Um Conto de Natal

Era véspera de Natal e eu tinha sete anos de idade. Naquele tempo,

eu não acreditava em Papai Noel. Estava certo de que era o meu pai que

colocava os presentes embaixo da grande árvore montada na sala. Aliás, montá-la era a minha tarefa preferida do mês de

dezembro.

Naquele ano eu quis provar, finalmente, que o Papai Noel não

existia e que o meu irmãozinho e as outras crianças eram bobos por

acreditarem nele. Então eu esperei pelo meu pai depois da ceia de Natal. Fiquei beliscando algumas guloseimas para evitar o sono.

Esperei por muito tempo, talvez horas até que ele chegasse com o seu

saco de presentes usando uma fantasia típica de Papai Noel. Eu

entrei dentro da enorme sacola de brinquedos dele, que estava quase vazia, enquanto ele comia os biscoitos que deixou para si mesmo na mesa

de centro junto com o copo de leite o qual minha mãe lembrou de colocar lá.

Sem que eu percebesse, ele pegou a grande sacola, estranhando o peso, mas sem abri-la, e me colocou em um

lugar escuro. Levantei para ver onde estava e, principalmente, para

desmascarar o meu pai, mas não deu certo. Ao invés de falar eu

simplesmente fiquei calado. Coloquei a mão por cima da minha boca

para não gritar. Nós estávamos voando em um trenó mágico, eu, Rudolf e as outras renas voadoras e Papai Noel, não o meu

pai! Nós fomos para o Polo Norte e eu vivi uma grande aventura!

─ E como é o Polo Norte, papai? Existem mesmo duendes? –

perguntou a criança que escutava atenta à história contada por seu

pai.

─ Eu não posso te dizer! É um segredo! Se você for um bom garoto

e merecer, conhecerá todos eles! Agora é hora de dormir, está bem?

Boa noite! – disse o pai beijando a testa do menino.

─ Eu prometo que vou ser bom, pai! Nunca mais eu vou pegar os

brinquedos do João sem perguntar para ele antes!

─ Tenho certeza de que se comportará! – Despediu-se escondendo

um sorriso do menino.

O pai saiu do quarto de seu filho e caminhou até seu próprio

aposento onde sua esposa dormia profundamente. Ele foi até a

janela e olhou para o céu estrelado.

─ Crianças acreditam em todos os contos de fada! São tão

inocentes nessa idade... Queria que ficassem assim para sempre! –

refletiu em voz alta.

Então à sua frente surgiu um garoto "selvagem", bronzeado, com uma roupa feita de plantas e flores e um colar que parecia uma flauta rústica. De alguma forma ele conseguia voar.

─ Posso realizar o seu desejo! – disse risonho mostrando um pequeno e brilhante ser humano em sua mão.