A Rosa Vermelha

Inspirado na música "Like a Rose in a Grave of Love" da banda Xandria

"Indeed, reality seems far

When a rose is in love with you

Slaves of our hearts, that's what we are

We loved and died where roses grew."

Havia um caminho que cruzava a grama em lugar qualquer dos bosques das arvores curvadas. Bem ao lado deste mesmo caminho seguiam flores de cores distintas, entre elas estava aquela rosa vermelha, tão vermelha... Lá ela observava os dias esquecidos naquele campo verde esmaecido, entre as árvores que eram curvadas e encorpadas. Um dia um rapaz singelo passou por lá e ele chamou a atenção daquela rosa. Ele tinha olhos verdes e profundos como um prado iluminado pelos raios do sol acompanhados de uma expressão bucólica, ela acompanhava os passos dele, e ele aproximou-se dela dizendo “Que linda rosa solitária, eu a levaria comigo! Se não perdesse seu encanto”. A rosa vermelha continuou lá por mais dias.

O sol nascia e contemplava suas pétalas vermelhas, o sol deixava-a e a noite vinha. No escuro ela se entristecia! Mais as estrelas a contemplavam. A rosa contou as estrelas sobre o rapaz de olhos verdes, as estrelas o encontraram para a rosa e ele pensava sobre ela! No alvorecer de certo dia, a rosa na companhia das flores esperava o rapaz retornar, porém, este retornou acompanhado por uma jovem. Eles caminhavam de mãos dadas ao se aproximarem do campo esmaecido! A rosa que apaixonada estava lamentou em silencio enquanto a outra ganhou um tônico beijo nos lábios.

A chuva formou-se no céu sobre eles representando o lamento. Assim, a Rosa contou para a chuva que por aquele rapaz estava interessada, a chuva então respondeu para a rosa “Por que não deixa que te levem? À noite tu se mostras mulher e ganha o coração dele.” A rosa cedeu à ideia impulsivamente e por intermédio de um encanto foi arrancada pelo rapaz que agora a entregava de presente a sua amante. Logo, durante a noite que se seguiu ela não via mais as estrelas. Agora estava dentro de um pequeno vaso branco adornado com desenhos azuis sob uma penteadeira ouvindo palavras escritas em uma carta, adereçada a sua rival.

A carta trazia em seu conteúdo carinhoso inquietações de um coração, tais segredos ardorosos revelados causaram certa ansiedade na rosa vermelha que queria torna-se uma mulher. Enfeitiçar sua fixação! Pois assim ela Caiu em desespero em busca deste, já não podia fazer mais nada e se permitiu então ser o que era! Então a Rival revelou um apreço, afeiçoamento demasiado por ela. Querendo então fazer a rosa viver para sempre, mais logo ela iria murchar e morrer, então a rosa volte-se para a chuva.

Foi ai que então, como se um vento tivesse empurrado o vaso até o chão, ele caiu e quebrou-se, rachando-se e espatifando-se em pedaços ao redor. Deixando a rosa caída em meio os cacos, mais ela transformou-se em uma mulher de cabelos vermelhos e sedosos como as suas pétalas, usando um vestido verde como o talo e os olhos castanhos claros, os lábios vermelhos com o seus cabelos e uma pele pálida e tenra, o pescoço adornado por um colar de espinhos ramificados na pele. Esta ninfa ou fada apareceu aos olhos da Rival que boquiaberta ficou com tal acontecimento, no entanto a rosa era incapaz de dizer uma única palavra.

As duas se entreolharam compreendendo ainda aquilo, a Rival tocou os cabelos da rosa e exaltando a beleza fria a sua frente. Porém aquela estranha afeição não significava muita coisa, a misteriosa moça de cabelos vermelhos caiu em uma notável depressão e não dizia uma única palavra. Os amantes discutiram o destino da recém-chegada e o ar se fazia estranhamente denso. A complicação que se mostrava era a incredulidade do Jovem a respeito da história contada pela própria companheira.

Pois, dizia ela que a rosa que ele lhe dera havia se transformado em uma mulher, como mágica. E que esta não falava nada mais os olhos dela transmitiam-na sensações estranhas! Contudo no coração da Rosa o desejo de conquistar aquele jovem diminuiu ao perceber que não pertencia aquele mundo de seres humanos, que sua origem, natureza e alma eram algo incomparável! Aparentemente se via um triangulo estranho ali.

A natureza ao redor deles se fazia mais bela na companhia da estranha, porém em pouco tempo foi compreendido: Nos olhos dela o rapaz encontrou a resposta. “Tu és mesmo a Rosa que de presente dei!”, estava claro aquilo, pois a ela não se portava como alguém normal, deitava-se na grama e nela ficava. Os dias passaram... A Rosa implorou a chuva novamente para que voltasse a sua verdadeira forma, porém esta não a ouviu, a lua partiu seu coração ao esquecê-la e as outras flores já não reconheciam aquela aparência. Perdendo o Eu, encontrou naquela forma a verdadeira solidão.

Realmente jamais teria amor, aquela paixão era gelada! Suas lágrimas agora a consumiam em um quarto fechado e a companhia do reles casal o qual um dia ela sonhou em ser igual eram indiferentes. Agora seu aconchego era lembrar-se de seus dias como Rosa em corpo e alma. Eles tentaram ensina-la a ser como eram, ensina-la a viver como um deles. Porém ela não reagiu bem a nenhum de seus ensinos. Os olhos fixos nos cacos de seu antigo jarro a fez refletir sobre seu destino se continuasse nele...

E sim... Ela também teria sucumbido à morte se lá ficasse! Talvez um presente de fato ela tivesse recebido ao se apaixonar. Uma vida a qual ela poderia mudar e ser mudada. Mais era um pesadelo dentro de um sonho! . O casal a olhou com piedade e afeição. A Rosa vermelha que se fez humana, linda e inquietante! Porém ainda era uma rosa... Ela definhou lentamente sobre uma cama. Os dois não sabiam o que fazer, ela definhava e um aspecto de pétalas secas a tomava aos poucos. Dessa forma, a magia se esgotou ela voltou a forma derradeira!

Porém como uma rosa morta, a vermelhidão de suas pétalas já não existia mais, seu caule estava com o aspecto desgastado e as pontas de seus espinhos pretas, esta foi colocada dentro de um livro, e os que a encontraram juntos ficaram e não houve um dia o qual não se lembrassem daquele curioso caso. Aprenderam então a enxergar o mundo diferente, sabendo da ligação de cada ponto vivo no céu na terra ou na água! Pois a Rosa vermelha era a prova do improvável e do inexplicável revelada a eles, pessoas simples de uma época escura.

Júlia Trevas
Enviado por Júlia Trevas em 25/09/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6124480
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