NA NOITE DO LIVRO DELA

Na noite em que comemoravas o lançamento do seu primeiro livro eu estava lá! Não poderia faltar...

Eu me sentia um grande merecedor do seu autógrafo. No mínimo que me retirasse do fim da fila e me dispusesse dentre os poucos predestinados que a perceberiam nos seus sorrisos iniciais e sem esforços.

Gostaria, eu, de tê-la dado toda a minha contribuição nas noites de insônia e de inúmeros devaneios...

De, ao menos, tê-la revisado...

Mas, sei que nunca fui digno de um prefácio em livro de ninguém. Muito menos de uma dedicatória. Quiçá do meu pífio pseudônimo destacado nas primeiras páginas do livro de quem quer que seja...

Mas, ali era o seu livro! O livro que eu tanto desejava. O livro que sempre achei que fosse o meu...

Sinceramente eu queria tê-lo escrito. Usado meus caprichos, minhas sutilezas, meus pormenores quando necessários e também meus arremates tão oportunos...

Mas, eu fraquejei! Não aproveitei e nem distribui todos os meus pensamentos.

Naquela noite em que comemoravas o lançamento do seu primeiro livro... Nem se quer eu me fiz ser notado... Fui, simplesmente, sombra!

E assim vivi oculto por contar todos os seus autógrafos.

E ainda vivo por esperar ano a ano uma nova edição que traga algo de mim. Algo que demonstrasse a todos que seus escritos um dia se curvaram às idéias dos meus...

Mas, que nada...

Hoje o que me resta é tentar escrever o meu próprio livro.

Só que aqui nesse meu peito de livro bem aberto, não dá! Há um sutil e covarde receio de ainda entregá-lo à sua autoria; Onde nas primeiras páginas eu, inescrupulosamente, poderia deixar um espaço reservado para um único autógrafo a você com todas as imagináveis dedicatórias...

Então lúcido, procuro...

Quem não silencie como eu...

Quem me diga livremente e sem medo:

Aproveite e publique seus textos aqui ó!

Aqui...