A Academia - Capítulo 30

- Chegamos. - Disse Fantasma olhando nos olhos incandescentes dele, que queimavam em azul ao olhar para a estrela polar.

O exército estava logo atrás deles dois:

- Vamos chamar a atenção de todos. - Disse sorrindo.

Ergueu as mãos para o céu e começou a disparar, um raio atrás do outro.

Os raios caíam certeiros em toda parte da Academia, ferindo o escudo protetor do local, fazendo barulho e estremecendo tudo dentro da redoma de energia.

...

A porta negra se abriu, e o garoto saiu fumaçando de dentro:

- Eu descobri qual é meu poder. - Disse Para Lisa e Cecília ao sair.

Capítulo 30 - Ataque a Academia.

O local inteiro estremecia com o ataque dos raios, a redoma protegia da destruição mas o impacto era imenso, um alarme começou a tocar incessantemente.

Pessoas corriam de um local para o outro, os alunos saíram todos de suas salas e dormitórios, Azul se colocou no pátio e com um grito fez todos se calarem:

- Quero todos os alunos veteranos e formados nas cores comigo, aqueles que tem treino o suficiente em alguma arte, o restante siga Íris para o abrigo. - Dizendo isso a movimentação foi mais intensa, a mestra Íris com as crianças e pré-adolescentes saíram do local para um abrigo subterrâneo.

Raffaiet se colocou a frente para falar:

- Enviaremos os sentinelas para a briga, ficaremos todos nos jardins em formação, estamos sendo atacados. - Disse. - Verde deve ter ido cuidar disso.

Os alunos veteranos e os formados, professores, alunos que estiveram treinando todos se posicionaram nos jardim da Academia, próximo a entrada.

De lá era possível ver o exército negro na outra extremidade do portão, os raios vinham não mais do céu, mas de uma direção.

Beth, Callel, Ferni, Mary e Saturis faziam parte dos alunos que estiveram treinando todo esse tempo, se reuniram com a professora Vermelha, no time que ficava mais para trás.

No meio os alunos formados juntos de Raffaiet, faziam uma formação de ataques a distância.

E a frente próximo a entrada o time de veteranos liderados por Azul e os lacaios de todos os doze reis estavam no limite da redoma:

- Eles tentaram entrar, quando isso acontecer a luta começará. - Disse o líder deles.

Os barulhos não cessavam, os raios eram poderosos demais.

De dentro da academia, Verde saiu com cerca de quinze estátuas, que caminhavam juntos dele:

- Eu vou liderar o primeiro ataque. - Disse imponente.

Juntos saíram da redoma em direção ao exército de Deus.

...

O tremor era intenso no topo da torre da estrela:

- O que está acontecendo? - Perguntou Patri. - Estamos sendo atacados!

Lisa e Cecilia se entreolharam:

- Resta uma porta ainda Patrice! - Disse séria Lisa.

- Eu estou pronto! Eu disse, eu descobri meu poder! - Retrucou o garoto.

Cecilia se colocou a frente:

- Eles podem parar o ataque. - De longe conseguiram ver os sentinelas saindo da Academia.

- A batalha começou! Eu preciso ir! - Disse Patri olhando sério para Lisa. - Eu prometi a Mary, Ferni está lá, Beth, Callel, todos!

- Você concordou em sair da torre apenas quando finalizadas as portas! Todas elas!

Mais um raio atingiu a redoma, que estava rachando a essa altura, a torre estremecia, por dentro e por fora:

- Eu não aguento esperar aqui, eles precisam de ajuda! - Patri fervia por dentro, queria ficar olho a olho com Deus, queria testar seus poderes.

- Você promete Patri. - Disse Cecilia. - Você não pode ser igual a ele!

O grito de Cecilia calou o lugar, porém as emoções estavam a flor da pele.

O garoto fechou o punho, apertando, estava aflito:

- Eu vou. - Disse Lisa. - Eu vou ajudar

Patri abriu a mão desfazendo o punho fechado, ficaram em silêncio um tempo:

- Eu posso pará-lo, talvez eu seja a única. - Disse séria.

- Você não pode, é perigoso. - Disse Patri. - Eu vi do que os raios são capaz.

Lisa deu as costas para eles:

- Vá e finalize a última porta, estarei te esperando lá embaixo. - Disse.

