CONTO: O PESADELO DE NATAL!

Anos depois em meio ás festividades de fim de ano, o vejo descendo as escadas do shopping, com o Semblante sério, cabelos embranquecidos pelo tempo e com os meus olhos de quando o conheci. Queria muito poder esconder-me, mas meu estagio físico não me permitiria.

Com minha filha em meu colo e os outros does ao meu lado, imaginei que ele não teria coragem de cumprimentar-me, infelizmente não foi o que aconteceu!

Minhas mãos frias e suadas tremiam como em um inverno severo e denso. Está ao lado dele após anos sem dormir, pensando no que teria sido nossa vida juntos , isso se ele tivesse ficado...

Não contive a emoção, como também meu olhar não poderia ser desviado, criei coragem e o respondi.

- Oi Henrique, como vai?

- Oi Clara, quanto tempo, por onde tens andado? Vejo que a família cresceu!

- É verdade, mas andar? o tempo realmente passou para todos nós!

- Desculpa, não tive intensão.

Meus filhos sem entender o enredo, ficavam nos olhando, até eu ouvir um grito:

- Mãeeeee! Quero lanchar, posso? Vem comigo!

Como poderia ir, minhas pernas já não obedecem meu comando faz alguns anos...

- Vão Vocês, não posso subir as escadas e você sabe disso, fico esperando aqui, vão!

E eu ali sentada com minha princesa Lívia no colo, uma vontade de correr ele apenas, ele me olhava como se não reconhecesse aquela cena, a família que poderia ser dele.

-Clara, eu posso te levar até a lanchonete La em cima, você me permite?

- Claro que não! Sou casada, meu marido não iria gostar muito de me ver em seus braços.

- Mas seria apenas uma carona em meu colo, seus filhos não querem lanchar? Não me custaria nada!

-Ei Rapaz qual seu nome?

–Théo!

- Théo?, pega sua irmã, que vou ajudar sua mãe na escada, e não recebo um não de resposta Clara!

E Agora? Se meu marido vê essa cena, ele morre de ciúmes, mas tudo pelos meus filhos ,e eu ali estava nos braços de quem um dia me fez feliz, como também me fez morrer em vida...

Meu coração palpitava como uma escola de samba, como também o dele, percebia o batimento em baixo das minhas costelas, juro que eu nesse momento poderia morrer em seus braços, como eu estava feliz,esqueci de todo o sofrimento e abandono que um dia ele me fez passar...

Meu casamento é solido, não tenho do que reclamar, ele ama os filhos que a vida nos deu, os does mais velhos são meus filhos do coração, o melhor presente que meu marido poderia me dar em vida, á casula Lívia, ela é nossa, veio quadro anos depois quando eu não tinha mais fé de ser Mãe. O problema é que nunca mais amei outro homem como amei o Henrique! Sinto falta da cumplicidade de um casal normal, meu marido ele trabalha demais, eu sei! O que vou fazer? Ser cadeirante é complicado me priva de muita coisa, como um simples lanche com meus filhos na lanchonete no andar de cima.

Esta aqui entre os braços dele me deixam amolecida como eu era em minha juventude, tenho vergonha do meu estado físico ao qual estou aprisionada, será que ele esta apenas com pena de mim,eu pensei, sou uma simples cadeirante, ele nunca mais me desejaria, fui mulher charmosa ,cheia de sonhos e hoje vivo isolada do mundo, como vai desejar uma invalida , a emoção me deixará sem chão, sem vontade de descer dali, eu poderia morrer em paz.

Juro, nunca trairia meu marido, ele me tirou em meio aos destroços que o Henrique me deixou, mas voltei a sonhar, mesmo que por alguns instantes, a esperança me toma!

Nos braços dele esqueci todo o resto do mundo, principalmente quando nossos lábios quase se tocaram.

Os olhos nos olhos e uma vontade de sumir...

- Clara você esta bem?.

Ele perguntara.Sera que apenas eu senti?

- Sim, estou.Respondi

- Você me perdoa? Não poderia ter te deixado, vê você assim tão limitada, e que posso fazer para amenizar teu sofrimento?

-Sofrimento? Esta cadeirante não me torna uma pessoa infeliz, Deus me deu uma família linda! O Théo, foi quem me retirou da escuridão quando não mais queria viver.- O Pedro me inspirou a vontade de ser mãe novamente, e a Lívia, ela minha princesa,é a luz da minha casa, como vou poder dizer que sou infeliz...

-Ele a ama?

-Ele quem? Sim, e muito, falta-lhe apenas tempo para família tem que trabalhar muito,,já que não posso fazer muita coisa.

-E você, o ama?

-Aprendi que o amor, é um estado de espírito e amo minha família.

-Não foi isso que lhe perguntará, você o ama?

-Sou grata por tudo que ele me deu, meus filhos, meu lar, coisa que um dia você me prometeu e preferiu abandonar-me, sem olhar se eu suportaria tamanha dor... Eu estava gravida e nem assim você foi homem.

-E o bebê?

-Ele não aceitou ser abandonado – mas saiba que o amor ele é eterno e único!

- Me perdoe, eu não sabia.Porque você me não me falou?

- Pra que? Você não teria desistido por mim!

- Eu sei Clara,eu tinha o direito de saber, confesso tive medo de você me abandonar quando descobrisse o canalha que eu era, gostava de namorar varias mulheres em uma só vez,mas se eu soubesse eu teria ficado, saiba que eu errei muito como você, mas eu sempre vou te amar! ...

As lágrimas percorreram minha face....

O frio delas , Graças a Deus me fizeram acordar foi apenas um pesadelo de natal, eu acordei!

Ana Cunha
Enviado por Ana Cunha em 16/05/2017
Reeditado em 21/05/2017
Código do texto: T6000898
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