Love Like This: Sede de vingança

Sibéria, casa de Demetrio, 01:30 a.m

‘A tempestade castigava as montanhas geladas, atormentando com seus urros de fúria em raios e trovões cada vez mais altos... Aika via entre um cair de raio e outro o corpo nu de seu amado, todo ferido, todo marcado e ensanguentado, despindo-se de seu egoísmo e preocupando-se com seu estado. As lágrimas corriam de suas orbes azuladas, ela sabia que Demetrio era um paladino que não admitiria que precisasse de cuidados e mesmo sabendo que ele poderia negar o pedido, Aika aproxima-se dele e sussurra com seu jeitinho doce de menina:

- Permita-me cuidar de ti... por favor...

A anja saiu da sala, antes que ele respondesse e correu para o quarto, pegando toalhas brancas e a caixa de medicina que tinha preparado antes de Aislin nascer. Foi até a cozinha, pegou algumas ervas anestésicas, desinfetantes e anti-inflamatórias e macerou bem, jogando um pouco de água limpa criando uma poção que iria aliviar as possíveis dores de Demetrio. Pegou uma jarra com bastante água morna e voltou para a sala, ajoelhou-se diante dele, colocando as coisas em cima da mesa de centro. Fitou seus olhos, estava com o ar apreensivo. Acatou uma toalha pequena, mergulhou na água e passou no rosto do amado, deslizando a toalha por seu peitoral, até chegar em seu abdômen e logo por suas pernas. Repetiu o processo mais algumas vezes deixando-o limpo para que ela pudesse ver seu real estado. Demetrio tinha muitos cortes que sangravam bastante e teriam que ser fechados, mas Aika não poderia utilizar seus dons celestes de cura, já que seu amado continha poderes que sobrepujavam os seus e talvez sua cura simples de anjo não o ajudasse realmente. Então com muito cuidado a jovem pegou a poção, mergulhou outra toalha pequena e passou em cada ferimento do homem para que este não sentisse dor alguma, fazendo a assepsia correta dos locais. Aos poucos ela havia contado mais de vinte cortes não muito fundos, mas que estavam deixando o corpo debilitado a medida que perdia mais e mais sangue...

Reino de Kampfen, Castelo da Noite, 20:45 p.m

Muito ao longe, estava Adrian, o rei dos bárbaros, jantando no seu novo castelo, recém tomado por ele e suas tropas, quando recebeu o mensageiro que lhe trazia uma triste notícia. Seu irmão, o general Gustav, havia perecido na batalha contra o Lord de Frosty, acabando com os planos de Adrian de dominar os sete reinos, possuir o castelo de gelo e tomar sua esposa, Aika, por direito. Como todos sabem quando um rei toma um reino ele tem direito de escolher matar ou ficar com a esposa do rei dominado. E este era o plano do Rei dos Bárbaros, porém Demetrio estava em seu caminho. Adrian socou a mesa enfurecido, derrubando a comida e o vinho do banquete e berrando para que chamassem o mago necromancer que havia dito que eles ganhariam fácil a batalha contra Demetrio... O mago, um homem vil e com fama de ser muito poderoso, era temido pelos exércitos de Adrian e usava magia para ter o que desejava daquele rei bárbaro. Assim que foi solicitado não tardou em ir ao encontro do rei no salão de armas.

- Sim majestade, mandou me chamar? - Disse o mago com voz rouca e um sorriso sarcástico na face enrugada.

- Maldição Kyros!!! Maldição!!! Disseste-me que eles venceriam esta batalha, meu irmão morreu para aquele espectro repulsivo!! Como isso?? Explique-me Kyros, explique-me!!! Você tinha dito que seria fácil, que Demetrio era apenas um espectro de merda e que qualquer um poderia derrotá-lo!!! – Adrian aproximou-se de Kyros e segurou suas vestes o erguendo do chão enquanto pedia explicações.

- Ca-calma senhor! Eu posso explicar, mas primeiro deixe-me no chão para que eu possa falar... – Tentando ser solto pelo bárbaro, Kyros pedia em voz baixa e mansa.

- Seu maldito!! Eu vou cortar a sua cabeça e jogar seu corpo aos porcos!!! – Tentando enforcar Kyros, Adrian gritava desolado pela perda do irmão, até que seus soldados o seguraram e pediram a sua calma, conseguindo com muito custo fazer o rei jogar o mago a um metro de distância.

- Uff... majestade, perdoe-me, mas creio que subestimei aquele verme... Mas o reino será seu, creia majestade, eu lhe ajudarei e juntos vamos dominar os sete reinos e você terá a sua esposa... – Depois da queda o mago começa a falar antes de se levantar por completo, tentando persuadir ao rei para que ele fizesse o que Kyros desejava.

- Eu estou cansado de esperar!!! Quero o reino de Frosty agora!!! AGORA!! Você está me entendendo Kyros!!?? – Urrava feito um animal pronto para dar o bote final em sua presa.

