O jogo de futebol (comédia)

Ao chegar em meu barraco após um longo dia de trabalho, decidi que era hora de preparar o local para receber um amigo e assistirmos juntos ao jogo de futebol na TV. Cozinhei uma deliciosa mandioca com pirão e adquiri algumas cervejas para acompanhar. Em seguida, limpei todos os cômodos e utilizei uma técnica inusitada: coloquei o Bombril na antena para garantir que o sinal não fosse interrompido.

Assim que a noite chegou, pude ouvir a movimentação dos vizinhos organizando suas próprias preparações nos seus barracos. Todos estavam ansiosos para assistir à partida. Pouco tempo depois, escutei o som característico da bicicleta velha e desajeitada do meu amigo se aproximando cada vez mais.

Ao adentrar o meu barraco, começamos a nos deliciar com a comida e bebida que havia preparado. Logo, estávamos nos divertindo demais, já completamente embriagados, enquanto acompanhávamos o jogo de futebol com euforia. A cada pênalti perdido, cartão amarelo mostrado ou um lance de quase gol, soltávamos gritos estridentes. Os vizinhos, atordoados, vieram reclamar e, em um piscar de olhos, a briga se instalou na rua.

Mesas, cadeiras, panelas, garrafas, pratos e copos voavam por todos os lados enquanto nós, moradores um tanto barulhentos, nos envolvíamos na confusão. É claro que eu também participei ativamente da balbúrdia inicialmente. Porém, após a percepção de que a violência não resolveria nada, tive a brilhante ideia.

Com a ajuda de um vizinho mais consciente, levamos a TV para a calçada e cada um pegou sua cadeira. Decidimos reunir todos, de uma forma em que pudéssemos assistir ao jogo em paz. Assim, formamos uma verdadeira torcida organizada, deixando as diferenças de lado por um momento para torcer para o nosso time. O espetáculo continuou, mas, desta vez, com mãos erguidas, risadas e comemorações.