OS PINGUINS VIAJANTES:


OS PINGUINS VIAJANTES:
Era uma família interessante, gostavam de vestirem-se iguais, sempre de fraques, não usavam cartola, achavam incomoda por causa da região constantemente assolada por ventos fortes o que dava muito trabalho a cata das cartolas que a todo o momento era-lhes arrancada da cabeça e lá tinham eles de sair a correr atrás da mesma, o que dava uma canseira enorme além dos muitos tombos por causa do gelo escorregadio daquela região fria e isolada do polo sul do planeta.
Garibaldo, Branca e Magalhães, assim se denominavam aquelas criaturinhas simpáticas, Pai, mãe e filho, sonhadores por natureza, causavam certa inveja e admiração entre seus conterrâneos por serem viajados e contarem historias de terras longiguas onde a maioria jamais ousaria tentar chegar, pois o medo do desconhecido ou quem sabe um sentido de prudência os tolhia e fizesse com que suas viagens não fossem além da Patagônia Argentina ou até o Sul do Chile lugares mais próximos do habita natural em que viviam.
Garibaldo era um Pinguim forte peito estufado, penas bem distribuídas por todo o corpo terminando em suas nadadeiras grandes e resistentes a longas jornadas oceano e mares afora, mais nele o que mais impressionava eram as asas longas e um bico enorme que impunha respeito a quem por ventura se engraçasse com sua família. Branca por sua vez era um Pinguim fêmea muito linda entre a espécie, sua coloração branco e preta destacava-se pelo brilho que imitia após sair do banho nas aguas gélidas da Antártida, foi esse toque de charme que encantou Garibaldo a primeira vista. Magalhães, este nome recebera de seu pai Garibaldo em homenagem ao navegador Português que cruzara o estreito do mesmo nome que liga o oceano Atlântico ao Pacifico.
Magalhães era um Pinguim jovem de boa índole, como todos na sua idade um sonhador e um pouco afoito, precisando muitas vezes do pulso firme do pai e dos conselhos ponderados de sua mãe; mas um bom Pinguim com certeza.
A PRIMEIRA VIAGEM:
Garibaldo já conhecia aqueles mares, pois fora por ali naquelas aguas ainda muito geladas, mas já sem icebergs onde podia descansar de longas jornadas oceano adentro, que ele pela primeira vez se aventurou em mar aberto, foi logo após conhecer Branca; nas primeiras investidas para conseguir um relacionamento com Branca não foi bem sucedido e entrou em depressão, aconselhado por um Pinguim mais velho, que lhe disse que a melhor coisa para curar uma rejeição da fêmea, entre os Pinguins é sair para o mar e nadar até esgotar todas as forças e depois se deixar levar pelas correntes marítimas até onde a visão de terra não alcança mais; o Pinguim malandro e mais velho era também interessado em Branca, por isso o conselho.
Foi assim que Garibaldo ficou conhecendo as Ilhas Malvinas para os Argentinos ou Falklands como as chamam os Ingleses.
Lugar inóspito, com moradores estranhos, todos muito esbranquiçados, emitindo sons incompreensíveis para ele Garibaldo e bastantes assustadores no seu primeiro contato com aqueles seres diferentes de tudo que ele havia conhecido, ele estava acostumado a ver na sua terra, focas e leões marinhos, lobos marinhos, baleias, alguns seres que tinham asa igual a ele, mas conseguiam andar pelos céus a atravessarem nuvens, seres de vários tipos e tamanhos, mas aquilo, aquela espécie era uma novidade surpreendente e de certa forma aterrorizadora.
Mas como acontece com todo ser vivo, a curiosidade sempre é maior do que a prudência, Garibaldo se aproximou dos ilhéus para observar e ali ficou alguns dias sem ser notado e pode aprender muito com suas observações, o principal aprendizado foi perceber que embora na aparência eles fossem todos mais ou menos iguais, nas atitudes não, pois notou e gravou em seu cérebro que entre eles havia uns agressivos e outros tranquilos da mesma maneira que na sua populosa espécie e isto foi muito bom como experiência para suas andanças futura.
Após voltar para casa, Garibaldo, conseguiu conquistar o coração de Branca que admirada com tanta coragem de sair sozinho mundo afora e agora sendo visto como um Pinguim conhecedor de outras realidades resolveu dar-lhe uma chance e aceitou viver junto com Garibaldo, fazendo os dois um lindo par de Pinguins apaixonados.
