PRESENTE DE GREGO = EC


   Iris viu pela primeira vez a sopeira numa visita que fez á família de Léo pouco antes do casamento.
  Leo estava encantado com a bela peça de porcelana azul-pombinho legitima que segundo sua avó devia ter mais de duzentos anos, pois no tempo de sua avó já tinha valor como antiguidade. Léo já ouvira essa historia inúmeras vezes, mas ela não cansava de repetir.
  Para Iris aquilo não era mais do que uma sopeira velha, encardida com alguns arranhões, mas delicadamente exclamou:
  — Que coisa linda!
  — Quando eu morrer ela será do Léo, pois é o único da família que aprecia antiguidades.
 — Ah, mas a senhora ainda vai viver muitos anos, dona Lola! (tomara que sim, não desejo nem um pouquinho essa herança).
  Íris esqueceu completamente dona Lola e sua sopeira até às vésperas do casamento quando decorava caprichosamente sua futura residência e o Léo apareceu com um pacote, o presente da Vovó.
  E lá estava à sopeira caprichosamente embalada, seu presente para os netos que haviam gostado tanto dela.
  Léo era todo sorriso e Iris teve que fingir um pouco para dizer de seu contentamento pelo presente.
  Delicadamente sugeriu ao Léo que era melhor guarda-la no fundo de um armário para não correr o risco de quebra-la, mas ela não concordou:
  — Imagine se vamos esconder esta preciosidade! Vamos coloca-la aqui neste aparador, na sala de visitas para que todos que nos visitarem possam aprecia-la.
 — Mas querido, ela não combina com o resto da decoração, vai ficar destoando...
  Mas Léo foi irredutível e Iris sofreu a primeira decepção, o Léo não ia satisfazer-lhe todas as vontades como ela esperava,
  E a preciosidade centenária ficou lá no lugar de honra como Leo queria.
  Iris odiava aquela sopeira como se ela tivesse vida e fosse culpada de suas frustrações.
  Não tinha coragem de jogá-la no chão, mas desejava que alguma coisa acontecesse, um vento muito forte... Um tremor de terra... Um terremoto...
  Mas acabou acostumando, Afinal de contas não podia passar o resto da vida brigando com o Leu por causa disso.
  Até que um dia, Julia, a empregada estabanada, derrubou-a e ela se fez em cacos.
  Iris, entretanto, não sentiu a satisfação que imaginara, mas um misto de tristeza e remorso como se fosse culpada por ter desejado tanto que aquilo acontecesse.
  Léo empalideceu, Iris teve a impressão de que ele ia desmaiar, levou as mãos ao rosto como se fosse chorar, mas disse com voz rouca:
  — Mande essa desatrada embora!
  Júlia saiu chorando e Iris tratou de juntar os cacos e jogar fora antes que Léo inventasse de querer guardar, pois dizem que até os cacos do Azul-pombinho têm valor como antiguidade!
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Este texto faz parte do Exercício Criativo -
Presente de Grego
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Maith
Enviado por Maith em 03/07/2017
Reeditado em 03/07/2017
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