12-Coiseiras de Morro Seco: Gibão.

Encarregado de ir até Morro Seco, durante a Festa do Bode, para fazer propaganda de rações especiais para caprinos e ovinos. Caprichou na fazeção dos panfletos. E caprichou na sua apresentação. Vestido de vaqueiro. Mandou fazer um gibão de couro e nos punhos colocar duas tiras coloridas: azul e vermelha. No peito também, duas faixas coloridas: azul e vermelha.

Festa Nacional do Bode. Festa anual em que num final de semana Morro Seco fedia a esterco de bode, Morro Seco fedia a mijo de bode, Morro Seco tinha berro de bode por todos os cantos e povo, muito povo andando nas ruas e na bonita Praça Maria Madalena.

Tempo de morrosecanos que estavam vivendo em outros cantos, voltarem a cidade para reverem parentes e amigos e abraçarem a terra natal.

A corrida de carrocinhas de meninos. Pequenas carroças feitas com rodas de bicicleta, puxadas por bodes e dirigidas por meninos.

A tradicional corrida de argolinhas entre o Partido Estrela Azul e o Partido Estrela Vermelha. Cada partido com doze cavaleiros, bem montados, e uniformizados com camisas branca e a respectiva estrela pintada no peito em tamanho grande.

O Forró da Festa que tradicionalmente começava com a música O Último Pau de Arara e encerrava com o povo todo cantando Asa Branca.

Ele, ali no seu estande, vestido com seu bonito gibão. Distribuindo panfletos. Ali os sacos com as amostras das rações suplementares. Suplemento mineral para bode reprodutor, suplemento mineral para cabritas em lactação, suprimento mineral...

Uns pegavam o panfleto e seguiam andando, outros nem pegavam. Ele conhecia os cavacos do oficio. Sorria e insistia.

Bode quando quer sal lambe é o chão da caatinga.

Finalmente um sujeito pegou o panfleto, parou, olhou o estande, assuntou. Ele o propagandista, sorriu e falou:

-Chegue.... O senhor tomou interesse pelos produtos...

-Oxente!... Quero saber onde o senhor comprou o gibão...