ônibus lotado

O dia começa cedo para nossos amigos trabalhadores assalariados. - oh! é bom di mais levantar cedo pra ralar até o sol findar. - fala nosso amigo, Virgulino Obamaruda de Silva, homem velho e desde que se conhece, ou melhor não se conhece. tem que levantar cedo e ganhar quase nada pra tentar viver.

o pior mesmo, e ter que tomar o velho ônibus lotado, que sempre dar prego a caminho do trabalho. e sempre assim desde que veio em sua mocidade pra Brasília tentar sorte melhor. - Êta trabalheira!

- homi, quê que cê tá matutano ai que num foi inda pro trabaio? - pergunta sua querida esposa, Dona Onocreia Rilaria de Silva, mulher de friba e sofrida, grande exemplo para nossas mulheres do Brasil. cheia de filho, sem educação e quase nenhuma leitura,mas que tem um bom coração e uma televisão e uns programinhas para se entreter enquanto prepara a comida.

- tô já indo muiêr! - fala o velho Virgulino. Pega a velha marmita de margarina cheia de ovo e arroz com feijão, e parte pro trabalho.

Já na parada, demora o ônibus passar e quando passa tá entupido de gente. dá com a mão Virgulino. para o velho habitual ônibus amarelo(nem pode perder), e ele entra procurando imediatamente um possível lugar para se embarafustra e pôr as mãos para se segurar nos zigue-zaguear dos motoristas barbeiros(pior é ficar perto dos fratulentos e mal educados que não se banham). Quando de repente, num é que sente um "cheirin" ruim de peido. - avé maria, sô o que fartava mesmo!

alguém fala:- quem foi o cú podre?! outros: - aqui não é lugar de cagar não! - foi a Elô... e por ai vai...

E começa bem o dia. enfim! a viajem não pára por ai não. lá pelas duas horas e meia de estrada, o ônibus quebra. - porcaria de ônibus novo! - novo que nada! - isto é uma merda mesmo!

o pessoal fica queimando de raiva.

então o motorista fala: - pessoal , alguém vai ter que sair pra impurrar. Todo mundo logo olha pro velho Virgulino, que responde: - manda o dono e o governador impurrar este pau de arara. mas não tem jeito, ele tem que empurrar.

Virgulino(é o povo) faz força. e num é que a antiguidade funciona. o pessoal fica embasbacado com a força de seu Virgulino, que quase morto entra no ônibus ofegante.

Bem, finalmente após o habitual engarrafamento de metade do dia Virgulino chega no trabalho e rala e se rala até sabe deus oras pra sair.

De tarde a mesma ladainha, mas desta vez o ônibus não quebrou não, só foi assaltado. - ah! menos mau! respira aliviado seu Virgulino, que ficou sem marmita...