Batalhas Íntimas
Nunca supervalorize a estranha habilidade de lidar com a efervescência dos sentimentos: dominar os sintomas clássicos das ruidosas emoções que, com efemeridade se extinguem, não passa de uma medíocre aptidão. É a morna tristeza que desestabiliza. A dolorosa inquietação que provém de determinada ausência é a tirana capaz de massacrar os desavisados.
(A saudade não ruge: é um som quase inaudível mas com poder agudo de destruição.)
Portanto, não se engane com a ensaiada cortesia: essa hóspede indesejada é dotada de uma indomável persistência. A memória é o seu combustível e nos leva a vagar entre os espectros de um tempo distante onde sábias decisões, um enredo satisfatório e finais felizes são inexistentes.
(Alimentar o passado causa rachaduras profundas em nossos corações.)
Assim, entregue aos demônios, tentamos em vão despedaçar a bússola interna que nos atrai aos planos não concretizados que somente elevam o sofrimento ao seu maior grau. Contudo, a revolta é impotente. Apesar das lágrimas contidas, a capacidade de sobreviver às lembranças é apenas uma vitória vazia que cheira à frustração.