Não retrucaram:

- Pensou que seria fácil brincar com magia criança? - Disse rindo baixinho para si.

Patri deu as costas e entrou na última porta sem pensar.

Cecília viu a mestra vestindo sua capa, seu chapéu, pegando seu cajado:

- Se prepare para a tempestade.

...

Os sentinelas de pedra começaram a correr em direção ao exército negro, eram pesados, maciços e destruiriam uma parcela imensa deles, Verde ia logo atrás, passava um líquido prateado em cada um deles antes de começarem a correr, transformando a pedra em prata, tornando-os dez vezes mais fortes.

Os sentinelas avançaram em silêncio, os passos faziam sons talvez tão altos quanto os raios que cessaram com a imagem do exército de prata avançando:

- Interessante. - Disse Deus. - Homens, ataquem!

O exército negro não temia nenhum guerreiro de pedra, prata ou carne, e avançaram contra o inimigo sem descanso.

Os guerreiros de prata se chocaram com o inimigo rapidamente, do lado de fora da Academia, e destruíam um por um ainda andando, sem diminuir o ritmo, eram implacáveis.

Deus sorriu ao ver o poder de fogo da Academia, esperava por algo a altura:

- Todos os homens vão morrer nesse ritmo. - Disse Espectro vendo os homens sendo esmagados pelos colossos prateados.

Deus riu e olhou para Fantasma, que deu de ombros:

- Entendi. - Disse avançando.

A moça desapareceu, porém os golems eram fortes e destruíam uma parcela imensa do exército negro rapidamente:

- O que ela vai fazer contra eles? - Perguntou Espectro.

- Assiste. - Disse Deus.

Fantasma reapareceu atrás dos golem de prata que massacraram mais de dois terços do exército a essa altura, e tocou um deles nas costas com as palmas da mãos, este esfarelou no ar.

Deus sorriu sincero com aquilo, e a moça repetiu o movimento golem por golem, até não restar nenhum deles:

- Mas ela demorou, perdemos a maior parte do exército. - Comentou Espectro.

- Esse exército não serve de nada. - Disse Deus.

Os homens restantes tremiam com aquele massacre, mas avançaram contra o último remanescente da primeira horda, o mestre Verde.

Que pacientemente avançou sozinho contra os cem homens restantes do exército negro, e assobiou alto.

E de todos os lados de fora da Academia, animais selvagens brotaram, lobos imensos, ursos, cobrar, todos avançando contra os inimigos negros.

O exército negro havia sido dizimado facilmente, quem não estava morto havia fugido, o primeiro turno era da Academia.

Deus riu alto com aquilo e encarou Espectro:

- Sua vez.

Ele sem hesitar correu em direção ao mestre Verde, com suas unhas envenenadas, os animais avançaram contra ele que desviava dos ataques de todos.

Uma alcateia inteira perseguia o Espectro, que tinha como alvo um só, aquele que havia chamado os animais:

- Se eu matar o líder o grupo se dissipa. - Dizendo isso com sua adaga perfurou o coração do maior lobo, assustando os demais.

Um urso imenso avançou contra ele, que pulou por cima e jogou a adaga em sua nuca:

- Vamos ver do que essa redoma é capaz. - Disse ele correndo em direção a Academia.

O mestre Verde acompanhou ele com os olhos, que pulou e adentrou a Academia, a proteção segurava apenas magia.

Verde se virou imediatamente e pegou o invasor ainda na entrada, mas agora do lado de dentro, os alunos se assustaram ao ver que a luta havia chegado lá.

Lutaram de igual, o mestre Verde era calmo e pacífico, seus movimentos refletiam isso, lutava com leveza, desviando dos golpes do Espectro e desferindo outros certeiros, estava cansando o inimigo:

- Você deve lembrar de uma coisa. - Disse Verde. - Nós não lutamos sozinhos.

A mestra Vermelha saiu imensa numa armadura de couro, avançando contra o Espectro, não deixaria ele ali dentro por muito tempo, porém ele não recuou.

Espectro desviava com dificuldade dos ataques dos dois professores, eram fortes, habilidosos e sabiam o que estavam fazendo.

Mas Espectro não tirou sua força de treinos como os adversários, ele era algo a mais, com uma velocidade sobre humana ele derrubou os dois professores ao mesmo tempo, tirou uma adaga e se preparou para atacar.

