Já não me basta ser Psiquê

Certo dia, Psiquê se apaixonou por Raimundo,foi apenas num olhar,no píer da praia deserta,localizada na Cidade do Nunca. Eram 17:00 e ele estava saindo do mar quando o olhar feminino lhe atingiu.

Ela costumava estar ali todos os dias no final da tarde,para observar tamanha beleza da mãe natureza.

Neste dia,Eros lhe acertou,com sua flecha inevitável do amor,mas Psiquê nada quis fazer para se aparecer. Foi para casa,pela beira da praia,pra não se atrasar para seu encontro com si mesma,eram todas as noites,ás 19:00,em frente ao espelho da dor.

Na tarde seguinte,lá estava a moça novamente,no píer das 17:00,sem a dor do dia anterior. Logo,se deparou outra vez com o fruto do perigo,Raimundo Olívio,era lindo,uma pausa no tempo,faltavam-se ares nos pulmões femininos.

Psiquê não se aguentou,acenou em direção dos olhos ardentes do moço atraente. Ele a viu e se aproximou,com a educação do Deus interior,se apresentou e lhe ofereceu eternos momentos de amor,disse que, embrulhado num papel com fita,lhe daria o paraíso. Psiquê se negou a negar e no gramado verde paradisíaco,se enraizou,junto à seu bem querer.

Já se passaram alguns dias,e o amor da bela dama só crescia. Raimundo era puro mistério,ao meio dia se calava e ia pra floresta contar os pássaros,voltava às 18:00 pra ter o colo feminino e aconchegante de sua amada. Mas naquele dia já eram 18:15 e nada de Olívio. Psiquê se distraíra com o som dos grilos e caiu em sono profundo. Quando abriu os olhos,estava amarrada,ao pé de uma árvore,localizada em baixo da Lua Cheia. Estava com a boca tapada. No mesmo local tinha uma linda mulher,mergulhada em uma risada eufórica e sádica,era sensual e decidida,queria matar Psiquê,sem que ela nem soubesse o porquê. Antes do ato,chegou seu amado,embutido de asas,deusificado,Raimundo Olívio,dessa vez sem o mistério como figurino.

-Minha amada,linda e admirada,esta aqui é Afrodite,me enlaçou nos teus encantos,e agora estou preso no seus recantos. Vou lhe matar para que com ela eu possa me casar. Tu és muito bela,uma donzela,não sou digno de tanta humanidade. Saberei te admirar por toda minha vida,mas preciso de mais para curar a minha ferida,causada nos meus primeiros anos de idade,pela minha mãe,que negou à mim o amor. Afrodite me completa,é água em meio à dunas desertas,é decidida,lenha para meu fervor. Lhe matarei,mas todas as noites antes de dormir,avistarei em memórias o seu olhar,são eles que me fazem enxergar o porquê de eu ser homem.

Psiquê estava assustada,em meio à lágrimas de melancolia. Desde pequena sua mãe sempre dizia: "Um dia terá que morrer,para outra nascer,e fazer do seu companheiro,o homem que precisa ser.'' Isto sempre afagou a menina,quando o encontrou,jamais pensara em viver estas profecias. Mas chegou o momento,ele procurou a mulher quente que não consente.

Com uma espada afiada,Olívio matou sua amada,um pequeno golpe no peito,pra poder se casar com a Afrodite, mulher que o enfeitiçou .Mas jamais esquecerá dos belos olhos de menina, que o surgiu como homem e amor.

Flávia Borges
Enviado por Flávia Borges em 13/01/2014
Reeditado em 16/03/2016
Código do texto: T4647666
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.