O NASCIMENTO DE MAGALHÃES:
Foi numa noite de inverno Antártico, a temperatura deveria estar uns 35° célsius abaixo de 0°, que Magalhães veio ao mundo, naquela noite os pinguins para se aquecerem mantinham-se aglomerados entre si, e naquele calor Pinguinitico foi que ele, tão esperado primogênito veio à vida não poderia dizer a luz, pois a escuridão era a mais completa, o frio intenso e o vento cortante que uivava dava uma sensação de fim de mundo, apenas amenizada pelo calor solidário do aglomerado formado por milhares de Pinguins se aquecendo mutuamente.
Magalhães havia nascido forte e saudável, o mesmo bico do Pai sem por nem tirar, com bastante penas o que já era um bom sinal, pois assim poderia sobreviver aquele inverno rigoroso da Antártida sem maiores complicações de saúde. Sua mãe Branca extava feliz, Garibaldo exultante, agora sim poderia ensinar ao seu primeiro descendente tudo que apreendera em sua vida naquelas paragens cheia de vida deslumbrante e também de perigos imensos, faria de Magalhães um Pinguimzão com P maiúsculo, que sabe até um campeão de nado oceânico, aquilo que ele tinha almejado para Si mesmo, mas a vida lhe levara por outros caminhos e hoje como chefe daquele pequeno clã sua s preocupações deveriam ser dirigidas ao primogênito e a sua amada Branca.
VIAGEM EM FAMILIA:
Felizes, diante daquela multidão em alaridos, foi que eles se despediram de toda Pinguinzada reunida naquela praia onde costumavam se dar as grandes manifestações tanto festiva como as reivindicatórias, sim! Pinguim que se preza também reivindica e luta por seus direitos.
Corria a bico pequeno que a família Garibaldo, estava indo para o outro lado do mundo em busca de lugares mais quentes, falavam e comentavam entre eles noticias trazidas do outro lado do oceano que num lugar distante de nome África, mais precisamente perto do Cabo das Tormentas também tinha uma grande população de semelhantes seus vivendo há muitos anos naquele lugar, alguns Pinguins mais bem informados diziam até que era seus antepassados que em viagens oceânicas haviam fundado uma colônia primordial naquele continente gelado, há muitos séculos atrás e ali proliferaram e depois perderam o contato com os originários daquela terra misteriosa e distante.
Foi neste clima festivo e já saudoso que alguns Pinguins machos e fêmeas, não seguraram as lagrimas, alguns já conjecturavam que eles não voltariam jamais outros esperançosos que eles no regresso trouxessem boas novas.
Nos arrecifes perto da praia também havia uma plateia diferente e bem mais reduzida de expectadores, leões marinhos, focas, lobos marinhos e muita ave tanto no céu a acompanhar a partida como nas pedras a apreciar tranquilamente toda movimentação inusitada naquele dia que se fazia especial.
E assim se fez ao mar a família Garibaldo.
O PERCURSO:
No inicio ondas imensas atrapalharam um pouco a grande jornada, mas aos poucos a nadarem mais para o norte aproveitando o vento que fazia com que os três por alguns momentos surfassem sobre as ondas imprimindo mais velocidade a viagem, chegaram a aguas mais calmas e piscosas, pois suas vidas dependiam da alimentação que conseguissem na viagem, para sorte deles aquela região do planeta ainda era rica em peixes livre da poluição e dos dejetos dos seres predadores que cruzavam os oceanos em grandes maquinas de ferro e aço.
Garibaldo estava tranquilo e feliz, fora com aquilo que sempre sonhara uma família linda um mar imenso a sua frente um horizonte infinito a ser explorado junto dos seus amados, o que poderia haver melhor que isso na vida de um Pinguim aventureiro e sonhador.
Em principio Garibaldo, pretendia chegar à ilha que havia descoberto na sua viagem forçada e solitária, mas o vento forte do inicio da jornada e depois as correntes marítimas que ele pela primeira vez enfrentava, levaram-lhes para outras paragens. Como na vida de todos os seres, cordéis do destino nos pregam peças, pois nossa vontade, autonomia, sofre limitações de nossa própria incapacidade de controlar o imponderável, só é nosso mesmo é o livre arbítrio de escolhermos os caminhos sejam eles certos ou errados, a responsabilidade é sempre nossa não podemos nunca transferi-las para terceiros, nem mesmo para as divindades que por ventura creiamos.
