A Academia - Capítulo 24

A explosão pôde ser ouvida por toda a Academia, muitos pensaram ser a volta dos raios, mas sem sinal de luz amarela nem trovão nenhum, logo as coisas se acalmaram novamente.

Lisa e Cecilia correram até a porta vermelha e abriram com violência, preocupadas com Patri.

O garoto estava ali, agachado em meio ao fogo que queimava tudo, mas era barrado por uma proteção, como se uma película de vidro tivesse abraçado o garoto, que estava intacto.

Lisa bateu uma mão na outra violentamente e o fogo se extinguiu, Patri levantou com o colar da mãe nas mãos, brilhando intensamente:

- Mals... - Disse o garoto.

- Eu conheço esse colar. - Disse Cecilia sorrindo.

Patri estava sorrindo:

- Ela me protegeu... Minha mãe me protegeu Cecilia, agora entendo tudo...

Patri entendeu como sairá de Nero Cidadela vivo naquela noite, por que os raios insistiram em não atingi-lo, o colar de sua mãe havia protegido o garoto o tempo todo.

Saíram dali, Patri ainda com o colar em mãos:

- Você sabe o que é isso? - Perguntou Lisa enquanto caminhavam rumo a sala da estrela.

Patri fez sinal negativo com a cabeça:

- Isso é um catalisador.

- Catalisador... - Repetiu Patri.

- Um catalisador é parte de uma estrela, que potencializa os nossos poderes... Esse era o catalisador da sua mãe. - Disse Lisa.

Patri sorria como nunca... Pôde sentir a presença dela ali em meio as chamas e a explosão:

- E eu consegui, por um segundo eu consegui...

- Eu sei. - Respondeu Lisa. - Descansa agora, as próximas duas portas vão necessitar dedicação.

Capítulo 24 - Baile de inverno.

Estavam todos agitados naquela manhã, tudo era colocado em seu devido lugar para o baile que aconteceria a noite.

O céu estava nublado, nuvens brancas densas estavam por todos os lados e os alunos e professores vestiam casacos e cachecóis:

- Então vocês não tem aula hoje? - Perguntou Mary.

- Não, só os preparamentos para o baile. - Disse Beth sorrindo.

Mary havia decidido qual máscara queria, o símbolo de Nero Cidadela, uma raposa vermelha, para homenagear sua antiga cidade, bastava encontrar algo do gênero ali:

- A professora Íris, Bedelia, ela está cuidando das máscaras vá até ela. - Disse Ferni ouvindo a conversa enquanto confeccionava a própria máscara.

Mary caminhou por toda a Academia até encontrar a sala de artes, onde Bedelia estava confeccionando máscaras de todo tipo:

- Tantos pedidos, tantos pedidos. - Dizia Bedelia ao som de uma música suave.

- Com licença. - Pediu Mary entrando.

- Ah, sim! A garota do Reino da Flecha, entre entre. - Disse animada largando a máscara e a agulha.

Bedelia parecia atolada, em meio a livros, máscaras, telas, roupas de todo tipo:

- Aposto que veio pedir uma máscara também. - Disse sorrindo. - Dou prioridade pra sua prometo.

Mary sorriu sem graça, não gostava do tratamento especial, mas aproveitou e disse:

- Eu vim de Nero Cidadela... - Disse Mary.

Bedelia ergueu as sobrancelhas:

- A raposa vermelha do Oeste, que maravilha. - Bedelia conhecia muito dos reinos, assim como Raffaiet.

- Exatamente, eu queria uma máscara que representasse que sou de lá...

- Querida, farei uma máscara que quem quer que seja que olhar para você lembrará de Nero Cidadela! - Disse sorrindo. - Agora vá e me deixe trabalhar, a máscara estará no seu quarto antes do início do baile.

Mary obedeceu e deixou a professora trabalhar.

...

- É nostálgico esse clima... - Disse Cecilia olhando pela janela junto de Lisa.

Viam de longe o alvoroço ao entardecer, os preparativos as pressas, comida, bebida, sabiam que o salão estaria maravilhoso:

- Você sabe que vou dar uma voltinha por lá né! - Sorriu Cecilia.

Lisa deu de ombros:

- Desde que vá de máscara. - Respondeu Lisa olhando o movimento lá de cima.

- Você podia deixar Patri ir... - Cecilia sorria para Lisa.

- Ele não sai do quarto há dias, deixe-o descansar.

Patri estava deitado, olhando para o teto enquanto pensava... Em tudo...

...

