centr'fuga

no caminho de volta nenhum disse que não, e o som das micropedras pequenos seres atacando quixotexcamente o assoalho com suas lanças e escudos orgânicos do próprio som ao impactarem-se ponteavam as curvas matemáticas que os pensamentos projetam quando calam-se, assim, em movimento mecânico e entre as construções dormentes na noite esticada pela linha asfáltica de luzes das inumeráveis luas penduradas, môrcegas luzes de olhos abertos na noite dos postes públicos. era este o silêncio. e era esta a catarse barulhenta de vozes. na imagem lateral, a marginal imagem na junção das pálpebras, os seres de sempre, enraizados, fazendo sombras esquisitas conforme as estações do ano, os perfumes e cores insinuantes primaveranistas ou as pontas de dedos secos com cigarros trêmulos do outoninverno, o incômodo a náusea moral de passar por todo este tempo e apenas querer chegar logo antes que os assuntos se sobressaiam, uma erupção do tédio, vômito cavalar troteando do estômago goel'acima e a podridão insegurável de uma pergunta qualquer lambuzando e'nojando os painéis, a blusa e os vidros, e aí? frio? queachou? tudocerto?, com a banalidade pegajosa se alojando nos orifícios dos equipamentos mentais, o azedo habitando as frestas respiráveis. no centro da fotografia que se adentra, a economia em aspecto de placa indica os cômodos da casa, transforma os exolugares em labirintos cotidianos, as córneas familiarizadas, a sensação constante de já ter passado por ali mesmo não lembrando que há pouco nada daquilo existiria. em alguns episódios introspectos os ruídos e baques aumentam conforme a inconfortabilidade do silêncio que os atritos causam. até que as coisas precisam ser mudadas, e as palavras são ditas como se um volante fosse guinado, e nenhum disse que sim no caminho de volta, o precipício que sempre fora visto com orgulho em sua proximidade íntima diz a certeza do vento, e o silêncio cai na insuportável olhada tangencial que não permite mais os rangidos dentais da estrada batida, e o depois se torna apenas questão de tempo

Henrique Pitt
Enviado por Henrique Pitt em 11/08/2016
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