Eu era um anjo

Uma noite dessas, sonhei com Deus.

Ele me perguntava qual o anjo que eu queria ser.

Deu-me a lista das hierarquias angelicais e do raio de cada um, para escolher entre eles: anjos, arcanjos, querubins, serafins, potestades, do raio da medicina, da justiça, da morte, da vida, da paz, etc.

Pensei e respondi: talvez o anjo que escolho não seja tão valorizado e não sei se tem algum prestígio, mas por ser do raio do amor, talvez mereça algum mérito, ele é o cupido.

E quando eu for cupido, Senhor, não vou fazer as pessoas acreditarem em amor à primeira vista, porém que conheçam um ao outro primeiro, para ver suas qualidades e defeitos, para conviverem o suficiente e terem a certeza de pronunciar: "eu te amo."

Vou fazer com que se respeitem e vejam no outro um templo de amor.

Que não façam o outro sofrer mas que queiram verdadeiramente a felicidade do outro.

A minha flecha vai ser certeira porque antes vou sondar os corações.

Serei amor o tempo todo, desejarei amor à toda humanidade para que todas as pessoas vejam o mundo de maneira diferente.

Aliás, terei duas flechas, uma para os casais enamorados e uma para ativar o amor no coração dos homens, a fim de que a bondade reine neste planeta.

Deus, então, me concedeu asas e as flechas.

Alguns segundos depois, eu acordei com a sensação de que estava no céu. Olhei pela janela e vi uma criança brincando no jardim.

Percebi que é pelo grão que a planta nasce e, sendo assim, devemos começar pelas crianças. É por elas que o amor vai ser plantado na humanidade. E é espelhando-se nelas que podemos repensar nossa vida e melhorar as nossas ações.