A Viagem ao Monte Fuji

Ferguson e seu filho chegaram ao Japão. Estavam tirando férias na primavera. É uma das estações mais lindas para visitar o país e conhecer o sagrado Monte Fuji.

É a primeira viagem internacional que faz com seu filho de oito anos. Um ano após o falecimento de Yuna, esposa de Ferguson, ele decidiu honrar uma promessa que fez a ela: levar o filho ao lugar mais reverenciado pelas obras de arte de mãe.

Yuna pintava telas homenageando o Monte Fuji diante de um lago muito belo. O casal era amante da fotografia artística e da pintura em canvas.

Viajaram à noite saindo do Aeroporto Internacional de Guarulhos em São Paulo e chegaram à tarde, no outro dia, no Aeroporto Internacional de Haneda na cidade de Ōta em Tóquio.

Seguindo orientações de Gustavo, o guia e intérprete que contrataram, passearam pela cidade de Ōta até o hotel.

A cidade era bem planejada. O lusco-fusco do anoitecer, contrastava com as luzes das casas e dos prédios retangulares. A arquitetura da maioria dos edifícios de Ōta misturava designs de vidro com alvenaria e armações de metal pesado resistente a terremotos. Eram bem diferentes das construções que conheciam. E as ruas estavam limpas. Nada de lixo. Tudo em ordem.

Encontraram-se com Gustavo, o guia turístico brasileiro que morava no Japão. Ele interessou-se pela arte conceitual de Ferguson.

Gustavo morava e trabalhava em Ōta. Ofertava serviços de hotelaria a baixo custo, de guia turístico e de intérprete pela internet para turistas estrangeiros. Além disso, era um artista especialista em origamis, reconhecido regionalmente.

Gustavo ficou encantado com os quadros que Yuna pintou, bem como das fotos que Ferguson tirava com sua câmera semiprofissional. Ele conheceu Ferguson por meio das fotos expostas nas redes sociais da internet. Ferguson também era conhecido pela colaboração fotográfica em sites de geolocalização, onde também ofertava serviços de guia turístico na América do Sul.

Quando chegaram ao hotel, Gustavo contou a história de seu empreendimento e da tradição com esculturas e origamis. Ferguson e seu filho ficaram encantados com os origamis de seres mitológicos que viram. Pareciam vivos e de cores fortes. Decoraram o hotel de Gustavo deixando o ambiente mágico e mais atraente que outros hotéis do bairro.

Frederic interessou-se pelo origami de uma fênix içada em anzol no hall do hotel. Tirou fotos como se segurasse a ave mitológica com as mãos. Divertiram-se muito.

Após o jantar, despediram do anfitrião e foram dormir num pequeno quarto com um tatame de madeira lisa e com colchões elevados por uma pequena plataforma de madeira ao lado de uma janela com cortinas de linho.

A janela do quarto ficava de frente para uma árvore cujas pétalas eram rosadas. As flores eram encantadoras e misturavam a iluminação dos postes ao sereno do vento noturno. E forravam a calçada com seu manto rosa claro sob o asfalto cinza. Algo tão romântico que Ferguson gravou fotos e vídeos.

No outro dia, prepararam-se e saíram com Gustavo para a Yamanashi nas proximidades do Monte Fuji.

Dentro do carro de Gustavo, eles escutaram músicas instrumentais da cultura nipônica. Belíssimas canções tocadas pelo instrumento de cordas chamado de “koto”. Curtiram a obra durante a viagem enquanto conversavam sobre os locais que pretendiam visitar.

Ao chegarem próximo ao Maruyama Park, ainda na estrada, conseguiram avistar o Monte Fuji de longe. Estava por cima da cidade de Otsuki. Ferguson pediu que Gustavo parasse o carro e tirou algumas fotos da vista da estrada. Frederic observava tudo com um olhar sereno enquanto seu pai eternizava aqueles momentos com fotografias.

Gustavo sugeriu que visitassem o Lago Yamanaka antes de visitarem o monte de perto.

O lago era imenso e naquela época do ano recebia muitos visitantes. Os barcos, as flores e folhas amarelas, verdes e alaranjadas das árvores entre raios solares geravam quadros novos e fotografias incríveis. Ferguson registrava tudo com sua câmera.