TERRA FIRME:
Enfim dias e dias num balançar e deslizar sobre aguas já a esta altura mais quentes e agradáveis, estomago cheio pela pesca farta e substancial não havia nem cansaço, pois as correntes sempre foram a favor, ali naquela longitude desconhecida onde um filete de aguas doce se encontrava com o mar, no principio ou no fim de um Pais que se chamava Brasil, apraiou Garibaldo, Branca e Magalhães; num lugar chamado Chuí na divisa de dois Países hoje amigos no passado nem tanto, deitados na areia para um descanso merecido depois da longa viagem aqueles três seres maravilhosos planejavam novas aventuras a partir dali.
NOVAS HISTÓRIAS DA FAMILA GARIBALDO VIRAM.
Valmir Bittencourt (Valmirolino).
OS PINGUINS VIAJANTES –(2ª parte) -- A DESCOBERTA DO BRASIL:
A praia deserta na foz do arroio Chuí, descortinava um cenário de rara beleza e uma atmosfera de paz inigualável e ali naquele paraíso descoberto, ficaram os três a descansar dois ou três dias sem serem incomodados, apenas Biguás e Gaivotas, alguns Maçaricos sobrevoavam aquela área em busca do alimento farto, bastava um mergulho e lá vinham eles com apetitosas pescadas olhudas nos bicos outras vezes com corvinas, papa-terra, peixe-rei e outros tantos seres aquáticos de inúmeras espécies, a pesca era farta e variada os cardumes de tainha ao subirem a tona no remanso das ondas brilhavam ao sol, mais parecendo lantejoulas a faiscarem num espetáculo deslumbrante naquela natureza prodiga e abundante.
Garibaldo, Branca e Magalhães, entravam na agua apenas para saciar a fome, o resto do tempo passavam ao sol a bicar-se uns ao outro tirando pequenos insetos numa limpeza interminável de suas penas agora castigadas pelo sol inclemente daquela praia quase sem vegetação e exposta aos ventos as chuvas e ao sol causticante, acostumados ao frio Antártico não podiam ficar muito tempo fora d’água de maneira a não pegarem uma insolação que provavelmente os prostrariam doentes.
Depois daquele descanso providencial, resolveram seguir pela costa a explorar quilometro a quilometro todas as possibilidades do novo lugar. Um pouco na agua onde se sentiam mais a vontade e um pouco em terra para o descanso merecido. Depois de longas incursões viajando e nadando em direção ao norte, suas bússolas natural e instintiva sabia que indo sempre naquela direção estavam a descobrir lugares novos, pois sendo aves marinhas embora não voassem tinham o instinto de direção natural dessas criaturas.
O PRIMEIRO GRANDE SUSTO:
Após uma viagem de mais ou menos duzentos quilômetros, avistaram construções e como já estava no ocaso do dia, notaram luzes ao longe, luzes estas que já conheciam, pois em sua jornada entre a Antártida e as praias Brasileiras haviam avistado varias vezes grandes objetos emitindo brilhos que no principio os havia deixado assustados e ao mesmo tempo deslumbrados, pois acreditaram a primeira vista que as luzes que avistavam nos céus do polo sul onde moravam tinham descido ao mar e navegavam por entre ondas assim como eles faziam; só com o tempo é que descobriram que aqueles pontos luminosos eram obras das criaturas esquisitas que Garibaldo havia conhecido na ilha em que apraiara, quando da sua primeira aventura involuntária.
Seguiram mais um pouco e numa duna que tinha alguns arbustos, acomodaram-se para passar a noite, à frente àquela claridade bem maior das que avistavam em alto mar, aguçava a curiosidade dos três, algumas das luzes se moviam outras piscavam, um pouco temerosos, mas ansiosos pelo raiar do dia ali ficaram e adormeceram embalados pelo som que vinha de longe e os deixava ainda mais intrigados, era um som agradável de escutar.
