A Academia - Capítulo 22

A princesa saiu de dentro do castelo e gritos invadiram seus ouvidos, o reino estava sendo destruído pouco a pouco.

Um grupo de soldados com armaduras brancas esperavam o rei do lado de fora, porém foram surpreendidos com a moça, empunhando uma espada fina e um escudo redondo, com a coroa do Rei Leão na cabeça.

Todos se curvaram, ela tirou a espada da bainha e apontou para frente num grito, todos os guardas reais, aproximadamente cem homens, os cem homens mais treinados do reino, avançando contra o inimigo que vestia negro e massacrava o exército e aldeões.

A princesa avançou com os guardas reais e se juntaram ao exército do reino, que lutavam arduamente uma batalha praticamente perdida.

Os guardas de branco com elmo de leão empunhavam lanças e deu uma vantagem notável, conseguindo lutar de igual agora contra o exército negro.

Cerca de 500 homens lutavam ao lado do reino contra quase mil soldados de Atelavida, porém os cem soldados reais valiam por três mil soldados comuns, eram rápidos e suas lanças perfuravam os escudos e armadura dos inimigos, a batalha começou a mudar de rumo.

A própria Princesa Leão deu uma vantagem ao exército do reino do Rei, era veloz e treinada, derrubava os cavaleiros negros como se fossem crianças:

- Esse é o resultado de muito treino. - Comentou um dos guerreiros do exército enquanto via a princesa derrubando dezenas de cavaleiros de Atelavida. - O irmão do Rei Leorio treina a moça desde pequena.

Conforme a princesa e o exército branco avançava, os guerreiros do reino avançavam inspirados num contra ataque que ia virando o cenário pouco a pouco.

A princesa correu, fechou os olhos e colocou a espada de volta a bainha, a joia da coroa brilhou por um segundo, e num movimento rápido tornou a tirar a espada da bainha, esta agora brilhando intensamente, num pulo fincou a espada no chão, no meio dos inimigos.

Um brilho branco e intenso surgiu da estocada derrubando todos os cavaleiros negros em volta dela, que levantou e finalizou um por um, era rápida e poderosa, a diferença era absurda entre ela e qualquer um naquele campo de batalha.

Derrotaram todos os mil soldados que estavam ali na praça do castelo com esforço, mas não tiveram tempo de descansar, tambores podiam ser ouvidos se aproximando, sabiam que haveria mais, quantos mais?

Viram ao longe um borrão preto se aproximando, soldados inimigos, um número muito maior:

- Quantos mais? - A princesa ouviu um guarda real perguntando para o outro.

- Dez vezes mais pelo menos... - Pôde ouvir a preocupação na voz do companheiro.

Liderando o exército de pelo menos dez mil homens, uma figura que parecia muito mais hostil que os demais, vestia um manto de sombras negro, estava encapuzado e de mãos vazias, sem espada, sem escudo, havia demasiado sangue nas mãos, sangue fresco gotejando dentre os dedos do espectro.

Era rápido, em poucos segundos se aproximou numa velocidade que os olhos eram incapaz de acompanhar, começou a matar os guardas um por um num estalo de dedo, com as próprias mãos, a moça sabia que o espectro teria que ser seu rival e avançou sem hesitar.

A princesa leão desferiu um golpe, errando o espectro que esquivou com destreza, dois guardas reais vieram ajudar mas foram interrompidos pela própria princesa:

- Essa é minha batalha, ajudem os outros, estamos em desvantagem numérica! - Gritou a princesa Tessaria para os guardas, que obedeceram sem hesitar.

A joia da coroa brilhou com intensidade quando a moça avançou contra o espectro, transferindo o brilho para a espada fina a moça desferiu outro golpe, errando novamente com sua lâmina, porém acertando com o rastro branco da coroa.

O espectro parou e Tessaria pôde ver um sorriso por debaixo do capuz, o espectro avançou novamente e a princesa viu suas unhas ficando verde num brilho fraco, entendeu que não poderia tomar aquele golpe.

Puxou o escudo na altura do rosto e avançou novamente, defendeu um golpe sentindo o impacto forte atrás do escudo, que soou como um sino e tentou acertar novamente o espectro, era rápido demais.

Tessaria colocou o escudo nas costas e empunhou a espada com as duas mãos, o brilho na coroa foi mais intenso que todos os brilhos já vistos em Terra Nova, seria um golpe de sacrifício.

Lembrou de toda sua vida no reino, os treinamentos incansáveis, sabia que aquele dia chegaria... A guerra chegaria:

- É verdade que na guerra e no amor, mundos se colidem e corações são partidos? - Perguntou a pequena Tessaria para sua mãe, doente na cama do quarto real.

Avançou com todo seu orgulho em jogo:

- Vou te levar comigo! - Gritou a moça raivosa.

Antes de chegar até o espectro, ergueu a espada o mais alto que pôde e desceu com velocidade, o brilho branco foi em todas as direções possíveis, tirando as opções de esquiva do espectro, que tomou o golpe e caiu ferido.

Porém Tessaria ficou exposta, sem defesa e sabia o que a velocidade do espectro faria.

Antes de conseguir ver da onde veio o ataque, sentiu as unhas frias entrando nas suas costelas e foi lançada para longe, mas conseguiu ver... O rosto do espectro...

Ainda caída viu o espectro se aproximando devagar, mancando, resultado de seu golpe certeiro:

- Essa guerra foi ganha antes mesmo de começar. - Disse uma voz, não era masculina, tampouco feminina.

...

Capítulo 22 - Reino da Flecha e Convite.

