Reencontro

- Oi, há quanto tempo! Lembra de mim?

Reconheci minha colega Luísa, do ensino médio. Estranhei porque estava usando calça jeans, regata e o cabelo cortado acima dos ombros.

- Oi. Quanto tempo! Não sabia que tinha voltado à cidade.

- Pois é... Voltei ano passado. E aí, o que me conta da vida?

- Ah, depois da formatura fiz contabilidade e trabalho em um escritório no centro. Me casei, não tive filhos. Divorciei faz uns dois anos mais ou menos.

- Que coisa! É muito triste estar sozinha...

- Ficamos casados por dez anos, mas nos dois últimos parece que tínhamos tomado rumos completamente diferentes. Eu queria ter filhos, ele não. Fui promovida no trabalho, ele continuou parado. Eu me tornei muito mais caseira que ele... Bom, mas me fala de você. Sei que terminou o ensino médio no interior, na casa da sua avó. Me disseram até que você tinha virado evangélica, da Congregação Cristã.

Também sabia do motivo de sua mãe a ter mandado para a casa da vó. Ela havia se envolvido com um rapaz que era traficante de drogas e ela também traficava.

- É, minha avó me obrigava a ir à igreja. Mas foi bom, porque foi lá que conheci meu marido. Ele era muito boa pessoa. Mas faleceu ano passado, infarto fulminante.

- Sinto muito.

- Tive de vir para cá. Voltei a morar com minha mãe e trabalhar como vendedora em uma loja. Depois de um tempo resolvi que queria me envolver de novo, mas a maioria dos rapazes da Congregação eram casados, sem contar a exigência que é nesse meio. – Ela me deu uma piscada. – Aí acabei abandonando à igreja. Conheci um cara faz uns dois meses e estamos saindo. Fazemos trilha todo o final de semana.

- Que coisa! Não sabia que gostava de trilha.

- Estou muito feliz. Você não teve mais ninguém?

- Tive algumas tentativas que não deram certo. Sabe, falta de compatibilidade, objetivos em comum, muito cara que não quer relacionamento sério...

- É isso de não querer relacionamento sério é um problema. Mas não pode ser tão exigente, senão vai acabar sozinha.

Dei um sorriso, inventei uma desculpa e nos despedimos. Ela era uma desconhecida. E a minha vida, bem melhor que a dela.

AninhaP
Enviado por AninhaP em 23/01/2024
Código do texto: T7982746
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