Foi quando de lá de trás uma flecha surgiu, e com precisão acertou seu ombro direito, fazendo-o ir ao chão:

- Mary! - Gritou Callel. - Isso foi genial.

A garota havia acertado o malfeitor, que urrava de dor.

Vermelho levantou rapidamente, acertando golpes consecutivos na figura sombria caída, estavam com a vantagem novamente.

Espectro recuou rápido, arrancando a flecha do ombro banhando em seu sangue negro entoxicado e atirou a flecha com as mãos com força contra a Vermelho, que ia tomar o golpe certeiro.

E a flecha acertou o alvo, porém, Verde que entrou na frente da companheira que não conseguiria desviar do ataque:

- Não! Por que você fez isso? - Perguntou a mestra para o companheiro de anos, Verde havia sido professor de Vermelho em sua época.

- Não podia deixar você tomar essa flechada...

Um dos veteranos apareceu rapidamente e retirou Verde dali levando-o a ala médica.

Vermelho se recompôs, fitando Espectro, que sangrava no ombro:

- Eu vou te matar. - Disse séria.

Ele sorriu, passando a lâmina da Adaga no próprio sangue:

- Vem.

Ela correu em direção a ele, vários alunos apareceram de repente pra ajudar, a turma que treinava com ela, Callel estava entre eles:

- Não estamos sozinhos! - Gritou Kyra para a professora, Callel sorriu com aquilo.

- Pode vim quantos quiser. - Espectro estava confiante e fez sinal para Deus deixar ele lutando sozinho ali.

Era difícil enxergar o que estava acontecendo, os alunos e Vermelha desferiam golpes no Espectro que com dificuldade desviava de todos eles, tentando acertar os alunos que eram mais frágeis.

Ele pulava de um lado para o outro, era rápido e alguns dos alunos não conseguia vê-lo:

- Kyra. - Disse Callel. - Vamos cada um por um lado.

Kyra consentiu e avançou pela esquerda, saindo do aglomerado.

Callel fez o mesmo pela direita, e pulou para agarrar o Espectro, atingindo-o na perna, Kyra aproveitou o golpe e com os dois bastões ao mesmo tempo acertou a cabeça dele, coberta por seu manto.

Vermelha, com toda sua força física de décadas de treino, num soco único e concentrado finalizou o invasor, dando na cabeça certeiro.

Espectro caiu, totalmente desfalecido, no chão frio da Academia.

Os alunos vibravam:

- Ainda não acabou. - Disse Raffaiet se colocando a frente. - Vejam!

Raffaiet apontou para a redoma de proteção, que ia ficando cada vez mais fraca:

- Logo sucumbirá.

O ataque dos raios tornou a acertar a Academia:

- Não podemos deixar isso acontecer. - Disse Azul. - Atacaremos ele lá fora.

Azul com um gesto de líder, comandou os alunos veteranos e os lacaios do rei, todos para fora da Academia:

- Não daremos tempo dele destruir a redoma, avancem! - Gritou.

Juice, Patreon, Taurus e Solaris avançaram na frente, os alunos veteranos vestidos de branco.

Juice desamarrou seu braço direito:

- Finalmente vou testar o braço. - Disse sorrindo. - Estou guardando energia nele há três anos.

- Libere tudo em um ataque. - Disse Solaris ainda com os olhos vendados.

Patreon manteve a retaguarda, ela inteligente, daria suporte para os companheiros:

- Vocês estão protegidos, um golpe cada um eu garanto que seguro de longe. - Disse ele, seu poder era garantir que o inimigo erraria um golpe em cada, garantindo assim que Juice usasse seu braço direito e que Taurus e sua força física fora do comum pudessem desferir pelo menos um golpe no inimigo.

E assim foi, Juice preparou o soco mais forte que poderia dar, Taurus logo atrás carregava um martelo imenso de aço puro:

- Vai ser o suficiente pra enfraquece-los. - Gritaram.

Correram em direção a Deus, Fantasma permaneceu imóvel:

- Nenhum desses é ele. - Disse Fantasma para Deus, que só sorriu vendo os garotos avançarem.

