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VOCE É ESPECIAL = EC
Sugestão da Zélia
Quando Lígia e Raul convidaram a família toda para uma tarde de “comilança e bate papo” ninguém esperava pela surpresa, pois o casal era muito alegre e estava sempre recebendo familiares e amigos sem nenhum motivo especial.
Depois de horas de conversa, risadas, petiscos e refrigerantes, Ligia e Raul solenemente pediram a palavra e juntos soltaram a bomba:
– Vamos ter um filho!
O efeito foi mesmo o esperado, espsnto geral.
A primeira a se manifestar foi à mãe da Ligia:
– Mas como? Na sua idade? Por que não pensaram nisso quando eram jovens?
E a mãe do Raul emendou;
– Como foi isso? Não é possível!
Dora irmã do Raul se manifesta:
– Eu acho uma loucura levar adiante uma gravidez na sua idade.
Mariana, a irmã da Lígia dá também o seu palpite:
– Lígia sempre quis ser mãe e se só agora conseguiu acho que temos mais é que comemorar.
Saulo, o cunhado dá uma gargalhada:
– É isso ai! Demorou mas conseguiu, né Raul?
E até a empregada que servia não resistiu à tentação de dar o seu pitaco:
– Tem perigo não. Minha mãe conta que a avó dela pariu com cinquenta e dois anos.
Ligia e Raul riam divertidos a cada novo aparte;
– Então? Todos tomaram conhecimento da novidade? Mais alguém quer dizer alguma coisa?
Durvalina ainda exclamou:
–Vocês são uns desmiolados. Onde já se viu uma coisa dessas?
E a vovó que quase não falava resmungou:
–Chega a ser vergonhoso!
–Vocês deviam aproveitar que estão se aposentando com tanta saúde e ir viajar, aproveitar a vida, muito mais divertido do que lavar fraldas...
- Niguem mais lava fraldas. Elas são descaráveis, não sabia? Provoca a Celina.
- Claro que sim. É modo de falar.
Bem, agora é minha vez de falar:
– Resolvemos ter esse filho agora que estamos nos aposentando e podemos cria-lo com todo o carinho e cuidado que uma criança merece.
E a Ligia acrescenta:
— Não se preocupem com a nossa idade. Pretendemos viver até ele completar a maioridade, talvez até casar.
Agora só mais um detalhezinho, nosso filho será adotado.
— Adotado? Mas vocês enlouqueceram mesmo! Uma criança adotada, sabe-se lá as taras que pode ter. Se a mãe entregou-o para adoção é porque não era grande coisa.
– Ele é filho da Adilia, aquela nossa empregada, lembra dela, Mamãe/.
– Uma sem vergonha é o que ela é. Deve ser filho de algum cafajeste, imagine os problemas que pode ter, esquizofrenia, más tendências, sabe-se lá o que mais.
– E se fosse nosso filho não poderia ter tudo isso também?
– Quando a gente conhece os antecedentes o risco é muito menor...
– Antecedentes? Por acaso não temos na família casos de doença mental e outras coisinhas mais... ?
– E diferente.
– Diferente nada! Todo bandido é igual! Bradou o Raul.
– Você não devia dizer isso, Raul, censurou a Ligia, olhe a Natalia está chorando.Ela achou que você se referiu ao filho dela que foi preso.
– Desculpem! Vocês me tiraram do sério com esse preconceito idiota.
– Vamos mudar de assunto, propôs alguém.
Mas não havia mais clima para festa e a reunião acabou por ai.
Um a um todos foram se retirando.
Casa vazia, restos da festa...
Raul pegou a garrafa de champanhe que gelara para o brinde que acabou nem acontecendo:
– Você quer?
– Não.
–Nem eu.
Guardou a garrafa e foi dormir.
No dia seguinte foram buscar o pequeno Henrique.
Ele era lindo como todos os bebês aos olhos dos pais embevecidos.
Quando Ligia o colocou no bercinho carinhosamente preparado para ele, adormeceu tranquilo e Lígia sussurrou-lhe:
VOCÊ É ESPECIAL para mim. Haja o que houver você será sempre o meu filhinho querido.
Ele não deve ter entendido.
Ou será que entendeu?
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