A Academia - Capítulo 20

...

Felicya sabia que ele viria ver seu filho, e não foi diferente.

O céu estava escuro há horas, os raios podiam ser ouvidos a distância:

- Estou com um mal pressentimento. - Disse ingênuo Logan.

Felicya com Patrice no colo não sabia se adiantava Logan o que estava por vir, mas não precisou.

Aquela figura familiar estava de pé do lado de fora, com seu manto negro:

- Com licença. - Disse educado entrando.

Logan se colocou a frente, entre Klyce e Felicya.

Klyce fitou Logan de uma forma que Felicya nunca tinha visto até o momento:

- E você é? - Disse com desprezo.

- O pai da criança.

Um raio desceu do céu e atingiu a perna de Logan, fazendo a mesma explodir de dentro pra fora, sangue espirrou para todo lado e Logan caiu num berro:

- Eu não pretendia fazer isso... - Disse Klyce se aproximando de Felicya enquanto Logan agoniava no chão.

Patri começou a chorar desesperado, Klyce fez uma careta para o garoto, que riu:

- Ele é lindo, igual a mim. - Disse Klyce sorrindo.

- Você não tem o direito de estar aqui! - Gritou Felicya. - Muito menos de fazer isso!

Ela levantou deixando Patrice no berço rapidamente e foi em direção a Logan para socorre-lo, Klyce ignorou.

Pegou o bebê no colo, sentindo algo que nunca imaginou que sentiria em toda sua vida.

Olhou nos olhos de Patri, enchendo os seus de água:

- Um dia nos encontraremos... - Disse. - Sinto poder em você, sei que vai me procurar.

Gritos tiraram o foco de Klyce que devolveu o garoto ao berço.

Logan estava de pé com uma espada em mãos:

- Pela Ordem de Deus eu exijo que você saia dessa residência! - Vociferou contra Klyce.

Levantou a sobrancelha e disse:

- Um aliado? - Olhou de volta para Felicya, que parecia furiosa. - Ok, justo.

Andou até a porta da residência desviando dos ataques de Logan:

- Prometa que deixará essa família em paz! - Gritou Logan.

Klyce sentiu uma angustia inexplicável ao ouvi-lo falar aquilo:

- Prometido. - Levantou a mão direta ao céu e num estampido de um raio desapareceu.

Naquele dia a tatuagem de Felicya estava completa, e ela entendeu que Klyce deixou uma marca que jamais sairia, essa marca se chama Patrice.

...

Capítulo 20 - A menina e o raio.

Patri havia passado a primeira porta, andava pelos corredores manipulando as plantas ao bel prazer, com esforço:

- Quanto mais você praticar melhor ficará. - Disse Cecilia assistindo o garoto brincando com a nova habilidade.

Fazia uma rosa dentro de um vaso dançar, para esquerda e para direita, Cecilia se divertia com a cena:

- Ei Cecilia, o que você é? - Perguntou enquanto brincava com a rosa a distância.

Cecilia franziu a testa:

- Como assim?

- Bem... Eu não imaginava que esse tipo de coisa existia, estátuas falantes, poderes especiais e você... Você parece diferente do normal.

A moça riu alto.

- Bem observado! Eu não sou de Terra Nova! - Disse feliz.

Patrice não sabia que existia terra além de Terra Nova, todos os reinos que ele havia ouvido falar, os doze e Atelavida faziam parte de Terra Nova:

- Venho de um lugar onde a magia não foi extinta, onde conflitos não existem... Dwarfs, Gigantes, Elfos, Deuses e nós, as Fadas! Todo tipo de criatura reside além de Terra Nova! - Cecilia falava como se ainda estivesse nesse lugar especial.

Patri imaginava tudo que Cecilia falava enquanto fazia crescer mais plantas dentro do vazo, com esforço:

- Fadas... Nunca ouvi falar em nada do gênero. - Sorriu de volta para Cecilia. - Existem humanos nesse lugar?

Cecilia fez sinal negativo com cabeça:

- Há muitos milênios os humanos foram expulsos, foi ai que vocês arranjaram um lugar pra vocês...

- Por que expulsos? - Patri parou de brincar com a rosa e prestou atenção em Cecilia.

Mas foram interrompidos pela Magician que entrou desviando toda atenção para si:

- Parabéns, mas você entende a magnitude desse poder que adquiriu? - Perguntou para Patri.

Ele se Cecilia deram uma última entreolhada, a fada fez menção para conversarem depois:

- Não tinha pensado nisso... - Respondeu Patri.

- Você não acha que vai ficar manipulando rosas e plantinhas né? - Lisa estava séria, totalmente recuperada do último encontro.

Patri pensou um minuto e Lisa conclui o raciocínio:

- Conheci magicians que abriam crateras em vales imensos, outros que faziam a terra tremer a seu bel-prazer, controlavam areia e usavam como escudos! - Disse Lisa andando pela sala da estrela.

Patri estava boquiaberto, brincar com a rosa pareceu bem imbecil naquele momento:

- Mas Patri está progredindo muito bem. - Disse Cecilia sorrindo.

Lisa ignorou e fez menção para Patri segui-la, este foi.

Seguiram até as portas e lisa apontou para a segunda, uma porta azul e de um material diferente, parecia transparente:

- Diferente da primeira, aqui você não vai ter muito tempo. - Disse Lisa. - Eu preciso avisa-lo antecipadamente.

- Avisar o que? - Perguntou Patri.

- Muito magicians num passado distante pararam na primeira porta, já é um grande poder o da manipulação da terra.

- E por que não prosseguir? - Perguntou Patri.

Ela apontou para a porta azul.

- A manipulação da água pode te matar, assim como todas as conseguintes. - Explicou Lisa. - É um risco ter tanto poder, a porta azul irá te jogar num teste de vida ou morte, ou sairá manipulando a água, ou morto.