Juice se aproximou e deu o soco mais potente que poderia, a energia foi liberada todo de uma vez, toda a energia que acumulara a três anos, pensara ele que aquilo poderia se equiparar ao soco de um rei.

Porém, Deus estava em outro nível.

Segurou o soco do garoto, que foi o suficiente só para desloca-lo um pouco do local onde estava parado, jogou o garoto de volta alguns metros e atirou um raio no local onde ele cairia, aleijando-o.

Taurus parou imediatamente ao ver aquilo, estava sem reação:

- Merda. Você disse que iria evitar o golpe deles! - Gritou Solaris para Patreon.

Patreon estava boquiaberto:

- É uma energia fora do comum...

- Taurus, volta! - Gritou Solaris.

Era tarde demais, Deus sumiu e reapareceu, e em um estouro, matou Taurus na frente dos amigos:

- Isso não é brincadeira de criança.

Solaris sem pensar duas vezes tirou as vendas, libertando a energia dos olhos:

- Eu estou há 10 anos guardando essa energia. - Disse. - Dia após dia, sem enxergar, me acostumando a escuridão, você vai sentir do que meus olhos são capaz.

Azul se juntou ao melhor aluno da Academia:

- Juntos podemos fazer algo. - Disse o mestre Azul. - Vamos!

Os olhos de Solaris pulsavam, a energia acumulada havia transformado sua pupila, sua córnea e toda a estrutura do olho, ele era agora capaz de enxergar todo tipo de frequência, todas as cores, isso unido as habilidades de luta, fariam eles terem uma vantagem sobre Deus, eles podiam enxergar tudo.

Solaris ainda correndo em direção a Deus, analisou rapidamente o conjunto de informações que ele podia passar, viu o batimento cardíaco pulsando em seu peito, a contração dos pulmões, as pupilas dilatando, o suor, os cabelos... E na cabeça, ele viu, a coroa de vidro.

- Onde? - Perguntou Azul para Solaris.

- Na cabeça, ele tem uma coroa na cabeça, essa é a fonte de todo poder. - Solaris havia feito o que nenhum rei fora capaz, esse era o resultado de 10 anos acumulando essa energia.

Azul avançou, calculando todas as probabilidades, eles tinham uma chance:

- Recue Solaris. - É comigo agora.

Solaris obedeceu, porém Deus não deixou isso acontecer.

Apareceu próximo do garoto, que foi o único capaz de vê-lo se aproximando:

- Não é um teleporte. - Foram suas palavras antes de ser atingido.

- Hã? Eu errei? - Deus havia errado o alvo, mas como era possível.

Foi quando viu, alguém surgindo em sua frente e chutando seu rosto com violência, Deus foi atirado ao chão.

Raffaiet havia se intrometido na luta, jogando Solaris ao chão para Deus não encostar nele.

Azul bufou e avançou contra Deus:

- Na cabeça Púrpura! - Gritou Azul e Raffaiet consentiu.

- Isso é nostálgico. - Disse Deus.

Raffaiet franziu a testa hesitando por um segundo.

Atacaram ambos Deus que estava no chão, mas este esquivou:

- Se preparem! - Urrou.

Conjurou quatro raios, jogando dois em cada mestre, que desviaram por pouco.

Mais quatro raios, desapareceu, reapareceu e jogou mais quatro raios:

- Não vamos aguentar! - Gritou Raffaiet.

- Seja o que os deuses quiserem... - Disse Azul desviando com muita dificuldade.

- Ele vai nos acertar no próximo. - Era rápido demais, forte demais.

Deus conjurou 16 raios simultâneos e atirou-os juntos na direção de Azul e Púrpura que estavam um do lado do outro, era impossível desviar.

O raio acertou com poder, porém não os dois professores.

Alguém havia entrado no meio

Alguém havia segurado o poderoso e onipotente raio de Deus, pela segunda vez.

A fumaça abaixou, e os professores conseguiram ver.

Saturis estava nua, mostrando todo o aço de seu corpo, de pé com o braço mecânico estendido pra cima:

- Mas... Mas... Nenhum homem deveria ser capaz de segurar esses raios. - Disse Azul.

- Acontece professor... - Disse uma voz vindo de trás, imponente, caminhando entre os alunos, rodou o bastão e avançou para o campo de batalha. - Ela não é um homem.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 15/04/2016
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