FACES EM FRASES SUJAS

Enquanto falava...

Ela sorria maliciosamente... Quando me via sorrir, voltava o rosto para disfarçá-lo. Era um sorriso fugitivo, desfazendo-se numa ilusão mais rasgada.

Trazíamos o espírito feito. Nenhum ressentimento. As vozes dentro da cabeça, saltitavam no vagão das últimas frases. Olhávamos um para o outro, enquanto eu falava de tudo e de nada sem pudores. Ela sobrecarregava toda porção de luz na sombra de sua face apática e admitia os erros como verdades em idéias novas.

Nas palavras seguintes ela era a plenitude do contentamento mudo... E depois silêncio. Não podia reter o grito de desejo, que ela escutava sem protestar nem rir. Havia uma cota de frieza, na forma como ela adaptava-se à respiração.

Eliminava todos os fragmentos da minha cabeça. Não deixava de inventar e reinventar ilusões, de forma a não abdicar da faculdade de falar. Renegava toda natureza, aguçava e atraía as vontades. Já findando ela ousava-se na última contorção sensual de si mesma. Plena essência do prazer que adormece enquanto a consciência se acomoda...

Assim, ela desistia de amar forçando seu corpo a deslembrar

e passava o que restava de sua noite a suportar, as inúmeras faces em frases sujas...

Na fala do homem vulgar.