Adrian caminhou até o assento de reis e sentou-se, bufando e esperando que o mago o respondesse. Kyros não demorou muito para conseguir convencer Adrian de que ele seria o rei dos reis, dominando os sete reinos e desposando da mulher tão cobiçada por ele. Isto se tratava de um plano do feiticeiro que precisava de um filho de uma anja com um bárbaro para fazer o sacrifício e trazer de volta seu antigo Mestre do Submundo, o mesmo que Demetrio havia derrotado numa batalha pela conquista de Frosty

Kyros ergueu seus braços e proferiu palavras inaudíveis, trazendo, em um espelho que tinha na lateral do trono real, a imagem falsa de Frosty sendo dominada por Adrian e Aika servindo-lhe como uma esposa dedicada, assim como ela servia a Demetrio.

- Observe majestade... Isto é uma visão do futuro, vossa majestade só precisa de um pouco de paciência e de aliados, aumentar seus exércitos agora seria uma tática muito prudente e deveras importante para a conquista, afinal são sete reinos e todos eles devem ter seus exércitos... Precisas estar forte majestade... – Kyros falava de forma mansa, baixa e rouca, quase hipnotizando o bárbaro que até bocejava distraído com a imagem e encantado com a beleza de Aika.

- Você garante que vou conseguir os meus reinos e a minha anja?? – Disse Adrian, apenas preocupado com o dia em que poderia tocar na pequena filha de Zeus.

- Sim, sim, majestade... Tudo isso será seu, inclusive a sua anja... Mas isto requer tempo e paciência, pois reunir um grande exército não será fácil... – Sorria sordidamente o necromancer que se sentia confiante de conseguir realizar seus planos.

- Então está certo... Amanhã mandarei mensageiros para todos os reinos vizinhos, pedindo aliança e os que se negarem eu os dominarei, e assim que tivermos um exército gigantesco, partimos para Frosty e vamos matar esse maldito!!! Vou comer a esposa dele na sua frente, enquanto minha espada estará em seu peito o prendendo no chão. Quero ver este verme agonizar enquanto gozo dentro da minha anjinha... – Adrian fazia os movimentos com as mãos de como se estivesse visualizando a cena do estupro de Aika e a morte de Demetrio.

Sibéria, casa de Demetrio, 02:00 a.m

Nas montanhas a chuva torrencial não cedia por um instante sequer. A cada trovão um fio gelado passava na espinha da jovem anja a arrepiando toda. Estava frio e Aika batia os dentes, mas segurava firme a tesoura que prendia a agulha cirúrgica contendo fio absorvível, penetrando a pele com delicadeza com a pontinha da agulha, puxando o fio lentamente e pegando o outro lado de pele, unindo com cuidado, repetindo o processo até ter o corte todo fechado. Logo depois a jovem passa o preparado de ervas para limpar bem o local e depois um pano com água limpa para não ter resquícios algum de sangue ou suor. Ao terminar colocava uma gaze e um esparadrapo para deixar o local protegido de bactérias. Em pouco tempo havia costurado todos os cortes de seu corpo, tanto da região do abdômen quanto de suas costas e algumas em suas pernas e ombros. Ao terminar ela passou uma toalha levemente úmida no seu corpo todo, banhando e secando-o. Em seguida a anja levanta do chão, pega seu braço destro com cuidado, passa por cima do ombro dela, encaixa seu braço esquerdo por baixo dos joelhos dele o pegando no colo e erguendo com dificuldade. Demetrio era mais alto que Aika, porém não era tão pesado. Ela o levou para o quarto o repousando sobre a cama. Então caminhou até a cômoda, pegou uma cueca branca limpa e o vestiu, cobrindo-o com o edredon para deixá-lo aquecido. Virou-se e desceu as escadas, indo para a sala, começando a limpeza do local. Recolheu todo o material utilizado e guardou cada coisa em seu lugar, passando um pano umedecido com água e pétalas de rosas no sofá e no chão, limpando o sangue e deixando tudo organizado. Depois disso foi para a cozinha e lá Aika lavou bem as mãos e ajeitou uma bandeja, colocando nesta: Suco de laranja com cenoura, um pedaço de pão caseiro e alguns biscoitinhos que tinha preparado durante a manhã, um potinho com um cacho de uvas e alguns morangos bem suculentos. Tudo para que Demetrio se alimentasse e ficasse forte o mais rápido possível. Assim sendo, ela levou para o quarto e deixou a bandeja sobre o criado mudo do lado da cama, verificando com a palma da mão se o amado tinha febre... Vendo que ele estava com a temperatura normal, Aika saiu do quarto e foi para o banheiro tomar um banho, pois estava com as roupas sujas de sangue. Foi para o recinto, retirou as vestes e entrou na banheira, mergulhando nesta até afundar toda a face, voltando a superfície e soltando todo o ar dos pulmões. Sentia-se aliviada por poder cuidar do amado. Passava o sabonete por todo o corpo, pensando quem será que teria machucado seu senhor daquela forma...

