ELA
Ela foi ao banho um pouco mais cedo do que rotineiramente fazia. Enquanto a água caia em seu corpo, as lágrimas desciam no mesmo lapso de tempo. Era um banho de alma. Cada parada a fazia despir-se das cargas que os anos a fizera carregar...
Que devoção! Ela pedia a Deus graça, força... Até que o banho terminou. Ela se olhou no espelho, ainda em lágrimas – olhando pra sua própria alma que novamente se reconectava. Lavada. Suprida.
Nesse dia ela iria sair. De tão bem que ficou dispensou a maquiagem e foi para a praia sorrir. E sorriu. Sorriu tanto que até esqueceu que teria de dormir. De volta em sua casa continuou em sorrisos nos sonhos que a abraçara. Nem preciso dizer como ela acordou...
Lembro que quando a vi até tremi – ela deslumbrava uma força felina. Era mais um dia, ela destemida, nem parecia àquela moça que vi chorar no chuveiro. Até que entendi todo o trajeto: É que ela é feita da mesma fraqueza que é feita a força!