A Justiça e o Merecimento

Havia uma senhora de nome Justiça. Morava em um castelo, na companhia de um filho. Só se apresentava quando necessário. Poderosa e imponente, todos a respeitavam e temiam.

Não era presença muito querida no dia-a-dia das pessoas, por sempre trazer consigo um siso contido e ar de seriedade, apesar do coração generoso de que dispunha, por vezes não percebido e compreendido.

Para permanecer presente na vida das pessoas, a Sra. Justiça pediu a seu filho, bem mais receptivo, que, ao encontrar com as pessoas mandasse lembranças dela. As vezes alegre, as vezes nem tanto, mas sempre recebido por todos. Seu nome: Merecimento.

Todos viviam de portas abertas ao Merecimento, e por isso tinha passe livre com todos, nas casas, nas praças, nos hospitais, em todo lugar. Ele não se fazia de rogado, ou perguntava o que as pessoas queriam. Dava sempre o que tinha de ser, mandando lembranças de sua mãe, agradando ou descontentando seus anfitriões.

Vigilante, do alto de seu castelo, olhando por onde Merecimento andava, a Sra. Justiça ouvia o burburinho daqueles que ficavam descontentes com a visita de seu filho. Pacífica, Justiça não gostava de confusões.

Quando os corações dos que receberam a visita de seu amado filho não se acalmavam, ela sempre vinha em visita dos inconformados, mostrando seu bom senso e seu bom coração, pacificando a tudo e a todos.