O crepúsculo marcava o céu de laranja, a Academia estava vazia, todos estavam em seus respectivos quartos se preparando, as luzes foram acesas, luzes coloridas espalhadas por todo o lugar, o frio seco entrava pela porta principal.

Pouco a pouco as pessoas foram tomando conta do salão principal a base da escada, garçons passavam vestidos de mímicos, servindo a todos.

Mary colocou o vestido azul escuro e viu um pacote em cima da mesa, sorrindo abriu com cuidado e viu uma máscara, a máscara mais linda que já havia visto.

Era de acrílico, as curvas suaves davam a menção de uma raposa e um único risco vermelho marcava o olho direito da máscara, que brilhava como se fosse feita de cristal, definitivamente era a raposa de Nero Cidadela.

Ela amarrou os cabelos vermelhos, que se destacariam naquela máscara, Bedelia havia pensado em tudo, vestiu a máscara e saiu do quarto, tomada pelo clima da festa.

Nos corredores a meia luz as pessoas saíam de seus quartos e se olhavam curiosas sem reconhecer umas as outras.

Mary não conseguiria descrever a sensação ao adentrar o salão principal, o teto estava tomado de luzes como estrelas coloridas, pessoas por toda parte, ninguém estava sem máscara.

Máscaras de todo tipo, um gato de porcelana passou por ela fazendo uma reverência, um galo com penas e tudo rodeava o salão feliz, uma máscara de madeira que remetia uma árvore, os garçons transitavam de mímicos por dentre todos, servindo:

- Estou me sentindo numa fábula... - Disse alguém se aproximando de Mary.

Mary se virou e viu uma pessoa pintada e praticamente irreconhecível, Edwin estava pintado como um arqueiro do Reino da Flecha pronto para o combate:

- Pensei em homenagear nosso reino. - Disse sorrindo.

- Como sabia que era eu? - Perguntou Mary.

- Raposa vermelha de Nero Cidadela... - Disse Edwin. - Foi original, mas uma das poucas que não está irreconhecível.

Mary sorriu, porém Edwin não viu por trás da máscara:

- Estou sorrindo, só pra você saber. - E riram.

Mary conseguiu reconhecer o grupo de Beth, pois Saturis estava com o mesmo manto marrom que cobria o corpo e parte do rosto, e a outra parte usava uma máscara cortada ao meio, ela se aproximou dos colegas:

- Olá! - Disse.

- O vestido ficou lindo! - Gritou Beth, que usava uma máscara de gato com pelo e tudo.

Callel estava de touro, Catherine de coelho e Mary não viu a garota quieta com eles:

- Bom vamos aproveitar então. - Callel servia os amigos com bebidas quentes. - Só isso pra passar o frio.

O vento gélido passava pela porta principal, que aberta dava visão para o jardim escuro, iluminado apenas pelos vagalumes, alguns alunos eventualmente entravam e saíam.

Uma música ambiente tocava enquanto todos iam chegando, Mary se entretinha observando as máscaras.

Um grupo todo vestido de branco entrou, cada um com uma máscara de couro diferente, um corvo, um abutre, um tigre, um lobo, eram assustadores:

- Quem são aqueles? - Perguntou Mary.

- Fácil saber, eles são os alunos veteranos, os melhores de cada cor. - Disse Callel. - Sei por que eles dominam os torneios todos os anos.

Um deles vestia uma máscara que cobria apenas a boca, e uma faixa branca cobrindo os olhos:

- Por que as vestes brancas?

- Simboliza que eles são mestres em todas as cores. - Disse Catherine.

Mary se impressionou.

As luzes se apagaram de repente, e a escada principal foi iluminada:

- Opa, algo vai acontecer. - Alertou Callel para os colegas que se viraram.

Os cinco mestres das cores aparecem no topo da escada.

Azul vestia uma máscara de garça, branca, que destoava de sua roupa azul escura.

Verde vestia uma máscara de madeira, como a de um dos alunos, porém só com um olho aparecendo, usava poucas vestes mesmo no frio.

Vermelha entrou com a máscara de touro, imponente, parecia mais alta que de costume, o touro simbolizava a luta, por isso Callel também usava uma, as vestes vermelhas destacava-se na multidão.

Íris estava com o rosto pintado de diversas cores e formas geométricas diferentes, usava um smoking e sorriu ao ver Mary na multidão.

Raffaiet veio logo atrás, com uma máscara de coruja, a mesma que usavam nas missões do passado, usava a mesma roupa do dia-a-dia:

- Odeio isso. - Comentou Raffaiet pra Bedelia enquanto desciam.

- Formalidades que o Azul insiste em fazer. - Disse. - Deixe passar apenas.

