A Academia - Capítulo 28

O exército negro era numeroso e mais forte, os homens dos reinos remanescentes não aguentariam a batalha, os reis se colocaram a frente.

Dualidade, Lei, Carangueijo, Reino da Onda e da Cauda.

O Juiz era forte fisicamente, não como Quentaurus, mas de uma forma mais agressiva, era violento, impulsivo.

Avançava contra o exército negro sozinho, usava os punhos para matar, segundo ele isso era justiça.

Peixes, a rainha do Reino da Cauda estava no limite de seu reino, não poderia deixar o exército negro avançar, ela diferente das outras rainhas não utilizava poderes misticos algum, vestiu sua armadura de escamas e com um escudo imenso avançou contra o exército, ajudando o Juiz que ia em frente, os dois se direcionavam a Deus que ao fundo assistia tudo.

O Rei C, do reino Carangueijo de longe flanqueava o exército, sabia que tinham que enfraquecer o máximo que pudessem o inimigo, fariam isso com maestria como tudo que era feito no Reino Carangueijo, com seu chicote de espinhos aniquilava os guerreiros de manto negro, um por um.

Aries e Veláris, Rei do reino Dualidade e a rainha do Reino da Onda auxiliavam os exércitos contra o exército negro, sem avançar em direção a Deus.

O Rei C correu na tangente do campo de batalha o mais rápido que pôde, derrotando poucos inimigos, chegou até a outra extremidade, onde Deus estava em pé assistindo a tudo.

Com o chicote que cresceu imensuravelmente, abriu caminho para o Juiz e e a rainha Peixes, e lançou o chicote prendendo Deus pelas pernas:

- Agora! - Gritou.

Juiz e Peixes juntos desferiram um golpe direcionado a Deus, as coroas brilharam simultaneamente, fazendo os punhos do Juiz brilharem intensamente, Peixes bateu seu escudo imenso no rosto da divindade, que caiu com os golpes simultâneos:

- Mantenham a guarda! - Gritou de longe Veláris, a ranha do reino da Onda que se aproximava com seus cabelos brilhantes e atirou sua lança verde que acendia mais e mais de acordo que se aproximava de Deus.

Quatro dos cinco reis atacaram Deus, que sentiu o golpe.

Os reis e rainhas mantiveram a guarda, preparado para o contra-ataque, que não veio. Ouviram uma risada vinda do Deus deitado no chão:

- Ué, pensei que não iria lutar. - Disse ainda no chão.

Os líderes se entreolharam, sem entender.

Uma névoa tomou conta do local, deixando a visibilidade nula, um suspiro foi a resposta ao Deus arrogante:

- Aaaaah! - Ouviram o Rei C gritar a esquerda, mas não conseguiram ver o que havia acontecido.

- Mantenha a guarda, ele fez algo. - O Juiz pulou para atacar Deus que estava no chão ao dizer isso para a companheira.

Outro grito, Peixes socou o escudo:

- Pode vim, eu to pronta! - Berrava contra o que estava causando a névoa, e a viu.

Fantasma surgiu de repente para ataca-la, mas a rainha era habilidosa e conseguiu escapar, ouviu a adversaria se aproximar mais:

- Merda, não consigo vê-lo. - Disse para si.

- Vê-la. - Corrigiu Fantasma atacando novamente Peixes, que se protegia com o escudo.

Veláris surgiu atrás recuperando sua lança no chão e rapidamente acertando Fantasma pelas costas, mas o golpe não surtiu efeito:

- Merda. - Praguejou a rainha. - Vamos recuar Peixes!

Peixes não aceitava a ideia de virar as costas para o inimigo:

- Faça como bem entender Veláris. - Disse avançando num grito contra Deus. - Se não consigo enxerga-la, atacarei o líder.

Deus estava de pé com o cadáver do Juiz aos pés, mas isso não intimidou Peixes que num pulo acertou seu escudo novamente no rosto da divindade, estavam numa batalha um contra um.

Veláris cercada pela névoa tentava enxergar a adversária que se misturava a névoa, intangível.

Fechou os olhos, contando com outros sentidos, o que fez sua lança brilhar verde mais forte:

- Entendo, seu fragmento está na arma. - Disse Fantasma. - Corajosa.

Avançou contra Veláris que segurou a lança nas costa e atacou, acertando a perna de Fantasma, que recuou assustada:

- Como conseguiu? - Disse surpresa.

