NOSTALGIA
Com o dedo dos pés ela traz para perto de si o cigarro e o isqueiro, estava deitada em sua banheira desfrutando dos seus 27 anos. Fumava desde os 12 mas ninguém sabia. Ninguém sabia de nada, nem dos seus 7 casamentos fracassados. Loira, olhos claros e uma simetria perfeita, as proporções áureas parecem ter sido criadas a partir dela.
Fugiu de casa aos 17, seus pais nem notaram, só bebiam e trabalhavam.
Vodka é o caramba, aqui é Itaipava, churrasco com guaravita não é preciso nada caro. De tanto se virar sozinha aprendeu a jogar. “Se sou eu quem conta as cartas já pode vir me pagar”, pôquer é a sua carta da manga pra quando a grana faltar.
Já se vendeu na rua pra se sentir independente, ontem o mundo mandava nela hoje é ela quem manda na gente.
Toda certinha mas a maldade tá no olhar, “se tu não aprender em casa a vida vai te ensinar!”
Quem que é essa mulher? Tá fora de todos os padrões, mas em sua caderneta velha coleciona corações!
Porque? Não sei, antes de tu pisar na bola ela já disse “eu enjoei”
-Olá bom dia, tudo bom?
Já deu, fisgou!