Lembranças de uma primavera

Estamos no outono, a brisa suave e fria nos tocam o rosto pálido. Lenta e obscuramente as folhas caem com simploridade, tocam o chão com rigidez. O clima nos dá a sensação de tédio.

Paro e observo tudo ao meu redor, suspiros vem e vão, uma saudade me dói de vagar, parece me sufocar. No entanto é preciso continuar, apenas voltei aqui para recordar, quem sabe talvez lembrar, ou pelo menos tentar achar algo bom que faça um sorriso brotar.

Lentamente subo o primeiro degrau, nada parece mudar, a dor cresce cada vez mais, não há como explicar só se vê as lágrimas penetrando minha face amargurada, e sem qualquer cerimônia permanecendo em minha alma.

Não há como voltar ao passado, continuo subindo, lembrando de cada sorriso ali dado, e a tristeza me envolve com obscuridade.

Finalmente chego ao topo, tudo parece estar tão rotineiro, olhando tudo ao meu redor me vem a sensação de que nada mudou, embora eu sinta algo no ar, que não consigo identificar, suspiros vem provocando amargo sofrer.

Nunca me esquecerei da primavera passada, onde minha irmã e eu, estávamos aqui neste lugar tão belo, e para minha infelicidade, surgiram tiros em nossa direção.

Há uma semana atrás, recebi alta do hospital, no enterro de minha irmã não pude ir, resolvi estar hoje aqui... apenas para observar, não há palavras à serem ditas, não tive a chance de dizer “adeus” à ela que foi como uma mãe para mim, e estou confinada e suprida por todo meu medo infantil.

Mas a vida continua, e ela não iria gostar de me ver neste estado emocional decadente. Seguirei minha vida em direção as coisas boas, olhando sempre para o alto. Nunca mais voltarei à este lugar, mas do que me adiantará? Pois este lugar de minha mente nunca sairá.

*Day Princess*

Diane Gardim
Enviado por Diane Gardim em 19/02/2008
Reeditado em 04/08/2011
Código do texto: T865517