BRINCANDO COM FOGO

 

Uma das maiores e perigosas brincadeiras feitas por mim e meu irmão, foi brincar com fogo. Mesmo considerando que nós éramos irmãos considerados bicho do mato e até muito comportados e não sabíamos que brincar com fogo fosse tão perigoso.
Eu com sete anos e meu irmão com oito, resolvemos surrupiar uma caixa de fósforos para colocarmos fogo em uma macega num campo distante,  para ocultarmos a nossa arte. Colocamos fogo em uma macega e ficamos a distância olhando e admirado aquelas chamas feitas por nós e até nos sentindo orgulhosos para as nossas idades e achando que era uma arte infantil bem planejada – como o fogo foi se apagando, fomos para outra macega e mais fogo e fomos para outras e mais fogo – como é lindo ver várias macegas queimando. Só que o tempo estava muito quente e tinha um vento e isso tudo fez com que as macegas espalhassem o fogo para outras e começaram a se alastrar para outras pastagens e nós corremos para nossas casas e recolocamos os fósforos no lugar e o medo tomou conta de nós. Enfim conseguimos fazer um grande incêndio e foram queimados campos de outros proprietários. Muitas pessoas usando abanicos e galhos para apagar o fogo ajudado pelo pessoal da nossa casa e vizinhos e após muito trabalho e fogo foi vencido e nós apavorados resolvemos contar aos pais a nossa brincadeira que passou dos limites - fomos premiados com uma tunda, mas conseguimos após o confesso e a tunda ficarmos mais tranquilos. As pessoas das vizinhanças perguntavam a todos o motivo daquele grande incêndio e quando se dirigiram aos nossos pais - eles apesar de saberem, omitiram os nomes dos culpados, porque temiam pela responsabilidade da arte dos filhos. Com o tempo o pasto voltou e brincadeira com fogo nunca mais passou pelas nossas cabeças. Aprendemos na prática que a arte tem seus limites.