Patri fitou a porta azul apreensivo.

No mesmo momento perto dali três cavalos se aproximavam da Academia:

- Quais as chances... - Disse Mary.

- Mesmo que fosse de apenas um porcento, não valeria a pena investigar? - Disse o Edwin.

Sorriram e seguiram rumo a estrela polar.

...

- Vamos começar. - Disse imponente.

- Está tudo preparado, todos reunidos... Levou anos. - Disse seu súdito mais fiel.

Ele caminhou no jardim até a porta dos fundos do castelo, subiu as escadas calmamente:

- Temos quantos homens? - Estralou o pescoço.

- Cerca de seiscentos mil homens. - Disse se curvando.

Olhou para o horizonte, pensativo:

- Vamos começar os ataques, todos ao mesmo tempo.

...

Patri consentiu para si mesmo e entrou na porta azul.

Não conseguiu ver como, mas estava dentro d'água.

Se debateu sem entender, olhando de todos os lados, percebeu que não havia nada em volta além de mais água.

A água começou a se movimentar violentamente e uma força puxava Patri para o fundo, percebeu que não conseguiria lutar por muito tempo, se deixou levar.

Fechou os olhos e se concentrou, gastara o tempo necessário na porta verde para entender o conceito.

Prendeu a respiração e abriu os olhos, estava afundando devagar, peixes e algas o cercava, seria aquilo o que chamavam de mar?

Precisava antes entender o que precisava fazer.

Olhou em volta e não viu nada.

Talvez conseguir respirar dentro d'água? Não, não fazia sentido.

Tentou se acalmar, os pulmões pouco a pouco começavam a gritar dentro dele.

Fez a pose de meditação e se concentrou, aos poucos conseguia ver a água envolta dele se mexer milímetros.

Mas o que fazer?

Foi perdendo a capacidade de segurar o fôlego pouco a pouco, em poucos segundos começou a perder a calma.

O tempo foi passando, Patri conseguia agora de forma relevante mover a água em volta de si, mada nada disso estava ajudando.

Poucos minutos haviam passado, Patri soltava o ar pouco a pouco, o coração havia acelerado.

Se concentrou, a água pulsava em volta conforme os batimentos cardíacos aumentava.

Estava perdendo o fôlego, não tinha muito tempo.

Tentou nada de volta para a superfície mas uma força puxava-o para o fundo.

Entrou em desespero, não conseguia pensar numa saída.

Soltou todo o ar.

Olhou em volta.

A água estava agitada em volta.

Pensou nas palavras de Lisa, a maioria dos magicians não entravam nessa porta.

Se debateu, começou a perder a consciência.

"Eu vou morrer."

A água estremecia violentamente agora em volta, Patri não percebia, mas de alguma forma manipulava a água inteira em volta.

Começou a apagar.

"Um dia nos encontraremos... Sinto poder em você" Patri ouviu uma voz masculina, uma voz que nunca havia ouvido, uma voz que lhe deu um último suspiro.

O garoto girou os braços em torno de si fazendo um redemoinho com a água em volta que o atirou para fora do mar, dando um último fôlego.

Conseguiu ver uma porta azul flutuando pouco acima de sua cabeça.

"É isso."

Caiu novamente no mar, e repetiu os movimentos durante horas, até conseguir atingir a altura necessária, e exausto, conseguiu sair da segunda porta.

O trio do Reino da Flecha finalmente havia chegado na Academia, deixaram os cavalos na entrada que foram acompanhados por um senhor simpático até o estábulo:

- Vamos, conheço alguns professores. - Disse Brenia, atiradora de elite do reino da Flecha que estava acompanhando os companheiros.

Não demorou, Raffaiet logo foi de encontro ao grupo:

- Brenia, quantos anos que não te vejo. - Cumprimentou a antiga colega. - O que traz os melhores arqueiros de Terra Nova até a Academia? - Disse sorrindo.

- Um amigo! - Disse Mary juntando as mãos, como se suplicasse.

- Calma calma... - Riu Edwin. - Ficamos sabendo que um ferido foi atendido aqui, alguém que foi atingido pelos raios amarelos.

Puderam ver Raffaiet franzindo a testa mesmo por trás das faixas:

- Complicado, não sei se estou autorizado a falar sobre isso... - Disse.

Brenia tomou a frente:

- Pode confiar em nós, temos informações importantes a vocês também.

Raffaiet consentiu:

- Ela... É uma moça. - Disse Raffaiet.

A expressão de Mary murchou, não era Patri afinal:

- Recebemos uma moça aqui há algum tempo, ela foi responsável por deter que um raio caísse em uma cidade do Reino Mastodon. - Disse sério. - Virou rebuliço e vejo muitos alunos cochicharem sobre isso, queria manter em segredo.

- Qual o nome da garota? - Perguntou Edwin, olhando para Mary na esperança de ver aquela expressão mudar.

- Affilia... Se chama Affilia, chegou aqui em estado gravíssimo... Não imaginei que ninguém fosse capaz de deter um raio daqueles.

O grupo se olhou apreensivo:

- Posso conhece-la? - Perguntou Mary.

Raffaiet consentiu.

...

Longe dali, no extremo Reino do Rei um exército negro invadia as cidades, trazendo destruição.

Eles não traziam consigo seu estandarte de sol, abandonaram qualquer ideologia, marchavam pelo sofrimento, pelo sacrifício.

Ao mesmo tempo na outra extremidade de Terra Nova, o Reino da Flecha também estava sob ataque, dos mesmos cavaleiros, que numerosos causavam horror e angustia por onde passavam.

Deus assistia a tudo, do topo do mundo, aguardando sua vez de entrar em batalha.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 17/03/2016
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