Reino de Kampfen, Castelo da Noite, 20:45 p.m

Enquanto isso na sala das armas do rei bárbaro, o mago malévolo seguia mostrando as imagens no espelho, mas estas não eram forjadas. Agora Kyros estava adentrando à privacidade da casa de Demetrio e mostrando Aika nua, banhando-se, para persuadir ainda mais o rei.

- Veja a beleza desta anja, uma linda jovem, loira e de olhos azuis, carinhosa e pronta para ser só sua... Pense só nas coisas maravilhosas que o senhor terá quando conquistar os sete reinos... Pense nas riquezas e nas noites quentes com esta bela anjinha... – Dizia com o olhar fixado nos de Adrian para enfeitiça-lo com suas palavras suaves.

- Esse reino e está mulher serão meus! Creia Kyros, eu, Rei Adrian, senhor dos bárbaros, filho do lobo, serei dono do Frosty e de seus sete reinos e tomarei a esposa de Demetrio como minha... HAHAHAHAHA – Animado Adrian ria feito uma hiena, levantando-se do trono e caminhando no meio do enorme salão, admirando a riqueza que havia conquistado ali.

- Veja, eu sou dono de tudo isto! E sabe como eu venci esta batalha ? Simples... – O bárbaro retirou de trás de uma estátua uma cabeça ensanguentada de uma mulher.

- Está era a esposa do dono destas terras e ela se viu encantada com as promessas que lhe fiz de tornar-lhe rainha de um dos mais poderosos reis de todos os tempos, eu. Então, a vadia entregou o reino do esposo de mãos beijadas, abrindo os portões no momento em que minhas tropas chegaram... Fácil não??? Hahahahahaha Mulheres são tão estúpidas, acreditam em tudo que um homem diz Hahahahahaha – Gargalhou e atirou a cabeça sobre Kyros que tentou esquivar-se em vão, sendo obrigado a segurar aquele pedaço de morta cheio de vermes.

- O senhor será o maior rei de todos os tempos, majestade, disto não tenho dúvidas. – Dizia o mago, arquitetando seus planos de matar Adrian assim que conseguisse o bebê para o sacrifício.

- E não se esqueça de matar a criança, Eu soube que Demetrio e Aika tiveram uma pequena e esta poderia ser um empencilho para que a anja quisesse ter filhos com o senhor... – Kyros tentava manipular o bárbaro. Aislin poderia ser um problema quando crescesse, já que sendo filha de um espectro com uma anja, poderia desenvolver poderes maiores que os dos pais e tentar tomar Frosty novamente. O mago não poderia deixar nenhum detalhe, por menor que fosse, estragar seus planos.

- Está será a primeira a morrer!!! demetrio perderá sua primogênita e com isso virá atrás de nós para vingar-se. E então eu e minhas tropas o pegaremos!!! Hahahahahaha!!! – Adrian não tinha noção do que estava por vir e realmente tinha convicção de que seria fácil.

- Gerard!! Mande um ou dois de seus espiões para vigiar a casa de Demetrio. Quero saber todos os passos dele e de sua esposa... Toda informação que obtiver de ambos quero que seja reportada diretamente a mim entendeu? A mim e somente a mim!!! – O rei cessava a gargalhada e voltava-se para um de seus generais, dando-lhe ordens.

Sibéria, casa de Demetrio, 03:30 a.m

Aika terminava seu banho, enxugava-se e vestia uma camisola branca, saindo do banheiro e ouvindo o choramingo de sua pequena. Ela correu para os aposentos e Aisllin fazia um beicinho todo manhoso, esperando a mão vir socorrer-lhe do perigo de estar molhada e faminta. A mãe sorriu para sua bebê, pegando-a em seu colo e fazendo um mimo com beijinhos em sua face, colocando esta sobre o sofá ao lado e trocando suas fraldas prontamente. A doce Aislin sentia a presença do pai na casa e o alívio de ter a mãe por perto. Seu choro cessava, estava sequinha, faminta, porém mais tranquila de estar no colo da mãe. Logo Aika foi para o quarto de Demetrio, com a pequena nos braços. Napoleão acordou com o choro da menina, veio atrás da loira e deitou-se perto da porta, como se estivesse protegendo de alguma coisa que não tinha ideia do que poderia ser. A jovem mãe subiu na cama com a menina em seu braço direito, sentou-se aconchegadamente e colocou algumas almofadas atrás de si para poder repousar e assim amamentar sua amada confortavelmente. Retirou um seio da camisola e pós perto dos lábios pequenos de Aislin que rapidamente reconheceu o bico do seio, mordiscando e sugando para alimentar-se. Aika suspirou fundo, sentindo-se aliviada por estar com filha e amado perto de si, levando a mão esquerda para alisar delicadamente os cabelos de Demetrio, enquanto com a direita segurava firme a Aislin. Aos poucos um sono leve foi dominando a anja que cerrou os olhos e dormiu com a filha que acabou de mamar e adormeceu lindamente.’

Fabiana Alves Chaves Ferreira
Enviado por Fabiana Alves Chaves Ferreira em 26/02/2013
Reeditado em 02/03/2013
Código do texto: T4161596
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