A manhã raiara! um belo dia! O sol surgiu em toda sua majestade a iluminar aquelas extensões de areia e mar, lugar único na costa Brasileira, o Brasil é lindo de norte a sul, com suas peculiaridades, no Rio Grande do sul as praias são na maioria longos trechos sem montanhas a recortar-lhe o litoral, apenas pequenas dunas (Cômoros), a separar o mar das planícies ou áreas de pântanos ou banhados como é denominada pelos gaúchos, fauna rica em aves, repteis, capivaras, tatus, pequenos roedores etc.; também bastantes jacarés do papo amarelo.
Magalhães, um pouco afoito como sempre ia na frente dos pais, queria sempre ser o primeiro a descobrir algo para vir correndo avisar Garibaldo e Branca das suas descobertas.
Ele tinha se feito ao mar para mais rápido chegar no lugar onde na véspera tinham avistado as estranhas luzes, havia se afastado bastante dos Pais que vinham num andar tranquilo pela orla da praia, sem pressa naquele caminhar rebolativo próprio dos da sua espécie.
Foi quando num piar estridente Magalhães, assustado pediu socorro ao Pai e a mãe, que acorreram rapidamente.
Na praia ao longe um barulho ensurdecedor se fazia ouvir, de longe, eram algumas daquelas criaturas esquisitas a subir e descer das dunas com umas maquinas estranhas e barulhentas; Garibaldo já havia visto tais maquinas em seu primeiro contato ainda na ilha oceânica que havia apraiado em tempos atrás e com isso pode tranquilizar, Magalhães e Branca, apenas advertindo-os para não se aproximarem daquelas criaturas e seus perigosos veículos.
Para tranquilidade deles, as criaturas barulhentas não os viram, e eles puderam continuar sua jornada, agora já em mar aberto bem longe da praia.
O VELHO LOBO MARINHO:
Foi ali naquelas enormes pedras dos molhes da barra de Rio Grande, que a família Garibaldo conheceu o velho lobo, criatura simpática com longos bigodes a cair-lhe pelo lado da boca que a toda hora abria a bocejar initerruptamente como se estivesse sempre a ponto de tirar uma gostosa soneca.
Aquelas enormes estruturas de pedras sobre postas uma por sobre as outras era uma construção muito antiga do lugar. Ainda no século dezenove a entrada da lagoa dos Patos que começava ali onde fora fundada a cidade de Rio Grande no extremo sul do Brasil era um lugar perigoso para a navegação, pois o encontro do oceano Atlântico com as aguas interiores da Lagoa denominada dos Patos quando do seu descobrimento pelos primeiros navegadores Portugueses que por estas paragens se aventuraram em suas conquistas e expansões territoriais não oferecia a menor segurança e muitas naus naufragaram por não haver uma entrada segura e bem sinalizada no local. Com o desenvolvimento da região primeiro ponto de colonização do sul do Pais foi necessário uma obra de engenharia para dar segurança aos navegadores. Assim foi construídos os molhes da barra por uma companhia Francesa ainda nos idos de mil oitocentos e sessenta e nove no século dezenove.
Os molhes da barra tinham duas estruturas a proteger a navegação o molhes leste e o molhes oeste adentrando mar adentro com uma extensão de dois quilômetros aproximadamente. No molhe leste os lobos e leões marinhos e muitas aves oceânicas fizeram seu ponto de apoio e descanso entre uma busca do alimento farto e outra, era um ponto de apoio importante para esses seres marinhos que naquela região não encontravam outro lugar mais apropriado para isso, pois aquelas imensidões oceânicas no sul do continente não era bem servida de ilhas ou arrecifes onde os seres marinhos tivessem lugares seguros para ficarem a salvo dos predadores e também procriar.
Foram bons dias naquele lugar aprazível, os locais eram na maioria criaturas cordatas tranquilas suas vida se resumia em longos espreguiçar sobre as pedras, alguns mergulhos em busca do alimento e acasalarem-se quando da necessidade disso.
Mas como havia dito anteriormente, Garibaldo e família fizera amizade com o velho lobo de já avançada idade para um lobo marinho, lobo velho, cheio de historias interessante às vezes não se lembrava de muito bem da ordem cronológica de suas narrativas, mas mesmo assim dava para notar a coerência dos seus causos; quando ele começava a falar, aos poucos iam chegando mais e mais ouvintes, lobos, leões e até as aves que faziam seus pousos para breve descanso sobre as pedras entre um mergulho e outro; lobo Bigode como era conhecido tinha seus ouvintes cativos se politico fora teria com certeza um bom numero de eleitores, mas para o bem deles, criaturas marinhas, não se preocupavam com estes detalhes, só encontrado entre as criaturas esquisitas que infestam o planeta.
