NAQUELE DIA

Naquele dia, a menina Tchissola acordou preocupada.

O motivo da preocupação?

- As cores da sua caixa de lápis de cores discutiam entre si.

Intensamente!

Cada uma delas dizia-se mais importante. Tchissola sempre quis ver aquela família multicolor unida e solidária.

E não vacilou:

- Como podem vocês autorgarem-se familia se não conseguem harmonizar a vossa relação?

(Silêncio!)

Nenhuma das cores Predispôs-se em responder.

Preta,

Vermelha,

Azul,

Laranja,

Violeta,

Amarela,

Branca

E Verde…

... Eram as cores que, embora traquinas, coloriam os dias da Tchissola. Ela fazia questão

de transportá-las consigo. Fosse para onde fosse.

A menina Tchissola, no íntimo, procurava compreender as cores.

E falou-lhes nos seguintes termos:

- É bem verdade, que todas as familias têm problemas. Cada membro De uma família tem uma forma diferente de pensar em relação aos outros logo, os desentendimentos, uma vez ou outra, são inevitáveis.

Mas, é fundamental que as famílias se unam para superar tudo de ruim... Todos devem interagir, positivamente, para que se possa, então, ter uma sociedade saudável e equilibrada.

As cores tinham uma ideia leve sobre a dimensão de uma sociedade:

- O que temos nós, com essa imensidão chamada sociedade? – Perguntou

A cor azul, na sua voz penetrante.

- Pois, saiba companheira azul e fria, que são as famílias que estruturam uma sociedade. – respondeu Tchissola.

- Fria eu? -Interrompeu a cor azul, com ar de espanto.

- Calma! – disse Tchissola. – Deixa concluir o meu raciocínio e depois te explico a razão de considerar-te fria.

E prosseguiu:

- Tal como eu dizia, não existem sociedades sem famílias. E sendo estas, o núcleo fundamental para que as sociedades tenham expressão, vida e cor.

- Ah! - Era a cor laranja, toda entusiasmada. - Gostei de ouvir que, também, sem nós, a sociedade não é nada!

E Tchissola aproveitou a intervenção da cor laranja para sustentar ainda mais o seu pensamento:

- Isso mesmo laranjinha. Vocês juntas formam uma família, um extracto que associada a outras famílias vai dar origem a sociedade que é afinal, o conjunto de todos nós. Todos, temos responsabilidades e é nossa obrigação tudo fazermos para que as coisas estejam nos eixos, ou seja, equilibradas. Por outras palavras, é o mesmo que dizer, famílias equilibradas simbolizam sociedades equilibradas.

Contudo, a cor azul esperava esclarecimentos da menina Tchissola pelo facto desta designar-lhe fria. Resolveu chamar para si, uma vez mais, a palavra:

- Está bem! É tudo muito bonito! - disse a cor Azul. - Agora, estimada Tchissola, que história é essa, de ser fria?!

- Cada membro de uma familia desepenha determinados papéis e estatutos. – Respondeu Tchissola. - Cada membro orienta a sua vida através de deveres e direitos.

E sendo a família um grupo social não constitui supresa a existência de subgrupos. Até para, Distrinçar As funções de cada um.

E de repente a conversa ganhou contornos de dominó.

De perguntas,

Respostas

E curiosidades.

- Subgrupos? - Perguntaram, em unissono, as cores que, até aquele momento, apenas escutavam a narração de Tchissola.

- Sim, subgrupos!- Disse Tchissola.

- Mas, como funciona isso?!- Perguntaram as cores. - De que forma estamos distribuidas nesses subgrupos que nem sequer conhecemos?!

Antes mesmo que Tchissola respondesse, a cor Azul, já mais calma, pronunciou-se:

- Deixa-me lá ver, Tchissola! Tu querias dizer que existe um subgrupo composto por cores frias, sendo eu uma delas?

- Exactamente! – Exclareceu Tchissola.

– Tu AZUL,

A VERDE

E a VIOLETA

Constituem as CORES FRIAS.

Essa frieza tem a ver com a vossa maneira se ser... O vosso carácter que é Introvertido, transmitindo serenidade e tranquilidade.

A resposta da Tchissola serviu de pretexto para a cor Verde intervir:

- Outro dia ouvi de alguém que fria é contrário de quente o que me leva a pensar que sendo nós frias, Existe no nosso seio um subgrupo de cores quentes.

- Nem mais!- Concordou a menina Tchissola.

- Tchissola, diga então, quem são as cores quentes! - Solicitou a cor verde, embevecida pelo elogio, vindo da Tchissola.

- As CORES QUENTES são, precisamente, a VERMELHA, a AMARELA e a LARANJINHA. E ao contrário das cores frias, as CORES QUENTES têm um carácter extrovertido... São mais expansivas!

Tchissola tratava a cor laranja com muito carinho por ser a benjamim da família das cores, da sua caixa de lápis de cores!

Pouco a pouco, as cores da caixa de lápis de cores da Tchissola começavam a perceber a sua essência, o que fazia com que se tornassem mais curiosas.

