Peão de Boiadeiro

Eu sou peão de boiadeiro

Vivo a boiada a toca

La pras banda do rio bravo

Luga que a moça flo nunca ouviu fala

Carrego comigo um fiapu de esperança

De Deus um dia me abençoa

quando minha comitiva passa

Na janela, sunce.... seu lenço me acena

Quando chego nas paragem

vo correno um trago toma

Pra tira as dor dus ossu..... tudo doido

De tanto cum marruá bravo peleja

Boi valente....que na unha tenho que agarra

A vida comigo é dura ,

Mas pensa em sunce ..me ajuda

com o braço forte..... o laço joga

o calor é tanto minha flo

que só farta mi sufoca

oio o sol a pino

que faz a vista tremeja

rezo pedino proteção

mas pra quem nasceu pião

a proteção ta no gibão

espero te mais sorte

do que teve o marruá

que cedeu seu coro forte

p’minha roupa de proteção

confio só no meu cavalo

que veloz corta as campina

chego a pensa que esse bruto

foi mi dado pela luz divina

quando o boi brabo desgarra

chamo meu cavalo na espora

o bruto galopa pela campina

e o boi vou correndo laça

depois da viagem terminada

a boiada eu entrego ao patrão

que me paga umas pataca

que nem me enche a mão

Penso que isso é injustiça

Pois o peão a vida arrisca

Para o dono da fazenda enrica

Isso faz meu sangue freve

Mas no arrasta pé na fazenda

com a cabocla fulo vou dança

depois de toma cachaça da forte

eu esqueço até da morte,

na vida vorto acredita

penso que esse mundo

é uma bola que

quanto mais a gente rola

mais pro fundo vai para

então no som da sanfona

eu me garro bem garrado

no corpo da morena

essa cabocla faceira

queria fosse assim a vida inteira.....

vive a vida a dança

proveitu bem proveitadu,

enquanto a vida num caba

nos braços dessa morena,

que de amor vai me chama

embalado nessa doce ilusão

esqueço a dor do coração

depois....tudo, começa de novo

La vó eu pega minhas traia

E deixa o barracão ,

Pego meu laço di couro

E di novo, visto meu gibão

Mais antes de sai, tem a missa

Onde eu peço proteção

Ao meu padinho Ciço

Que num me desampare não

A gente forma ota comitiva

Na hora da despedida,

Quando toca o berrante

o peito doi de emoção

E a hora de sai pelo mundão.........

E nesse vai e vem da vida

Essa é a vida de peão

A gente é forte é valente

Enquanto deus

assim quiser

e nos

estende a mão

Montteiros Dalton
Enviado por Montteiros Dalton em 18/06/2015
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