- Achei que conhecesse os poderes dos fragmentos. - Veláris rodou a lança na cabeça e atirou contra a inimiga.

Peixes e Deus lutavam mano a mano, o escudo era feroz e acertava-o em diversos pontos, era rápida:

- Muita força física para conseguir manejar um escudo como arma. - Disse realmente surpreso. - Mas será necessário mais.

Deus recuou num pulo, escapando dos ataques de Peixes, levantou as mãos para o céu, a rainha sabia o que aquilo significava, não dando tempo para seu adversário avançou para um golpe mortal, a armadura de escamas acendeu inteira, iluminando a rainha completamente, dissipando a névoa dali, chamando a atenção de todos os exércitos presentes:

- Ela vai atacar com tudo. - Disse Áries que estava mais pra trás auxiliando os exércitos.

Ela bateu o escudo com toda sua força, acertando o tórax de Deus que permaneceu com as mãos para o céu e conjurou um raio que caiu entre eles.

O choque de poder foi imenso, todos foram arremessados dali, toda a poeira, nuvens e pedras saíram do caminho deles, o barulho foi imenso ensurdecendo todos:

- O que houve? - Gritou Veláris.

A poeira abaixou, Deus estava de joelhos, as roupas rasgadas e uma marca no tórax, ele fora atingido pelo escudo.

Peixes estava intacta, havia se protegido do raio com seu escudo, que estava seriamente danificado a essa altura, a rainha levantou e o jogou no chão, encarando seu inimigo ali ajoelhado diante dela:

- Acabou. - Disse a rainha preparando para chuta-lo no rosto, com a armadura brilhando intensamente.

- Peixes! - Gritou Aries de longe.

A rainha olhou para Deus e viu, algo que não esperava ali, escondido entre seus cabelos uma joia começou a brilhar:

- Não é possível... - Disse a rainha.

Ele levantou o rosto para ela, estava sorrindo de uma forma insana:

- Ops. - Disse.

O barulho fez a terra estremecer, os gritos foram abafados, um raio amarelo imenso saiu do chão, e de baixo pra cima pulverizou a rainha Peixes.

Veláris num urro, com os olhos cheio de lágrimas se atirou para cima de Deus, que num piscar de olhos desapareceu:

- Atrás! - Gritou Aries que já corria em direção da batalha.

Deus surgiu, colocando as mãos no ombro da rainha do Reino da Onda, que explodiu de dentro pra fora numa luz amarela.

Aries avançou mas antes de conseguir fazer qualquer coisa uma lança perfurou suas costas, Espectro estava de pé com a lança de Veláris, era veloz:

- Nós... Nós matamos você... - Disse antes de cair de joelhos, tentou agarrar Espectro sem sucesso, desfalecendo.

A batalha havia terminado.

...

Patri lutava contra si mesmo naquele labirinto de trevas e escuridão, frases de sofrimento brotavam na cabeça, sangue, morte, frustração, ele não compreendia o que estava acontecendo, sentiu o desespero de nações inteiras e um líder surgir em meio a loucura dele mesmo, vestindo uma coroa de vidro, que ficava imperceptível na cabeça, apagada.

...

Capítulo 28 - Cardioti.

Os raios caíam como chuva em Nero Cidadela, ninguém compreendia o que aquilo significava, Cardioti havia perdido todos de vista, em volta seus conhecidos caíam mortos um a um, seu irmão mais novo havia sido tomado de seus braços pelos cavaleiros da Ordem de Deus que não estavam mais ali, saíram como se soubessem que essa chuva de raios ocorreria.

Tentava correr para fora da cidade, inutilmente, percebeu um padrão nos raios, era como se eles caíssem nas pessoas realmente, e nos limites de Nero Cidadela, não havia escapatória.

Foi ali, em meio ao caos que ele o viu pela primeira vez.

Vestia preto da cabeça aos pés, sua pele pálida destoava dos demais, estava de braço erguido no meio da cidade, caminhando calmamente:

- Ei, você! - Gritou Cardioti.

A figura parou e olhou para o pobre coitado atirado no chão:

- Hm, consegue me ver? - Disse sorrindo.

Cardioti não entendeu:

- Preciso de ajuda, vou morrer aqui, preciso salvar meu irmão! - Gritou.

