De mãos dadas

“A vida é uma montanha russa.” Foi o que concluí, depois do terremoto. E concluí mais no meio dos escombros da minha vida profissional. Percebi que não estou sozinho. Entretanto, eu não cheguei tão facilmente a essa conclusão, só entendendo isso durante o pôr-do-sol. Aquela era uma manhã como outra qualquer e eu fui trabalhar. Algo me dizia que eu enfrentaria tempestades, mas resolvi ignorar o aviso, acreditando que nada me atingiria. Detalhe: mais uma vez eu havia saído sem pedir proteção divina por causa da pressa. E ao chegar à escola, notei que todos me olhavam de forma estranha. Dali a pouco estava eu na sala da coordenadora e ela me avisando sobre a minha demissão. Saí dali cabisbaixo e, enquanto arrumava meus pertences, eu podia ouvir risos, choros e comentários dos mais diversos. Lá fora o tempo chorava junto comigo, o céu desabava sobre os carros e o meu havia sido roubado. Fiquei desesperado e liguei para um amigo, contando sobre o ocorrido. Ele estava no trabalho, mas logo apareceu e rumamos para a delegacia mais próxima. A fila estava enorme, porém continuamos ali até sermos atendidos. Depois disso, ele me levou pra casa e voltou ao trabalho. Eu estava ensopado e fui logo tomar um banho. E lá veio mais uma constatação: eu não deveria ter saído de casa naquele dia. Momentos depois, eu estava na sala, vendo TV e o meu celular tocou. Era uma amiga da escola que havia me ligado para me dar força e esperança. Assim que desliguei o telefone, percebi que havia duas mensagens: uma no Facebook e outra por SMS. Eram outros dois amigos, que souberam da minha demissão e resolveram me ajudar, trazendo-me novas possibilidades de emprego. Assim que respondi aquelas mensagens, a campainha tocou. E lá estavam mais dois amigos. Um deles era o que havia me ajudado com o boletim de ocorrência. Ele trazia boas notícias. Disse que a polícia já havia recuperado o meu veículo. Naquele momento, o meu coração ficou mais leve e um sentimento de gratidão tomou conta dele. Então, eu pedi que nós déssemos as mãos e fizéssemos uma prece de agradecimento. E, acima de tudo, além de pedir proteção pra mim e pra eles, eu agradeci por tê-los na minha vida. Eu só não me livrei de um resfriado.

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 12/07/2015
Reeditado em 13/07/2015
Código do texto: T5308553
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