Ao largo além das pedras dos molhes havia sempre uma intensa movimentação de embarcações, que o velho lobo explicava aos seus ouvintes atentos.
--Cuidado ali mora o perigo e a morte, dizia ele com seus grunhidos roucos e graves a descrever sobre vários acontecimentos trágicos, quando da aproximação de seus iguais afoitamente curiosos alguns, ao verem quantidades de peixes a se debaterem nas malhas das redes dos seres esquisitos que arrebanhavam milhares de espécies de todos os tamanhos em verdadeira rapinagem marinha sem critério algum.
Em varias ocasiões os afoitos, na maioria lobinhos e leãozinhos marinhos jovens, sem grande experiência é que eram as vitimas destes acontecimentos. Ao se aproximarem das redes imensas que cercavam os cardumes, se viam também envoltos por elas e presos em suas malhas assassinas morriam ou ficavam mutilados, poucos tinham a sorte de escaparem com vida ou com ferimentos leves, isto quando eram apenas acontecimentos acidentais e não como acontecia às vezes de criaturas más propositalmente fazerem dos afoitos seres desprotegidos seus alvos para treino de suas pontarias com armas de onde saiam projeteis e lampejos de fogo a atingir os pobres lobinhos e leõezinhos desprevenidos.
É preciso que se diga a verdade sobre estas criaturas aparentemente tão maléficas, são uns poucos que agem assim, a grande maioria já se conscientizou da preservação da natureza e combatem os seus iguais para que isso pare, tenha um fim e as outras criaturas do mundo possam viver em paz e segurança.
Foram assim aqueles dias nos molhes da barra cheios de novos aprendizados de novas experiências, mas a viagem deveria prosseguir Bigode o lobo velho sábio e amigo que os haviam acolhido generosamente e tantos ensinamentos que dividiu com eles, ficariam em suas lembranças para sempre.
Numa manhã ensolarada com um céu de Almirante partiram para uma nova jornada.
Bigode havia lhes falado de uns lugares encantadores mais ao norte e era para lá que rumariam aproveitando as correntes marítimas e o bom tempo que fazia, e assim partiram em busca de novas aventuras em novos lugares.
O velho Bigode despediu-se dos novos amigos com aquele sentimento do dever cumprido e satisfeito por ter passado a eles toda sua experiência de vida que carregava em sua pele já bastante enrugada pelos anos de vida profícua e útil.
FIM desta 2ª parte outras viram.
(VALMIROLINO).
OS PINGUINS VIAJANTES – 3ª parte – RUMO AO NORTE:
Fazia umas três horas que a família Garibaldo tinha se feito ao mar na nova jornada, quando aquele enorme Cachalote acompanhado de um menor se aproximou, em principio Garibaldo se assustou, pois pensou ser uma Orca assassina, mas para felicidade e segurança sua e de sua família aqueles imensos mamíferos eram de paz e queriam apenas conhecer aquelas criaturas que diante deles eram tão diminutas e em principio pensara que estavam perdidas naquela infinitude oceânica.
Após travarem conhecimento e terem simpatizado uns com os outros resolveram seguir viagem juntos, mãe e filho rumavam para as costas Baianas à procura de pesca farta e tranquilidade, pois Narciso o Cachalote menor, ainda estava em período de amamentação e as aguas na costa da Bahia oferecia as condições propicias para isto.
Maristela a baleia mãe, era zelosa e em suas andanças pelos mares do mundo já havia procriado varias vezes, conhecia os oceanos como ninguém, conhecia com detalhes os sete mares do mundo e seus lugares mais aprazíveis e também os mais perigosos.
Viajavam os cincos novos amigos em mar sereno, às vezes Garibaldo, Branca e Magalhães não conseguiam acompanhar o ritmo de Maristela e Narciso e então pegavam carona em cima do imenso dorso dos amigos gigantes.
