A Academia - Introdução 2/3

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Alguns dias se passaram e as crianças sentiram falta de Cardioti:

- É sempre assim. - Disse Mary enquanto andavam pela cidade. - Sempre que ele vê os relâmpagos e ouve os trovões, fica dias sumido.

Patri deu de ombros:

- São só trovões afinal. - Disse arrogante.

Andavam até o centrinho juntos, todos os dias, onde ouviam histórias e aprendiam técnicas de luta, Cardioti geralmente levava o irmão Louis, mas desde o sumiço repentino do amigo mais velho, Patri e Mary que buscavam o colega:

- Vamos Louis! Estamos atrasados. - A menina gritou no portão velho da casa de Louis.

A cidade era antiga, muitas casas era como a de Louis, portões antigos e imensos. Chamavam de Nero Cidadela, era uma cidade pequena e rural, a maioria deles cresciam sem aprender a ler, cresciam para serem fazendeiros, e os mais fortes seriam usados como armas em guerras:

- A maioria das meninas não quer aprender a lutar. - Mary sabia que a maioria dos meninos viravam soldados e a maioria das meninas fazendeiras. - Mas não eu. Eu quero ser muito mais do que só uma fazendeira!

Patri percebeu determinação nas palavras de Mary:

- Ouvi dizer que nas cidades maiores, as crianças com nossa idade são boas em cálculos e coisas muito mais complexas! - Mary falava olhando para o único ponto luminoso no céu que não o sol, a estrela polar.

- Eu acho bastante complexo aprender lutar. - Disse Louis rindo, finalmente saindo de casa.

- Você demora muito! - Pestanejou Patri.

Louis cumprimentou os amigos e foram em direção ao centrinho.

Chegando lá uma senhora bem idosa estava rodeada de crianças e falava:

- Eu serei hoje a responsável por ensinar vocês, nunca foi um costume da cidade de Nero ensinar as crianças sobre nossa história, mas desde que nosso bondoso Deus nos deu instruções e nos deixou viver, Nero Cidadela ensina nossas crianças sobre o passado e a serem crianças melhores!

Em volta da praça, onde a senhora falava, pessoas faziam seus afazeres diários, aravam a terra, lavavam roupas e todo tipo de coisas, um homem se aproximou e complementou a fala da senhora:

- Fazer parte do exército da luz é uma dádiva também! Aprendam as táticas de combate e todos lembrem-se!

E todos gritaram juntos:

- QUE A JUSTIÇA PREVALEÇA!

A senhora e o homem levaram as crianças para um campo aberto, trinta meninos e apenas Mary de menina, iam ter mais um dia de treino físico:

- Eu odeio isso sabia? - Disse Patri, ainda arrogante.

- Não faço isso por eles, faço por mim. - Mary respondeu a altura.

- Prefiro quando o Cardioti nos leva para o treino, cadê ele afinal...

Cardioti era mais velho e já era treinado nas três artes, Luta, Espadas e Defesa. Nero Cidadela era um dos centenas de condados que treinavam suas crianças para a Ordem de Deus, a instituição religiosa que treinava soldados que prezavam pela defesa acima de tudo.

Passaram pois, mais uma tarde, de muitas, treinando Luta corpo-a-corpo, Mary acabava com todos os garotos facilmente, era ágil e tinha reflexos impecáveis. O treinador gostava de ressaltar de que apenas deixava ela participar pois era uma bela exceção, não era uma "mulherzinha" como ele mesmo fazia questão de enfatizar. Mary devolvia um sorriso amarelo.

Louis tinha uma força física acima da média de idade, era o único que conseguia disputar com Mary, e Patri matava a maior parte das aulas, sabendo apenas o básico do básico:

- O que você pensa em fazer? - Perguntou Mary depois do treino, quando se banhavam na beira do rio. - Você mata os treinos, você não segue nossas tradições!

Patri não respondeu, e a amiga continuou:

- Nós amamos essa cidade e todos nela, sei que você também! Mas você é esquisito demais, só vejo você se expressar com seu pai, eu quero conhecer mais você Patri!

Patri mostrou a língua a amiga e mergulhou, ela franziu a testa e pulou atrás do amigo.

Louis assistiu tudo rindo, e comendo.

Depois do treino e do banho foram sentar na praça, o sol estava caindo e queriam ver a estrela polar novamente:

- Não sei por que toda noite você faz nós irmos até lá Patri. - Louis disse, sem confrontar o amigo.

Andavam numa grama verde alaranjada do sol se pondo, todos na cidade acompanhavam os três com os olhos que retribuíam com sorrisos, sabiam onde os jovens iam todas as noites, era uma cidade unida:

- Eu gosto do céu de Nero Cidadela. - Disse Patri. - Com certeza é o céu mais lindo que tem no mundo.

- Como você sabe? Você nunca viu outro céu sem ser esse céu! - Disse Mary contrariando o amigo de novo.

- Todos os céus são iguais. - Patri sorriu.

Eles riram:

- Eu acho que você ta escondendo algo... Todos gostamos da estrela polar, mas você... Me diz logo! - Mary empurrou o amigo, que só riu e correu até o parque deixando os dois para trás.

Mary e Louis foram atrás de Patri, que corria já olhando para o céu, quando viram de longe Cardioti voltando, tinha um olhar preocupado.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 05/01/2016
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