Desceram e se iniciou uma valsa, cada um escolheu um professor como par e começaram a dançar, os alunos abriram uma roda para eles e pouco a pouco iam entrando e participando, até que a maioria estava dançando:

- Nem sabia que haveria uma valsa. - Disse Mary.

Edwin se aproximou da garota e fez uma reverência:

- A senhorita me da a honra de uma dança? - Perguntou.

- Te dou a honra de uma flecha na cara. - Disse irritada.

- Qual é, nunca mais vamos ter uma oportunidade dessa. - Disse rindo fazendo novamente a reverência.

Ela fitou-o por uns segundos e deu de ombros, pegando a mão do garoto e entrando na dança.

Todos aqueles animais, árvores, vestidos e pouca luz, era um ambiente realmente mágico, Mary se sentia destacada da realidade enquanto rodava com Edwin ali no meio.

Dançaram a valsa, depois dançaram uma música mais agitada que descabelou a menina, uma badinha, um rock, um pop e riam a cada música que passava, pouco a pouco mais pessoas entravam na pista de dança e a diversão tomava conta do lugar, Mary dançou com Beth, com Catherine, Callel e voltava a dançar com Edwin:

- Preciso ir ao banheiro. - Falou Mary alto no meio da música.

- Oi? - Perguntou Edwin.

Ela riu:

- Preciso ir ao banheiro! - Gritou.

Ele consentiu.

No caminho do banheiro se serviu de mais uma bebida com os garçons mímicos.

Raffaiet abordou a garota no caminho:

- Olha... Não tem como não reconhece-la. - Disse sorrindo.

- Nem você... Com a mesma roupa de sempre. - Disse rindo.

- O que está achando? - Perguntou.

- Finalmente consigo me distrair... Tudo anda tão complicado, é bom esvaziar a cabeça um pouco. - Disse Mary sincera.

Raffaiet sorriu:

- Você não é a primeira pessoa de Nero Cidadela que eu conheço... - Continuou sorrindo.

Mary franziu a testa, mas a bexiga esperneou dentro da garota, que fez um sinal para Raffaiet e correu até o banheiro.

Fez o xixi mais demorado da vida dela, enquanto pensava no que ele havia falado:

- Ele é bem experiente, deve ter conhecido pessoas de todas as cidades de todos os reinos... - Deu de ombros, lavou as mãos e voltou ao baile.

No caminho de volta ao baile viu alguém se aproximando do grupo dos veteranos, a primeira pessoa desde que eles chegaram e tomaram conta de um grupo de mesas.

Vestia uma roupa de mágico, uma cartola e um casaco vermelho dividido na ponta, luvas brancas e uma máscara de rosto, branca com uma gota preta como uma lágrima em um dos olhos, a boca era triste e pintada de azul e vermelho.

Ele se aproximou do grupo fazendo um reverência e se aproximou de um deles, o menor do grupo, parecia uma garota, que levantou e ficou de frente com ele. Ele estendeu a mão direita para ela, que continuou parada de braços cruzados com sua máscara de flamingo, rosa e de couro como a dos demais do grupo.

O mágico fez um movimento com as mãos e tirou das costas um bastão e entregou para a moça da máscara de flamingo, dizendo alguma coisa que Mary não pôde ouvir por conta da distancia. A flamingo ao ouvir pareceu surpresa e contra vontade deu um aperto de mãos com o mágico que saiu satisfeito.

Mary achou tudo muito estranho, não entendeu nada, mas uma coisa ela entendera, o mágico era corajoso de se aproximar daqueles ali, ela podia dizer quando alguém tinha más intenções, e era tudo que eles tinham ali com ele com sua cartola e sua máscara de palhaço triste.

Acompanhou o mágico com os olhos enquanto ele seguia cumprimentando todos com reverências e reverências, viu ele se aproximando de Raffaiet, o púrpura que pareceu satisfeito ao vê-lo.

Era alguém conhecido de todos, imaginou, deu de ombros e voltou para o grupo:

- Acabei de ver algo esquisito. - Disse Mary se aproximando.

- Eu também! - Gritou Beth. - Os vagalumes não são de verdade!

Todos obviamente voltaram a atenção para os vagalumes falsos que iluminavam o jardim do lado de fora.

Apenas Mary o viu subindo num palanque, o mágico abriu os braços e ficou parado ali até ser visto por todos.

Quando alguém abriu a boca para questionar o que ele estava fazendo ali, ele fechou os braços rapidamente numa palma que ecoou o salão inteiro.

A música parou e todas as luzes se apagaram.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 01/04/2016
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