E assim passaram aqueles dias maravilhosos e inusitados, pois quando contassem esta aventura na volta a sua terra, muitos não acreditariam, mas Garibaldo era um Pinguim serio e não costumava inventar, era sempre muito contido e só relatava o ocorrido se fosse absoluta verdade e estes princípios de lisura e honestidade sempre procurou passar para seu filho Magalhães, por estes motivos e muitos outros é que Branca cada vez mais admirava e amava aquele Pinguinzão tão ético e generoso.
Enfim Porto Seguro, ali onde começara a historia daquele imenso Pais, naquelas praias emolduradas por coqueiros a balançar suavemente ao toque da brisa quente como numa cadencia do ritmo que um dia tomaria conta de toda a nação, tendo ao fundo o Monte Pascoal primeira referencia daquelas novas terras descobertas pelos navegantes Portugueses que aqui aportaram; foi que aquelas incríveis criaturas marinhas pararam e ficaram a admirar tanta beleza.
Foram dias maravilhosos, além dos já amigos de viajem Maristela e Narciso outros mais se juntaram ao grupo, dezenas de golfinhos, outras baleias menores, também algumas tartarugas centenárias, tubarões martelo, arraias, polvos até lagostas e camarões frequentavam aquelas aguas mornas e convidativas, era uma festa aquática geral.
Mas como em tudo na vida tem que ter um final, as criaturas tem que seguir seu curso, seus mares e estradas são sempre cheios de bifurcações, curvas em algumas vezes, longas e distantes retas, assim foi com eles também.
Maristela e Narciso estavam de partida para o outro lado do oceano, tinham uma missão a cumprir, procurar o Cachalote Pai de Narciso que há anos não aparecia pelas costas Brasileiras e a última noticia que tiveram dele era que se encontrava na costa do continente Africano viajando em direção ao polo Norte junto de outros Cachalotes em missão secreta de grande importância para a preservação do meio ambiente planetário.
E assim se deu a despedida, sem choros, mas com um pouco de tristezas e com a esperança de um dia se reencontrarem, quem sabe na Antártida onde Garibaldo e família poderiam recepcionar os novos amigos com todo o carinho, seriam muito bom mostrar as belezas do habita em que viviam e a historia do seus ancestrais que povoavam aquela região do mundo há tanto tempo.
O REGRESSO:
Os meses em que a família Garibaldo houvera passado nos mares quentes do Brasil tropical haviam sido lindos cheios de aventuras, adquiriram conhecimentos jamais possíveis se tivessem ficado limitados ao continente Antártico, tão inóspito e de certa forma limitado para grandes viagens mais ao sul do polo, a inclemência do tempo não permitia grandes explorações, os riscos eram enormes, os poucos que se aventuraram em tal empreitada não retornaram para contar as historias, por isso à decisão de viajarem para o norte em busca de novas e mais aprazíveis terras.
Muito ainda teria que descobrir ao longo de suas existências, o mundo era incomensuravelmente grande a começar pela América do Sul de tantos Países com suas culturas e costumes diversos cada qual mais rico que o outro com suas particularidades, sua natureza pródiga e variada indo do leste a oeste do continente tanto na costa do oceano Atlântico como do Pacifico, sem contar com a Amazônia tão decantada e com uma fauna única em todo o globo terrestre.
O retorno da família transcorria tranquilo o tempo ajudava poucos dias de chuvas e ventos fortes, no resto do tempo mar calmos e brisa e correntes marítimas a favor, algo que Garibaldo havia apreendido a aproveitar; Maristela havia passado todos seus conhecimentos de navegação oceânica a Garibaldo, que agora tinha se tornado um expert no assunto e tirava vantagem desse conhecimento para tornar a viagem mais rápida e segura.
Tudo estava perfeito, mas o imprevisível parece sempre à espreita.
Foi ali naquela baia cheia de montanhas a contornar toda suas extensões, lugar impar em beleza talvez o mais prodigioso do mundo, onde mar, praias, montanhas formavam um quadro de beleza rara, onde a mãe natureza tinha pincelado com capricho e detalhado cada contorno e recanto numa obra de arte indescritível em palavras, por mais que o narrador se esforce, só a visão de tal deslumbramento pode exprimir na alma dos privilegiados aquilo que os olhos assistem.