A notícia era péssima, Mary estava há dias do Reino da Flecha:

- Não há volta... É suicídio. - Disse Raffaiet.

- Não posso simplesmente virar as costas para o lugar que me acolheu... - Disse Mary enchendo os olhos d'água. - É como se todo lugar que me acolhesse acabasse destruído pelos raios...

Raffaiet se calou:

- Não vou te impedir de tomar sua escolha...

Mary correu para encontrar Edwin e a Atiradora de Elite, eles saberiam o que fazer.

Correu por toda a Academia, pensando em Patri, em Nero Cidadela... No Reino da Flecha e todos os amigos que fez lá, em como eles foram acolhedores... Estaria Deus perseguindo e destruindo tudo que a garota amasse? Ela se perguntava isso.

Não foi difícil encontrá-los:

- Edwin... Professora! - Disse Mary, vendo a reação deles.

- Nós sabemos... - Edwin abraçou a garota, pôde sentir o ódio da garota naquele abraço. - Fica calma por favor...

A mestra deles se aproximou e disse paciente:

- Não podemos fazer nada mais... A não ser nos preparar... - Disse colocando a razão acima da emoção, os assassinos do Reino da Flecha eram especialistas nisso.

- Sim, o mais inteligente a se fazer é manter a calma e nos prepararmos para o pior. - Disse Edwin. - Eles virão aqui mais cedo ou mais tarde.

Olhou nos olhos da garota, que chorando tentando conter as emoções:

- Eu vou destruir eles... - Disse abraçando Edwin novamente.

Uma lágrima caiu do olho do garoto:

- Fiquei sabendo que o Reino do Rei foi destruído também, não pouparam o rei, tampouco a princesa... - Edwin tinha informações de seu gavião que chegará há pouco tempo.

- Fico feliz que você esteja aqui então Edwin... - Disse Mary.

Edwin era da linhagem nobre do Reino da Flecha, com certeza era um alvo que eles viriam atrás:

- De qualquer forma os professores vão se preparar para o pior... Afinal aqui é o objetivo de Atelavida desde anos atrás. - Disse a Atiradora de Elite. - Recebemos um convite Mary.

Mary olhou para a mestra, pensativa:

- Convite?

- Sim... Convite de fazer parte da Academia, nos juntar aos professores e os alunos veteranos no exército secreto que eles mantém aqui, vamos lutar essa guerra! - Disse a professora.

Mary só conseguia pensar em Patri e em todos que morreram não só no Reino da Flecha, mas em todas as cidades e reinos que foram e ainda seriam destruídos:

- Eles não avançaram, vão contar com os exércitos dos outros reinos que já se unem nesse exato momento. - Disse Edwin. - Porém quem está aqui irá permanecer aqui, protegendo o lugar.

- O que tem aqui de tão importante? - Perguntou Mary.

- Não disseram, mas o objetivo deles é invadir esse lugar. - A atiradora disse confiante em suas palavras. - Eu e Edwin topamos ajudar, por tudo que a Academia fez a nosso reino no passado, e a nós principalmente.

Mary consentiu:

- Vamos nos preparar.

- Mas não alertemos ninguém, manterão isso em segredo o máximo possível, pra não causar alarde tampouco parar as aulas... É de suma importância manter as aulas, instruir os alunos o máximo até que a guerra chegue em seu ápice, toda informação será necessária para ser usada em batalha... - A mestra sabia usar as palavras.

- Vamos nos juntar a professora Vermelha, para auxiliar os alunos em artes de combate. - Disse Edwin. - Posso inclusive concluir seu treinamento aqui Mary.

Seguiram juntos a sala dos professores, Mary iria se desculpar com Púrpura.

...

Patri ainda ajoelhado era banhado pela chuva que ele mesmo havia feito.

Muitos vieram a seu encontro:

- Obrigado! Você salvou nossa vida! - A senhora abraçava o garoto ainda ajoelhado, que sorria como nunca na vida.

- De nada! - Disse exausto. - Preciso descansar.

Patri viu de longe a porta de ar aparecendo novamente, os aldeões pareceram não notar:

- Você é muito poderoso! Eu nunca vi nada igual em toda minha vida. - Um senhor se aproximou com seus filhos que imitavam os movimentos de Patri como que querendo ser heróis também.

- Ainda estou em treinamento, mas um dia serei sim... - Disse convicto.

- Você seria de suma importância na guerra. - Todos em volta concordaram como se suplicassem.

- Sim, milhares estão morrendo nesse momento, tememos por nossas vidas. - Disse uma moça se aproximando também.

- Guerra? - Perguntou Patri, surpreso.

- Sim... Reino do Rei... Reino da Flecha... Um ataque foi notificado há pouco no Reino da Onda... Pouco a pouco os reinos estão sendo destruídos...

Patri sentiu um arrepio tomando sua espinha, pensou nos raios imediatamente:

- E-e-eu... Eu não sabia de nada disso... - Disse tremendo.

- Nos ajude por favor! - Disseram todos se aproximando.

- E-e-eu preciso ir! - Disse Patri sem saber o que fazer correndo até a porta.

Ouvia os aldeões suplicando ao longe, fechou os olhos e prosseguiu.

Atravessou a porta, estava de volta na torre da estrela:

- Lisa ! - Gritou avançando para o quarto da Magician.

Ela apareceu, confusa por ouvi-lo chamando-a assim:

- O que houve? - Percebeu seu rosto enfurecido.

- Por que não me disse nada sobre a guerra?

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 30/03/2016
Código do texto: T5589228
Classificação de conteúdo: seguro