo. Foi uma tarefa longa e complicada. As imensas estruturas exigiam habilidade e concentração para evitar um acidente. Finalmente ao entardecer as células em terra firme tiveram suas escotilhas abertas e os animais saiam livres a descobrir seu novo lar. Cesar ficou pensativo e depois falou.

– Bem! Vamos cuidar para que não volte a acontecer conosco. Vamos evitar todos os males humanos que nós bem os conhecemos. Vamos fazer uma prece por nossos irmãos que foram abandonados à própria sorte.

– Vamos pedir a virgem de Guadalupe que os proteja e que faça com que o planeta Terra consiga de alguma forma voltar a sua órbita original. Eu tenho muita fé na virgem. Falou Maria ajoelhando-se para rezar no que foi acompanhada pelos outros.

– Não deixaremos que aconteça conosco o que criou tanta desigualdade na terra. Lá a vida levou milhares de anos para se desenvolver. Aqui é diferente. Basta que criemos nossos filhos com uma boa orientação para que não volte a acontecer. Decidiram de comum acordo que utilizariam as naves como moradia até estabelecer como seria a vida no novo planeta. Um cão aproximou-se quase sem ser notado e chegou junto a Maria e a cheirava.

– Cesar! Olhe! Um cachorro, aqui tem cães. Nós não tínhamos cães na nave.

– Legal, dê-lhe algo para comer. Você já fez um novo amigo. Caia a noite e a temperatura agradável fazia com que ninguém pensasse em se recolher tão sedo. O céu estrelado e duas luas enormes. Afinal não era assim tão parecido com a Terra. Então um ponto de luz distante se aproximava lentamente.

– Cesar, o que é aquilo? Perguntou Lúcia preocupada.

– Parece uma nave!

Era uma nave, um disco voador? Sim! O estranho objeto pairou a uma determinada altura distante uns 100 metros de onde estavam. As mulheres ficaram nervosas e Cesar lembrou que nem estava armado, mas resolveram aguardar. Uma espécie de escada desenrolou-se ao centro do objeto e todos viram um homem descer lentamente. Era um homem forte, vestido com uma roupa inteiriça colada ao corpo. O estranho sorriu e aproximou-se lentamente com a mão erguida em sinal de paz. Ele chegou diante de Cesar e telepaticamente anunciou.

– Somos de paz, venham em paz.

– Quem são vocês. Pensou Cesar. Ao que o estranho retrucou. Somos seus vizinhos. Estamos monitorando seu movimento a bastante tempo. Nós também abandonamos nosso planeta e buscamos sobrevivência em outro chão. Encontramos este aqui e ajudamos a vocês. Tomamos a liberdade de fazer pequenas alterações em sua rota para que nos encontrássemos aqui. Nós também temos problemas de procriação e talvez possamos cruzar nossas raças. Pois temos a mesma constituição genética. Cesar não acreditava no que estava ouvindo. Esta poderia ser uma solução, mas precisava conhecer melhor os visitantes. Quem eram e de que forma viviam. O estranho percebeu, podia ler os pensamentos. Fez então uma longa narrativa de seus costumes e porque abandonaram seu planeta de origem. Superpopulação. Há muito tempo, grupos de viajantes partiam periodicamente de seu planeta em busca de novos espaços. Cesar lembrou-se da Heart Space Traveler. Que fim teria levado. Então para sua surpresa o estranho falou. Eles não tiveram sorte. Entraram em uma área de atração de um grande buraco negro e de lá nem a luz escapa. Sinto muito.

– Nem sinta tanto. Pensou Cesar. Seja bem vindo. Traga seus companheiros. Combinaram que no dia seguinte ele traria seus parceiros, 3 homens e 4 mulheres, contando-se aí sua própria companheira. Então de comum acordo estabeleceriam regras de sobrevivência. Eram vegetarianos e desta forma não haveria consumo de carne animal. Cesar já havia pensado nisso. Achariam um meio de substituir a carne por vegetais, frutas e cereais.

– Como se chama? Perguntou.

– Pode me chamar de Adam, respondeu o estranho.

Cinco anos depois viviam em perfeita harmonia e começava a nascer uma nova e promissora raça. Com habilidades extras como telepatia herdada de seus progenitores. Uma diferença fundamental no novo planeta. Não havia agressividade entre seres humanos ou animais que agora eram livres e conviviam em perfeita comunhão. Não haveria moeda. Nada teria um valor monetário. Homens livres jamais seriam venais. Não haveria casamentos. Todos seriam livres para decidir por quanto tempo viveriam juntos. Não haveria guerras. Não haveria um exercito e nem fabricação de qualquer tipo de arma ou instrumento que servisse para ferir alguém. Alisha tomou como esposo um Extraterrestre. Extraterrestre? O quem vem a ser isto?

O novo planeta nem se chamava Terra. (Não tinha ainda um nome. Não havia consenso dobre uma pronuncia bilíngüe). Bem, mas como ia dizendo, Alisha teve ao todo 10 filhos. Cesar continuou com Maria e Lúcia, pois não houve um acordo sobre quem deveria abrir mão e já que todos eram livres para decidir, qualquer homem poderia desposar mais de uma mulher, desde que houvesse comum acordo. Maria teve gêmeos duas vezes então somava 9 filhos. Lúcia por sua vez teve apenas dois. Um casal. Complicações pós parto a impediram de continuar procriando. O trabalho de campo continuava sendo feito por 340 robôs. As naves proviam energia de alta qualidade e não exigiam qualquer combustível. As mesmas peças de chumbo garantiam energia sempre renovada. Cesar que não era nada bobo mantinha sob sigilo um romance com uma, (Extraterrestre?) chamada Amor. Pela primeira vez, ( amor hoje não, estou com sono!) fazia sentido. Afinal tanto tempo com 3 mulheres o deixaram mal acostumado. Ops! Ou bem acostumado? Força do hábito.

ΩΩΩ

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 02/04/2010
Código do texto: T2173246
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