Um certo veraneio

Com o passar do tempo, alguns hábitos vão mudando e a escolha do lugar para as férias de verão refletem cada vez mais o perfil de quem já passou a fase das badalações.

Eu particularmente me tornei membro deste clube onde você não quer nada além de paz e sossego. Nada de gente se esbarrando em centrinhos, avenidas engarrafadas, filas em padaria, batidão na beira da praia etc.

Sendo assim optei pelos pequenos e simples balneários afastados das praias mais procuradas. A casa onde me acomodei naquele verão poderia perfeitamente servir de cenário para um daqueles filmes bucólicos onde um escritor resolve se enclausurar para escrever um romance. A proximidade com o mar era tal que não tinha apenas o privilégio de ter meu sono embalado por sua sinfonia como também sentir a brisa invadir e serpentear os cômodos assim que abria as janelas pela manhã onde um infinito e esverdeado horizonte cuja visão das espumas que beijavam a areia eram tão nítidas que por pouco você não as colhia com as mãos. Quando me estendia na rede para leitura, junto a varanda que circundava a casa, observava a aquarela de homens e mulheres com suas cadeiras, guarda sóis e os pequenos com seus baldinhos e pazinhas. Estes, que ainda teriam toda uma vida pela frente e quem sabe, capazes de interferir nas futuras gerações onde as pessoas saibam respeitar e dividir os espaços de tal modo que não seja mais preciso isolar-se.

Caio Schroer.

Balneário jardim atlântico 2018