O ARTISTA NOTURNO

Um homem classe média, formado em engenharia, solteiro. Bem-sucedido profissionalmente, abandonou a profissão, sem motivos aparentes que o impedisse de continuar sua prosperidade profissional, para transformar num Artista Noturno. Ocorre o que a aparência não demonstrava o que consumia seu peito vagarosamente. Formou em engenharia por influência dos pais, somado com imaturidade não lhes deixaram liberdade de escolha profissional. Independência profissional foi o que nunca ocorreu durante o exercício da sua profissão. Não era rebelde o bastante para rejeitar os mandos e desmandos nas empresas que trabalhou e a que atualmente trabalha. Como era muito dedicado ao seu trabalho, sempre levava projetos e plantas para casa para terminar ou adiantar seu trabalho para o dia seguinte. Nesta rotina de trabalho ele adentrava noites e noites. Gostava de fazer alguma atividade noturna, quando não tinha nada a fazer mergulha na leitura.

Quando lia um livro concentrava tanto que se transportava para o cenário formado pelo autor.

Era um apaixonado pelas noites. Onde morava era local tranquilo e silencioso. Falava sempre que a noite trazia uma calma inigualável. Admirava roça porque as noites tornava a lua mais intensa, até os ruídos eram filtrados com fim de não irritar os dormem e as pessoas que são da noite.

Depois de um dia cheios de contratempos, sem nenhum trabalho atrasado ou a adiantar, mergulhou na leitura de uma biografia do cantor predileto, já falecido. Adentrou tão forte na leitura que se transmudou no personagem do livro. Sentindo-se o próprio cantor em rodas de amigos, barzinhos, fazendo show e gravando CD.

Gostou tanto da transmudação, daí em diante todas as noites adentrava na biografia do seu cantor, tornando-se rotina noturna. No cotidiano diurno já não racionava coerentemente com suas tarefas, as vezes não conseguia reunir suas ideias para realização do seu mister, ocorria na verdade já não sentia tão interessado na rotina que tinha, pois, gostava mesmo daqueles mergulhos no livro.

Então um colega de profissão muito próximo perguntou-lhe o que estava acontecendo, que seu serviço estava deixando a desejar, pois não estava concatenando as ideias ante os projetos. Reconheceu as críticas que o colega fez, ficou em silêncio sobre o por quê do cansaço, confirmou apenas que realmente precisava de umas férias.

Como já tinhas férias vencidas resolveu solicitar a Gerência de Recursos humanos suas férias, para gozá-las, transformando-as num merecido descanso, e ainda dedicar a sua fantasia noturna com mais afinco. Concedida as férias, começou a dormir de dia e a noite já estava descansado, adentrava ao livro e curtia seu sonho. Em meados das férias foi pego de surpresa pelas ideias em tornar suas peripécias reais. Perguntou para si mesmo: mas como essa mudança iria acontecer na sua vida? não sabia cantar ou tocar quaisquer instrumentos. As ideias foram tomando forma e a cada dia invadia mais espaço na sua cabeça, quando percebeu já estava cansado novamente, nem parecia que estava de férias. Então tomou uma decisão, que primeiro organizaria suas ideias para atingir seu sonho. Primeira providencia foi deixar de ler a biografia que o arrastou para o sonho, em comento. Depois da decisão tomada sentiu forças para conciliar o sonho como o trabalho. Num determinado dia da semana saiu do trabalho cabisbaixo, porque apesar de ser muito organizado, não estava avançando no novo projeto da sua vida, quando viu uma mulher, bem vestida, esguia aparentando uns trinta e cincos anos, muito bonita, sentiu uma alegria misturada com dose de tristeza, aproximando, pediu licença para assenta a mesa com ele, e solicitou ao garçom mesma bebida estava que estava tomando, foi longo se apresentando:

-- meu nome é Gina, e o seu? chamou-me Herculano. Conversas vão e vem.

Herculano pergunta qual era a profissão da sua acompanhante, e descobre que a mulher cheia de prosas, dava aulas de aprendizagem de instrumentos além ser musicista.

Gina percebeu que se ele fosse lapidado com zelo resultaria num ótimo músico, após esta observação convidou ele para comparecer na academia de música que mantinha em sociedade com a irmã, lhe propôs trabalhar sua voz e e dar aula de violão. Aquela noite sentiu que realizaria seu sonho.

Mas Gina tinha um divórcio inconclusivo, com problemas na partilha, o ex-marido não queria o divórcio. Afetado pelos os entraves da partilha o divórcio não chegou ao final, aguardando a sentença do juiz. Mesmo separados de corpos o ex-marido continua ciumento, e estava no bar onde o Herculano e Gina estavam conversando. De repente foi desferido um tiro certeiro atingindo a costa da Gina, ela caiu já sem vida.

Herculano sentiu neste momento uma mistura de sentimentos, raiva, ódio e dor, ficando em pé inerte e sentiu sonho esvaindo no tempo. Voltou para casa decepcionado com a vida. Passados alguns dias já refeito de ter presenciado o homicídio, Herculano não desistiu, continuou preparando seu sonho de forma direcionada que seria trabalhar a voz e aprender tocar violão para transformar no artista noturno sem precisar mergulhar no livro.

Luiz Fabriciano
Enviado por Luiz Fabriciano em 29/02/2020
Reeditado em 07/08/2020
Código do texto: T6877354
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