Extasiados com tal visão, Garibaldo, Branca e Magalhães não perceberam o navio a frente que naquele momento ao entrar na baia da Guanabara chocou-se com um pesqueiro que saia para a pesca em alto mar. O impacto foi violento o pesqueiro em minutos começou a afundar, enquanto sua tripulação se fazia ao mar tentando sobreviver ao terrível acidente, o enorme navio petroleiro mesmo tendo dimensões bem maiores que o pesqueiro também sofreu avarias mais precisamente nos tanques cheios de óleo da proa da embarcação.
Pegos no meio desta verdadeira catástrofe marítima os três Pinguins não puderam escapar aos efeitos do óleo derramado no mar e envoltos pela onda negra do petróleo ficaram momentaneamente atordoados e só se deram conta do verdadeiro estado calamitoso após conseguirem chegar à praia com os corpos totalmente tomada pelo óleo negro e viscoso.
EPILOGO:
OS ANJOS ECOLÓGICOS:
Tudo ficara escuro, não podiam saber se a noite havia chegado repentinamente ou aquilo era apenas um delírio, ouviam vozes sentiam a movimentação à volta, a dor e o formigamento na pele coberta pelas penas eram intensos, a respiração faltava, mas o mais preocupante, principalmente para Garibaldo era a sensação de impotência não conseguia enxergar Branca nem Magalhães, embora soubesse que estavam próximos a ele, Branca por sua vez ainda vislumbrava um pouco de claridade, mas sentia-se fraca e totalmente desorientada, Magalhães por sua vez fora o mais atingido pela onda de óleo e quedava-se prostrado sem força alguma parecia não ter mais vida; um quadro desesperador.
Os socorristas que acudiram aquela praia eram voluntários que por todas as praias do Brasil mantem equipes preparadas para o resgates dos seres marinhos em caso de catástrofes como a que havia ocorrido ali na baia da Guanabara. Providenciavam os primeiros socorros e encaminhavam os feridos para centros de recuperação de acidentados de desastres ecológicos.
Os primeiros socorros haviam sido concluídos, mas no caso daqueles três Pinguins a única esperança era um tratamento intensivo que só poderia ser administrado no centro de estudos e socorro marinho da Fundação Universidade de Rio Grande (FURG), localizada no extremo sul do Pais, na cidade portuária de Rio Grande que junto ao mais importante museu oceanográfico da América do Sul mantem uma equipe especializada em salvamento de seres aquáticos, marinhos, aves de toda espécie, enfim uma equipe com experiência e respeito internacional reconhecido já a longo tempo.
E ironicamente, foi lá neste ambiente, que nossos viajantes foram parar, próximo ao local onde haviam conhecido e convivido e passado dias maravilhosos na primeira etapa de suas longa jornada, com o Velho Lobo do mar, o Velho Bigode de tantas historias.
Após vários dias de tratamento onde o carinho e dedicação daquela equipe de verdadeiros anjos ecológicos, a recuperação se deu, o tratamento ministrado deu resultados positivos e depois de muito sofrimento e paciência daquela família, de Pinguins aventureiros a esperança voltou a se fazer presente em todos; o caso mais difícil foi de Magalhães, levou mais tempo para ter todas as penas de seu corpo limpas do óleo mortífero que o havia atingido profundamente; mas recuperou-se.
Por fim o dia da partida chegara uma equipe dos anjos ecológicos, levou em uma traineira os três para fora da barra e a algumas milhas da costa os soltaram no mar aberto, pois sabiam eles, os anjos, que aquelas criaturas encontrariam o rumo de casa, pois não era a primeira vez que aqueles verdadeiros samaritanos marinhos agiam daquela maneira com as criaturas acolhidas e tratadas por eles.
Felizes e gratos Garibaldo, Branca e Magalhães tomaram o rumo do sul guiado pelas estrelas mais precisamente pelo cruzeiro do sul que brilhava intensamente indicando o rumo a seguir.
Dias depois ainda de uma longa jornada, atravessando mares bravio a família Garibaldo pode enfim vislumbrar seu habita natural e lá chegando foram recebidos em festas por seus iguais que os aguardavam ansiosamente na expectativa dos relatos daquelas três criaturas agora definitivamente famosas entre toda a Pinguinzada.
FIM.
(Valmirolino).
Em breve – (A família Cachalote em uma missão ecológica) AGUARDEM.


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Enviado por valmirolino em 26/02/2017
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