ATITUDE SIMPLES, NOVO AR

Estava eu, uns dias atrás, num consultório, com minha mãe, de idade, aguardando para uma consulta médica. O espaço, salinha de espera, salinha mesmo, com todos os lugares ocupados, tornando a sala ainda menor; eu em pé. O calor estava forte, e as pessoas aí suportando o que eu diria “uma sauna”. O ar condicionado sem funcionamento (a secretária confirmou, precisava de conserto). As pessoas apáticas, sem iniciativas, a própria secretária sem percepção. Uma cena típica de muitos fatos parecidos, com os mesmos princípios. O que fazer? É o que normalmente pensamos quando gostaríamos de uma solução: até porque, vai que simples, nada complicada, apenas por alguma iniciativa. Mas há também o outro lado, daqueles que a pergunta significa: “não dá pra fazer nada”, ou algo próximo disso. Bem, em meio a esse desconforto, sugeri: que tal abrir a janela (tinha uma janela, o que às vezes até nem se percebe)? A secretária um tanto quanto reduzida aos seus afazeres diários, e rotineiros, limitada a eles, logo reage com reservas, colocando-se contra, alegando que ali venta muito e poderia derrubar tudo. Olhando rapidamente as possibilidades, vi um certo exagero quanto à sua preocupação, coisa de alguém limitado. Observei que o depois seria fácil de ser resolvido, se fosse o caso. Olhei para o lado de fora, percebi uma calmaria, nada de muito vento. Claro, ainda há o fato de não sabermos o que se passa na mente dos que se entreolharam, dos que não se manifestaram, e dos alguns sem expressar reação; além do fato de não querermos incomodar o outro, nos locomovendo em um espaço, ainda mais, pequeno. O calor, ali, como também em muitos outros lugares na mesma situação, com certeza,, aumentava. O tempo, naquela sala, parecia durar mais. Percebi que só uma pessoa havia insinuado adesão ao meu pensamento. Resolvi. Pedi licença, abri a janela. Continuando o raciocínio, abri a porta, para facilitar a locomoção, a passagem do ar. Impressionante! As pessoas viram que isso é possível. O ventinho fresco entrou e nos acariciou, nos cumprimentando. A sauna acabou. As expressões se entreolharam. Algumas pequenas falas. Um novo clima, poderia até se dizer mais saudável. Nós, ali. O próximo foi chamado.