Love Like This: A tempestade

Já devia passar da meia noite, a chuva estava intensa lá fora e Aika permanecia admirando sua filha. Estava enamorada daquela que lhe dava tanta alegria. Hoje Aika não tinha muito sono, talvez passasse a noite velando sua pequena Aislin dormir. Ficava boba em ver como ela era perfeita, bracinhos, dedinhos, perninhas, olhinhos. Tão parecida com Demetrio em tudo. A anja sentia-se orgulhosa de sua bebê. Estava feliz e emocionada, apesar de não ter mais seu amado... Aquele que deu a ela este presente divino. Enquanto observava o sono tranquilo de Aislin, Aika relembrou cada momento que teve com seu senhor, como se estivesse num transe mental do qual a fazia voltar no tempo revivendo cada segundo ao lado do homem que a fez conhecer o verdadeiro amor... De repente ela ouve um barulho no andar inferior da casa. Era tarde e ninguém mais além de Demetrio poderia entrar sem abrir a porta. – Será que ele está bem? - Disse baixinho. O caos se instaurou rapidamente em seus pensamentos, seu corpo todo estremeceu. Aika pensou que talvez ele fosse querer que ela saísse da casa assim que a visse... Mas a esta hora e com tamanha chuva seria muito ruim para a criança. As lágrimas escorreram de seus olhos sem que ela quisesse, mas logo a jovem secou estas e decidiu descer para conversar com o senhor para pedir-lhe que desse pouso a ela e a filha ao menos por esta noite, prometendo que sairia de sua casa assim que amanhecesse. Os pensamentos de Aika voavam longe, fazendo inúmeros planejamentos, todos baseados na separação do casal. Ela tinha em mente apenas a última frase que leu no bilhete deixado por Demetrio pouco antes dele a partir... Estava apreensiva, tinha medo do que poderia acontecer, pensava apenas na criança. Aika era um anjo e poderia passar a noite na chuva, mas a bebê era frágil e poderia vir a pegar uma gripe forte e não sobreviver. O coração de uma mãe angustiada faz uma tempestade apenas com o intuito de salvar sua cria. Respirou fundo e colocou em sua mente que bastava ela conversar para ele assentir com sua permanência por esta noite e então ela teria tempo para mandar uma mensagem para a irmã pedindo ajuda para comprar uma casa próxima a dele para que assim Aislin sempre ficasse perto do pai. Sabia que Demetrio era justo e não iria deixar uma mãe com sua filha pequena sair na chuva. Depois de alguns minutos refletindo de como pediria a ele abrigo, ela ergueu-se do banco onde estava sentada e saiu silenciosamente do quarto da menina. Trajava apenas um vestido branco rendados na altura dos joelhos e uma sandalinha de dedos delicada e com borboletinhas adornando suas fivelas. Os cabelos estavam soltos e bem penteados e ela não usava nenhuma maquiagem. Após ter tido a menina seu corpo voltou ao normal, estando esta com a beleza natural de ninfa de antes. Caminhou em passos lentos até a escada que dava para o andar debaixo, descendo lentamente, para que a madeira não rangesse e acordasse a bebê. A cada degrau ela ia sentindo a pulsação acelerar, seus batimentos cardíacos, pensando em sua reação ao vê-lo... – Tantos meses se passaram... como sinto sua falta... – Sussurrou para si, descendo mais um degrau e parando para tomar fôlego.

A tempestade caia violenta do lado de fora, parecendo o dia em que Aislin nasceu... Seus dentes batiam os de cima com os debaixo, mostrando a tremedeira de seu corpo aumentando a cada segundo. Mais um degrau foi tomado por seus pés que deslizavam delicadamente pela madeira, aproximando a jovem cada vez mais do homem da sua vida... Aika não entendia como podia sentir tantas coisas ao mesmo tempo, pensou que fosse desmaiar ao vê-lo. Mas não poderia, não naquele momento, então reuniu forças e suspirou mais uma vez, tomando todo oxigênio que conseguia para os pulmões, soltando-o lentamente, fazendo um biquinho quando o ar era expelido por seus lábios rosados. A casa estava totalmente escura e os raios iluminavam os degraus pouco a pouco. A cada passo um emaranhado de pensamentos povoava sua cabeça, o amor que sentia por Demetrio, a filha, o que faria se ele a expulsasse ainda hoje. As lágrimas queriam escorrer mais uma vez de suas orbes azuladas, mas ela segurou com toda sua força. Mais um degrau e enfim chegou no andar térreo. Parou ao pé da escada e tomou mais um pouco de ar. Os trovões urravam sua fúria. Aika caminhou cuidadosamente até o meio da sala, fez uma breve reverência em sinal de respeito e cumprimentou o homem que estava caido sobre o sofá.

- Olá senhor...

A grega criada na coreia, agia como uma diplomata, segurando suas emoções que queriam explodir como um vulcão dentro de si. Apesar da escuridão ela via-o tão belo naquele sofá, de olhos fechados, todo molhado da chuva, cheirando a suor. Sua vontade era de pular em seus braços e dizer o quanto o amava, enche-lo de beijos e fazer amor com ele ali mesmo. Queria ouvir de seus lábios que tudo não passou de um engano e tê-lo a chamando de sua anjinha. Seus sentimentos por Demetrio estavam gravados em sua alma e Aika não conseguia controlar-se, mas precisava ser forte. Com o jeitinho doce assoprou o ar, puxando-o novamente, preenchendo os pulmões, cerrando os olhos e reabrindo-os ao mesmo tempo que soltava o ar mais uma vez, tentando não chorar naquele instante, esperando pela resposta do homem.

Fabiana Alves Chaves Ferreira
Enviado por Fabiana Alves Chaves Ferreira em 24/02/2013
Reeditado em 24/02/2013
Código do texto: T4156543
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