Ziguezagueando 7
Demorou um tempo para a empresa se estabelecer no negócio ampliado sem titubear. O olhar clínico de gavião do grupo de acionistas, garantiu a supremacia de vendas das roupas esportivas masculinas, incluindo pela internet, superando, inclusive, o mercado internacional.
Os brasileiros, da família Ortin, sócios majoritários da empresa, tiveram visão aguçada, que garantiu o estabelecimento e manutenção da marca neste seguimento. Passaram ser os detentores do primeiro lugar de vendas.
Jovita contribuiu, estava dentro da parceria que garantiu o sucesso, foi um dos mobilizadores de ação para a empresa chegar onde chegou.
Após o trabalho de campo feito, a equipe do novo negócio, foi para a oficina de arte, setor interno da empresa, ficando responsável pela criação dos modelos, que seriam os primeiros a inaugurar a marca para o consumidor.
Com vinte e dois anos, em meio a maioria dos amigos com Curso Superior concluído na área de designer, moda e propaganda, Jovita ficou acuada, obrigando-a iniciar o curso de moda numa Universidade Particular. Pressentiu que somente competência não lhe garantiria segurança e estabilidade no emprego, necessitava se qualificar, se legitimar na função.
Assim, concluiu os estudos, não sabe como, mas depois de quatro anos, dia após dia submetendo a rotina ininterrupta de estudo e trabalho, tirou o diploma.
No período de estudos, não via mais a filha, nem ia ao menos a noite ao quarto da pequena para vê-la dormir, somente nos finais de semana, ou quando a filha, com insônia, pedia para dormir junto com a mãe na cama.
Quando chegava em casa depois das aulas, sempre no início da madrugada, quando subia os degraus que dava acesso ao seu apartamento no terceiro andar, a única reação, na maioria das vezes, era cair na cama, dormindo até as cinco da madrugada, quando acordava e tomava seu banho, para depois iniciar o dia draconiano novamente.
A avó, eminência parda, mais antiga na arte de criar filho sozinha, foi conduzindo a carruagem da vida pessoal de Jovita, incluindo a educação e cuidado com a neta.
Mesmo ganhando um pouco melhor do que no início, não era o suficiente para Jovita comprar roupas e sapatos que garantissem a imagem a altura da função. Passou frequentar, na surdina, lugares que vendiam roupas e sapatos usados de marca, com preços acessíveis. O restante, era para pagar os financiamentos da casa e do carro, alimentação e transporte, inexoravelmente.
Cada parcela paga dos financiamentos e contas do mês,, para ela, era como um ponto a mais que dava para si mesma de satisfação nos resultados na vida.
Se olhava no espelho e dizia para si mesma, você é demais, te Amo, Te Amoooooo!!! Ficava a marca da sua boca com batom no espelho.
Jovita, com vinte e oito anos não conhecia outra vida, a não ser se superar, ir além das expectativas na luta pela própria sobrevivência, da filha, e de sua mãe.