Depois pararam à beira do lago para contemplar a vista do Monte. Era como nas obras de Yuna. Ferguson emocionou-se ao lembrar da esposa falecida. Refletiu sobre como seria maravilhoso se ela estivesse ali, e como ficaria satisfeita em eternizar aquele lago em novos quadros…

Gustavo conseguiu negociar um passeio de barco com uns barqueiros da beirada do lago. Passaram o entardecer até às seis horas da tarde dentro do barco e atravessaram de um lado a outro. Uma maravilhosa experiência.

O tempo estava calmo. Uma brisa permitia que sentissem o cheiro das flores de algumas árvores ao redor do lago. Uma lua cheia despontava no céu naquele dia junto com a sombra refletida do Monte Fuji. O lago desenhava um novo quadro com a lua ao lado do topo do monte. O monte estava em evidência diante do lago com a luz da lua valorizando a calmaria das águas. Novamente Ferguson tirou fotos.

Ao deixarem o barco, foram até uma loja de conveniência e compraram lanches para viagem. Depois, cochilaram um pouco dentro do carro antes de prosseguir.

Gustavo sugeriu que saíssem de madrugada para visitar a Estação e um mirante de frente para o Monte Fuji.

Às três da manhã, partiram pela Rodovia 701 com destino a 5ª Estação Fuji-Subaru. Ao passarem para a Rodovia 707 um guarda parou o veículo e orientou que tomassem cuidado com a neblina e com animais silvestres. Ele indicou que tomassem um trem em Fujiyoshida para curtirem uma experiência mais segura e com mais atrativos.

Agradeceram o guarda e prosseguiram. A pista revelava-se misteriosa de modo que de dentro da floresta emanava espessa névoa congelante. Ferguson tirou fotos de dentro do carro e Frederic ficou com medo da neblina na pista com árvores ao redor em ambos os lados e sentidos.

Chegaram na 5ª Estação Fuji-Subaru. Se tivessem subido de trem a subida ao monte era muito agradável e o serviço de bordo explicava curiosidades sobre o lugar. Porém, viajaram de carro para apreciar melhor o crepúsculo.

Ao chegarem à Fuji-Subaru 5th Line Station por volta das quatro e meia da madrugada, tudo estava silencioso e sem a movimentação dos trens. Era o último local onde o carro poderia passar próximo do grande monte. O amanhecer estava quase acontecendo.

Gustavo disse que naquela época do ano era possível assistir o Sol nascer por cima do monte. E ficaram ali no estacionamento buscando ângulos de vista de frente pro monte.

As árvores e os portais na Fuji-Subaru 5th Line Station estavam decorados para recepcionar os inúmeros visitantes. Embora ainda estivesse fechada até às oito da manhã, o local era muito belo.

De repente, sentiram o alvorecer e pararam para observar o nascer do Sol. Os primeiros raios emergindo por cima do monte. Contemplaram o gigante Monte Fuji como um portador da luz do Sol Nascente. Era incrível. Parecia que o próprio Sol nascia no cume do Monte. Ficaram por mais de vinte minutos apreciando o espetáculo, entre nuvens e sol. Era, de fato, um dos melhores momentos da viagem.

Ferguson abraçou seu filho e ambos rezaram juntos pela alma de Yuna. Enquanto rezavam, um vento suave tocava o rosto deles. Por alguma razão, eles sentiram a presença de Yuna no local, como se estivesse acompanhando aquela conquista de perto. Como se tivesse naquele vento que rodeava o sagrado monte.

Depois, tiraram fotos do local e aguardaram a abertura da estação para visitar as instalações. Em seguida, almoçaram num restaurante próximo e pegaram a estrada.

Em seguida, decidiram ir a um parque de diversões a caminho de Fujiyoshida para que Frederic pudesse apreciar a diversão local.

Ferguson estava grato e em paz, pois conseguiu cumprir a promessa que fez a sua amada esposa.

P.S:

Este texto foi feito em homenagem a Luceli e Sebastião.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 01/03/2024
Reeditado em 16/03/2024
Código do texto: T8010669
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