O APRENDIZADO

Nasceu em berço d’ouro. Rodeada de tanta sofisticação. Seus pais faziam da luxúria a imagem de marca da família. Um mundo inundado de esbanjamento supérfluo.

Chamava-se Brigite! Habituada a marcar presença nos grandes palcos dos colunáveis, sua mãe sempre pensou que Brigite fosse nome de gente grande! Mas era só mais um nome!

Frequantava um colégio reservado aos filhos d’alta sociedade. Era... a força da exclusão! Mas não era feliz! Podia ler-se na inocência do seu olhar. A residência onde vivia contrastava com as casas humildes que brotavam à volta. Brigite tinha um coração avesso ao coração da família. Coração d’ouro! Ela pressentia que algo estava errado. - O que era?- Questionava-se. E não encontrava resposta.

Crianças como ela, vivendo na humildade dos lares, corriam e saltavam ao redor da imensidão da sua residência. Crianças de todas as cores! Nunca perderam o brilho do olhar. Os sorrisos nos rostos empobrecidos iluminavam d’eperança o amanhã de cada uma delas. E eram felizes! E a esperança estava alí ao lado. Elas não sabiam! Brigite também não sabia. Mas pressentia!

Ela apreciava tudo a partir do terraço da sua residência. Certo dia, Brigite resolveu descer e sentir de perto a alegria das outras crianças. Aprendeu com os pais, que eram diferentes. E não eram! Apreciou. Apreciou. Apreciou... Não resistiu! Aproximou-se. Brincou. E gostou! Sensibilidade é virtude das crianças! E só das crianças!

As brincadeiras repetiam-se. Longe do conhecimento dos pais. E ela gostava! As outras crianças também. Porque eram iguais! E as crianças brincam... Renovou o aprendizado!

Brigite cresceu... Ao completar dezoito anos de idade, os pais prepararam uma festa de grande dimensão. Mal sabiam da surpresa preparada por Brigite. As crianças dos lares humildes que brotavam à volta do casarão de Brigite... eram suas convidadas d’honra. Porque eram iguais! E as crianças festejam...

De repente o salão de festas abriu-se aos sorrisos iluminados d’esperança. Brigite e as suas convidadas d’honra eram a esperança!Elas cresceram. Como Brigite!E com Brigite traçaram um destino melhor para as crianças procedentes. A humildade manteve-se. A alegria n’olhar manteve-se. Os sorrisos d’esperança mantiveram-se. Contudo, as desigualdades sucumbiram... Porque era o erro que Brigite pressentia!

António MBridge
Enviado por António MBridge em 21/08/2017
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