Cabelos grisalhos, silencioso e sistemático. Assim era John
Miller, o professor contratado pela embaixada. Sua função era lecionar Língua Inglesa aos filhos de funcionários. A princípio detestei a ideia de ter aulas particulares, porém, desde a transferência de meu pai, essa seria a única maneira de aprender inglês e poder me matricular numa escola regular dos Estados Unidos.
Odiava ser tratada como criança. Era certo, eu era sua aluna mais jovem, porém me negava a remoer minha condição de menos inteligente, menos informada das coisas da vida. Desde que cheguei àquela cidade, jamais me deixaram sair sozinha. Porém, o proibido é que desperta desejos. Passei meses sem o contato com adolescentes de minha idade e sendo assim, meus pensamentos quase involuntariamente tiveram como alvo, o meu professor.
No meu aniversário de quinze anos, meus pais fizeram uma pequena recepção e para minha surpresa, convidaram John, o meu English Teacher. Estremeci quando ele se aproximou. Fixava em mim uns olhos fugazes. Decididamente parecia outro homem. Com delicadeza passou a mão pelo meu rosto, como se eu fosse ainda uma menina. Entregou-me algo que parecia ser um livro e pediu que só abrisse quando estivesse só. Concordei e sem pensar abracei-o, roçando meus lábios em seu ouvido sussurrei algo que jamais me arrependi de dizer.
-I Love you teacher.
Notei que ficou aturdido. John era um homem trinta anos mais velho que eu, solitário, parecia martirizado e talvez ansioso por sentir algo que talvez nunca experimentara na sua vida de celibatário. Após a festa acompanhei-o... Caminhei ao seu lado até a saída do prédio e coloquei-me na ponta dos pés para dar na sua boca a recompensa pelo presente.
Miller, o professor contratado pela embaixada. Sua função era lecionar Língua Inglesa aos filhos de funcionários. A princípio detestei a ideia de ter aulas particulares, porém, desde a transferência de meu pai, essa seria a única maneira de aprender inglês e poder me matricular numa escola regular dos Estados Unidos.
Odiava ser tratada como criança. Era certo, eu era sua aluna mais jovem, porém me negava a remoer minha condição de menos inteligente, menos informada das coisas da vida. Desde que cheguei àquela cidade, jamais me deixaram sair sozinha. Porém, o proibido é que desperta desejos. Passei meses sem o contato com adolescentes de minha idade e sendo assim, meus pensamentos quase involuntariamente tiveram como alvo, o meu professor.
No meu aniversário de quinze anos, meus pais fizeram uma pequena recepção e para minha surpresa, convidaram John, o meu English Teacher. Estremeci quando ele se aproximou. Fixava em mim uns olhos fugazes. Decididamente parecia outro homem. Com delicadeza passou a mão pelo meu rosto, como se eu fosse ainda uma menina. Entregou-me algo que parecia ser um livro e pediu que só abrisse quando estivesse só. Concordei e sem pensar abracei-o, roçando meus lábios em seu ouvido sussurrei algo que jamais me arrependi de dizer.
-I Love you teacher.
Notei que ficou aturdido. John era um homem trinta anos mais velho que eu, solitário, parecia martirizado e talvez ansioso por sentir algo que talvez nunca experimentara na sua vida de celibatário. Após a festa acompanhei-o... Caminhei ao seu lado até a saída do prédio e coloquei-me na ponta dos pés para dar na sua boca a recompensa pelo presente.
Totalmente constrangido, mãos suadas, lábios trêmulos ficou ali parado, até que me segurou pelos ombros, me olhou e entramos um nos olhos do outro, como se mergulhássemos juntos num mar de fogo e silêncio... Assim, me abraçou forte e beijou-me sofregamente pela primeira e última vez antes de sair a passos rápidos sem dizer palavra.
Mais tarde, sozinha em meu quarto, ainda com o rosto afogueado, abri o presente, era realmente um livro... De dentro caiu uma folha com a caligrafia de John Miller:
Ana, minha querida. Sinto-me invadido por uma sensação estranha quando estou na sua presença. Você é só uma menina e não pode ainda compreender, saber da ternura que vive escondida em mim desde que a vi pela primeira vez. Acaso pensa que esse ar sisudo e melancólico esconde um homem sem sentimentos? Engana-se. Sou capaz de muitos gestos de carinho, apenas nunca terei coragem de dizer que te amo...
Na rua os carros buzinam. Sentada na cadeira confortável, posso saber que é noite. Pelo poder de minha mente sinto que ele está à minha espera. Dobro a carta quase apagada pelo tempo, fecho meu antigo livro, do qual jamais me separei em muitas décadas de vida. Nunca desejei outro homem além dele, por isso hoje decidi partir para viver de novo...
Através do vidro embaçado pela névoa, vejo meu professor lá embaixo, no outro lado da rua. Aceno-lhe com a mão, antes de abrir a janela de minha cobertura para descer desse devaneio. O livro, não vou leva-lo comigo. Agora terei o meu amor de volta. Se John perguntar se ainda o tenho, sorrindo vou dizer:
-The book is on the table.
Estou me arriscando a escrever ficção e viajar um pouquinho fora do meu ambiente rural. Então aproveitei esse Exercício Criativo cujo tema é: "The book is on the table"
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http://encantodasletras.50webs.com/thebookisonthetable.htm