Multiplicavam-se as perguntas. Tchissola, paciente, não deixava nenhuma pergunta sem resposta, satisfazendo a curiosidade das cores da sua caixa de lápis cores.

É assim que a cor PRETA não hesitou:

- Mas então, Tchissola, no meio de tudo isso onde entramos? - Eu e a cor Branca?

- Sim!- disse a cor Branca. - Afinal, também pertencemos a essa sociedade muliticolor!

- Vocês são as CORES NEUTRAS. - Disse Tchissola.

- Como neutras, se dizes tu, sermos todas importantes? –Interrogaram as cores Preta e Branca.

Tchissola acalmou-as:

- E como são importantes! E como são! Tal como as outras cores!

Num grupo todos são importantes... Ninguém é mais importante!

O essencial é o espiríto de uma família:

- Um por todos, todos por um!

Vocês são de extrema utilidade quando se trata, sobretudo, de complementaridade.

- E o que é isso de complementaridade? –Interviram, novamente, as cores Preta e Branca.

Tchissola elucidou-as:

- Complementaridade quer dizer apoio ou reforço. Por exemplo, se alguém estiver utilizando outras cores que não sejam as neutras e se eventualmente pretender alterar as tonalidades, ou seja, torná-las mais claras ou mais escuras recorre a vocês para tal feito.

Mais clara implica acrescer mais branca e inversamente, mais escura, acresce-se mais preta.

No universo das cores a essa variedade chama-se também VALOR, ou seja, tom claro pressupõe VALOR ALTO. No sentido contrário, tom escuro é sinal de VALOR BAIXO. Como podem ver a vossa fraca energia não vos impede de terem uma palavra na minha caixa de lápis de cores.

Em comunidade,

Os valores ajudam a harmonizar

As relações. - Relacionou Tchissola. – Tonalidade clara,

Pressupõe valores mais sublimes, sendo O AMOR AO PRÓXIMO

A expressão mais elevada. Tonalidade escura não implica ausência de valores.

O reforço deve ser adaptado às capacidades de quem apoia, pois não se deve prometer o que não temos ou não podemos levar avante, sob pena de destruirmos as relações.

Por outro lado,

Quando abdicámos desses pressupostos

A comunidade fica descolorida e triste.

Tchissola deixava-se contagiar pela concentração das cores, que volta e meia, balançavam a cabeça como que aprovando e interiorizando a mensagem que ela ia passando.

As cores neutras estavam esclarecidas quanto à sua condição. E as restantes cores da caixa de lápis de cores da Tchissola, estavam ansiosas por mais detalhes sobre os subgrupos aos quais pertenciam.

A cumplicidade era tanta que nem foi preciso que elas se pronunciassem.

Tchissola notou e desfez-se, então, em mais pormenores:

- Pois bem, meninas cores é preciso ter em conta que uma sociedade é mais forte e organizada quando os seus membros, apesar das diferenças, trilham objectivos comuns que visam o crescimento e o desenvolvimento dessa mesma sociedade.

Isso se chama união!

... E as CORES PRIMÁRIAS revelam espiríto claro de união... De solidariedade.

- Mais um subgrupo! -Exclamou a cor VERMELHA, antes mesmo que Tchissola terminasse a sua explanação.

- E tu fazes parte desse subgrupo! - Apressou-se a dizer Tchissola, não dando hipóteses para que, as outras cores pudessem intervir.

Consigo, estruturam a classe de cores primárias, a cor AZUL e a cor AMARELA.

Da vossa união surgem as cores SECUNDÁRIAS, mais propriamente a LARANJA, a VIOLETA e a VERDE.

- Hum! - Exclamou a Laranjinha. - Isso está a ficar bonito!

- É verdade! - Disse a cor verde que até aquele momento manteve-se sempre caladinha e atenta. E de imediato acrescentou:

- Estamos ávidas em saber como funciona essa união através da qual surgem as cores secundárias.

E não tardaram as explicações da Tchissola:

- As cores primárias existem sem a mistura de outras cores, ou seja, ao contrário das secundárias elas não podem ser obtidas por mistura de outras cores. São cores puras.

Fundamentais.

As secundárias, essas sim, podem surgir da união de duas cores primárias misturadas em iguais proporções.

Se, eventualmente, faltar na minha caixa de lápis de cores, uma cor secundária e, havendo a necessidade de fazer uso da mesma recorro a duas cores primárias para colmatar essa ausência:

Adiciono Azul

À cor Vermelha

E obtenho Violeta,

Se misturar Vermelha

Com Amarela

Chego à cor Laranja,

Juntando Azul

Com Amarela

Surge a cor Verde.

É assim na vida!... Ou pelo menos deveria ser!

Tudo fica mais fácil quando temos o hábito da partilha, estendendo a mão a alguém que dela necessita!

Isso se chama Solidariedade! – Rematou a menina Tchissola.

ANTÓNIO MBRIDGE

António MBridge
Enviado por António MBridge em 14/08/2017
Código do texto: T6083412
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