Mal-estar

Já estavam na metade do caminho de volta, quando ela disse:

— Menino chato, hein. O que custava nós termos vindo pela outra estrada? Lá era mais perto e o alto é bem menor que esse. — Ela ria. Enquanto ele permanecia sério.

— Odeio andar de bicicleta por aquele caminho. A estrada é de terra e é cheia de pedras! — Dissera seu irmão, Cláudio.

Cláudio estará receoso com sua irmã desde da semana passada. Por causa dela sua mãe lhe aplicou um castigo severo, e desde desse dia ela tem vindo desferir sindicâncias sobre ele. Sem parar nunca.

E, claro, ele estava assim por culpa dela, Márcia, sua irmã. Ela contara que vira seu irmão na quadra de vôlei, enquanto era para esse está no curso de informática que sua mãe o colocou. Márcia descobriu sobre isso na tal da coincidência do destino.

O flagra

Márcia combinou com sua amiga, Maria Aldete, de juntas, irem a quadra de vôlei. Márcia para jogar, Aldete pra ver o paquera que nunca deu bola a ela. Conta as más línguas que, o próprio chegou nela e disse-lhes que não queria nada com ela, as palavras deles foram grossas:

— Já te falei várias vezes, se naquele dia lhe deu "oi", não quer dizer que quero algo com você. — Referiu-se ao dia em que os dois se encontraram acidentalmente na praça da cidade, Aldete quando o viu o coração quase que sai pela a boca. Ele ainda teve a gentileza de acenar com a mão para ela, retribuiu-lhe também com um aceno sem jeito, vergonhosa. A parti desse momento, Aldete carregou consigo essa ilusão. Todavia, ela ainda insistia com Roberto. Mesmo depois de tudo que ele fez com ela. As amigas lhe aconselhavam a todo momento, porém de nada adiantava.

Ao chegarem na quadra, Márcia teve uma surpresa um tanto inesperada, encontra seu irmão em meio aos jogadores na quadra. "Ponto", disse ele, depois de a bolo ter tocado a quadra de seus adversários.

Sua alegria desaparece ao ver a irmã, bem do lado da quadra. A poucos metros de distância, ali estava ela, surpreendido de ver Márcia, Cláudio dá um sorriso sem jeito, do tipo que queria dizer: "Não diga a mãe". Ele nunca pensaria que Márcia iria estar lá nesse dia, a mesma tinha falado que vôlei não era sua praia. Para ela era um jogo besta e sem sentido. Na verdade, a ida a quadra não foi combinada com Márcia, só depois de muita insistência de Aldete é que ela desistira de tanto resistir e aceitou o pedido da amiga. Ao chegar lá, olha o tamanho da surpresa que teve! Sua surpresa tinha 1,70; cabelos encaracolados; pela morena e olhos castanhos, bem parecido com seu irmão. Não... Era o seu irmão!

E agora, Cláudio?

— Só pode estar de brincadeira, fala sério Márcia! — Indagou a mãe deles ao saber do ocorrido. A perplexidade estava impresso nos seus olhos. Cláudio estava sentado no sofá, cutucando as unhas. Márcia estava falando com sua mãe que dizia o tempo todo, "não acredito nisso". E Márcia confirmava o que ela dizia cada vez que ela repetia o mesmo dilema de não acreditar naquilo. Cláudio tentou de todos as formas aliviar a pena aplicada por sua mãe, no entanto de nada lhe adiantava. Tudo culpa dela! Que garota chata essa! E agora estava ali querendo falar-lhe como se nada tivesse acontecido.

— Eu já estou indo. Estou com pressa de chegar em casa mais cedo — Disse ele, montando em sua bike e seguindo em frente, rumo a uma ladeira próxima. Uma grande descida.

Márcia tentou acompanhá-lo, pedalando mais e mais, quando se deu conta, estava numa velocidade surpreendente! Quase ultrapassando seu irmão! Vamos lá, pensou ela. A corrente de Cláudio soltou-se da catraca, parou imediatamente no acostamento para colocá-la de volta. Colocou. Quando se deu conta, sua irmã passou por ele. Cláudio no início não soube o que era exatamente, mas seu coração bateu mais forte e um nervosismo tomou-lhe conta, a garganta ficou seca de repente e sua vontade de gritar por Márcia foi enorme. Montou na bicicleta e saiu a toda velocidade atrás dela, Márcia já estava no início da descida do alto.

—Ei, não desça agora! Espere por mim. — Gritou alto.

Partiu em direção a ela, um mal-estar surgirá no seu peito, Cláudio não soube o que era aquilo naquele momento, só entendeu depois que sua irmã perdeu o equilíbrio do guidom da bicicleta e balançou, balançou e caiu ao lado do acostamento. Cláudio vendo aquela cena pedalou o mais depressa possível descendo o alto, ao chegar pulou da bicicleta que a fez voar longe.

— Minha irmã! Se acalme, olhe pra mim! — Pediu.

— Cláudio... Sinto uma dormência nas minhas pernas.

Cláudio olhou para a sua panturrilha, estava sangrando. O joelho nem se fala. Cotovelo também. A única coisa que pensou na hora foi distrair sua atenção e fazer com que ela não visse os ferimentos. Olhou para os lados, não tinha ninguém, nem sequer uma alma para ajudá-lo a carregar sua irmã. Meu Deus, o que irei fazer agora?, pensou.

A estrada em que eles estavam era totalmente deserta, só tinha movimentação por pessoas que decidiam fazer uma caminhada ali por perto, mas exceto isso, nada. Uma ideia surgiu em sua cabeça,

— Vamos fazer o seguinte: iremos para nossa casa sem as bicicletas, vamos deixá-las aqui. — Seu coração batia forte, e a vontade de chorar lhe vinha aos olhos. — Se acalma, está bem? Vai dar certo! — Disse.

Ao olhar para o lado novamente, vindo em direção a eles, estava Aldete, que simplesmente apareceu do nada, como se estivesse vindo do chão ou do céu.

— Márcia! O que aconteceu? — Teve a coragem de perguntar. Mesmo vendo a bicicleta de Márcia jogada ao chão, e o sangue descendo por suas pernas.

— Aldete, por favor! Carrega a bicicleta dela até em casa. — Falou rápido.

Chegando em casa

Durante todo o trajeto de volta pra casa, Márcia foi se doendo enquanto seu irmão a levava. As pessoas que o viam, olhavam para ela e depois pro irmão, como se quisessem fazer algo, porém algo os impedia. Ao chegar em casa, a mãe desesperou-se. Perguntou o que houve, o que tinha acontecido, Cláudio desabou-se em lágrimas, sentia-se um sentimento de culpa por dentro.

— Márcia, a culpa foi minha! Desculpe-me!— Disse ele aos prantos.

— Não, não é. Acalma-se, por favor — Ela também chorava, mas procurava se conter.

Cláudio agradeceu a Aldete, e a pediu para ir pra casa, falou-lhe que tudo ficaria bem e logo daria notícias de Márcia a ela. A mãe também estava se segurando pra não cair aos prantos, logo chamou a filha, perguntou se queria ir ao hospital, ela disse que não. Não era preciso. Sua mãe levou-a para o quintal e lá lavou suas feridas. Cláudio ficou no sofá, chorando. Depois que as duas se ausentaram. Ele entendeu seu mal-estar, de repente tudo se fez concreto em sua frente. Pareceu que foi Deus querendo lhe mostrar algo, mas o que era?