QUANDO O UNIVERSO CONSPIRA A FAVOR DE UM GRANDE AMOR - Parte I

Quando o universo conspira a favor de um grande amor...

Parte I

Década sessenta...

Nos longínquos recantos do sertão mineiro, já desembocando para o sul da Bahia, naquela cidade provinciana que se destacava como uma futura “metrópole” daquela região, moravam àquele casal de crianças, Rosália e Rodrigo.

Ele, menino simples, de sorriso franco, ali pelos 12 anos de idade, que acabava de chegar do interior para estudar.

Ela, menina doce, semblante alegre, não mais de que 11 anos, filha de imigrantes, que ali vieram à trabalho - seu pai era funcionário do Banco do Brasil.

Quisera o destino que suas residências ficassem próximas, na mesma rua. Aparelho televisor era raridade na maioria das residências daquela cidade. Só mesmo os mais abastados financeiramente os tinham. O entretenimento que se tinha eram as matinês aos domingos e as brincadeiras entre as crianças vizinhas. Por isso, era muito comum as crianças da rua ficarem brincando ora na casa de um, ora na casa de outro.

Não existia a maldade do mundo de hoje, crianças eram obedientes, se respeitavam, assim como respeitavam os mais velhos.

Entre os dois, nasceu uma grande amizade. Era comum, os dois estarem sempre juntos. Não brigavam, nem discutiam entre si. Estavam sempre a cuidar do outro.

Era uma amizade tão harmônica, que nem se percebia quando um estava na casa do outro. Na verdade, era uma amizade dos dois, pois as famílias não tinham relacionamento estreito.

Viveram assim por uns dois anos, logo o pai dela foi transferido para outra cidade bem distante daquela.

Naquela época era muito comum, funcionário do Banco do Brasil ser transferido de quando em quando.

No dia da mudança dela, foi àquela tristeza pra ele... Ela também estava triste, mas para ele, parecia que a tristeza era maior, fazendo valer a letra da música: “...quem parte leva saudade de alguém que fica chorando de dor...”.

Enquanto o serviço de mudança ia colocando as coisas no caminhão, eles ficaram juntos, como se quisesse aproveitar cada instante do outro.

Cada um ficou com seu jeito triste, sem saber o que dizer pro outro, apenas, convivendo com aquele sentimento de dor, sem compreender direito, mas já antevendo a falta que iria sentir.

Enfim chegou a hora dela partir. Sua mãe a chamou: vamos filha... e entraram no carro...

Ele ficou ali parado, olhando o carro partir. Ela de dentro do carro, timidamente bateu a mãozinha num gesto de despedida e um sorrisinho faceiro, sem compreender direito a dimensão daquela partida.

Nenhuma das duas famílias poderia imaginar o reflexo daquela mudança, daquela separação, na vida daquelas duas pessoinhas.

Os dias que se seguiram foram de uma tristeza desoladora para ele. Sentiu-se, meio perdido ou completamente perdido. Faltava-lhe, alguma coisa.

Todos perceberam que ele estava sentindo falta da sua coleguinha, mas achavam que aquilo logo iria passar, nem de longe desconfiavam que poderia ser amor.

Apesar da dor, ele não confessava para os seus familiares daquele sentimento.

Certa vez ele disse para um amigo seu, que estava com muita saudade dela, e seu amigo lhe disse: você esta apaixonado por ela.

Ela por sua vez, estava entretida na viagem e na vida nova, que de imediato não sentiu tanto, quanto ele. Mas assim que a poeira assentou, veio a saudade...

Ela confessou à mãe e esta respondeu: logo isso passa e você acaba fazendo novas amizades.

Mas não foi bem assim que as coisas se sucederam...

(continua parte II)

Menino Sonhador
Enviado por Menino Sonhador em 02/12/2018
Código do texto: T6517448
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