A figura analisou-o com os olhos frios, que atingiram Cardioti no coração, sentiu a frieza daquele homem, ele não era comum.

O homem abaixou o braço e os raios cessaram, olhou em volta:

- Todos estão mortos... Sinto uma presença a extremo norte da cidade... E outra já fora, caída... Deve ter desmaiado... Que seja. - Disse. - Vamos embora daqui. - Disse sorrindo para Cardioti.

Não era um sorriso sincero, muito menos transmitia bons sentimentos, era um sorriso perturbador, Cardioti sentiu medo, mas ao mesmo tempo uma atração sem igual pela figura, era claustrofóbico e libertador.

Cardioti se levantou, olhando em volta para cidade em chamas, completamente destruída, lágrimas brotaram dos olhos:

- Lhe darei poder para se vingar, lhe permitirei salvar seu irmão. - A figura passou confiança ao homem que tinha sede de vingança. - Somos iguais.

Não era questão de escolha, o homem de preto sabia o que estava falando:

- Só quero salvar meu irmão. - Disse.

A mão pálida e magra se estendeu para ele, que apertou-a, sentindo um conforto imediato:

- Vamos.

...

Cardioti estava há semanas na companhia do homem de preto, viajavam pelos reinos, ele parecia tentar entender o funcionamento de tudo, Cardioti sem saber o propósito ajudava o novo companheiro:

- Não havia pensado dessa maneira. - Elogiou, aquilo de uma forma estranha era reforçador.

Entraram em Atelavida, Cardioti sentia que seu irmão talvez estaria ali, o homem parecia ter passagem livre ali mesmo que anônimo na multidão e havia prometido ajudar o companheiro a recuperar Louis.

Entraram num templo no extremo norte da cidade e caminharam até um altar, onde uma figura imponente permanecia parada ali, parecia uma mulher:

- Essa é Fantasma. - Disse o homem de preto a Cardioti. - Ela faz parte da nossa jornada.

Cardioti a cumprimentou, mas a moça o tratou com indiferença:

- Venha, vou-lhe mostrar onde ficará. - Disse. - Precisamos nos preparar para recuperar seu irmão.

Cardioti concordou, ficou num aposento grande, com fartura de comida e bebida, mas não exagerou, iria se preparar dia após dia.

E assim foi, o homem de preto auxiliava ele, mas parecia auxiliar muitos outros, era um homem incrível, Cardioti sentia seu poder ao falar, convencer as pessoas, não podia esperar para vê-lo em ação.

Com o passar do tempo, mais e mais, Cardioti se identificava com o homem de preto e sua ideologia, sentia-se pertencente a Atelavida, e uma sede de destruição crescia dentro dele.

Sem perceber, era envenenado pelas palavras do homem de preto, dia após dia:

- Algum tempo já se passou. - Disse o homem de preto para ele, que estava mais forte do que nunca a essa altura. - Vejo sua evolução nitidamente.

Cardioti se curvou para seu mestre, não mais um simples companheiro:

- Vou te presentear. - Disse sorrindo. - Me acompanhe.

Andaram até a masmorra do templo, um lugar escuro e úmido, onde prisioneiros permaneciam, andaram até o fim do corredor, na última cela.

E ali estava, magro, doente, Louis:

- Ele desobedeceu o exército Real, é um desertor dos Cavaleiros da Ordem de Deus. - Disse o homem de preto para ele, que entendeu a situação. - Entende que ele deve ser punido?

Cardioti não sentia mais empatia pelo irmão, só uma mágoa pelo que havia feito, não era possível que ele havia desertado a causa:

- Quero que você faça uma coisa por nós Cardioti. - Disse o homem de preto.

- Qualquer coisa senhor. - Disse. - Qualquer coisa pela causa.

- Mate-o.

Cardioti encarou o homem de preto, aqueles olhos escuros, o olhar fundo e vazio do mestre, não hesitou:

- Cardioti não! Irmãozão sou eu! - Gritava o garoto ao ser assassinado pelas mãos dele.

Ao terminar voltou-se ao homem de preto:

- De hoje em diante não se chamará Cardioti, vestirá meu manto negro. - Disse o homem de preto vendo o homem com o sangue do irmão nas mãos.

"Ele está pronto.":

- Lhe darei poder inimaginável, e você assumirá o manto do Espectro.

Cardioti ajoelhou, vestindo negro para sempre.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 15/04/2016
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