conto de alguém

Nos dias que vão passando, dou comigo a lembrar historias, da vida de alguém ou de alguma coisa que mexeu comigo...todas entre si tem um ponto comum, começam do mesmo jeito...

Era uma vez,

esta não é diferente....era uma vez uma jovem, linda morena de olhos azuis esverdeados, orgulho de seus pais. e da aldeia onde vivia, pequenita rouxinol do tempo em que nem havia sequer ( telefonia), ela era o rádio daqueles gentes, ia com os pais para o campo, na volta para casa, cantava aos ombros de algum trabalhador, apesar de cansados, da lides dos campos, era pessoas alegres e felizes, era uma aldeia unida, onde quase todos eram , família afastada ....lá vinham rindo e cantando, muitas vezes se dançava ao som da voz do pequeno rouxinol...Essa menina ia crescendo feliz, apesar de doente, tinha asma, uma doença que a 70 anos atrás era terrível.... ela sofria e cantava, sentada na sua maquina de costura, onde começou a ganhar o seu pão, pois escola não havia por aquelas bandas...

O nosso rouxinol, queria aprender a ler a todo o custo, no verão, iam a dita aldeia pessoas da grande cidade, já letradas, ela humildemente pedia para a ensinar a ler, um dia uma mais paciente, lá lhe foi explicando que se junta-se. as vogais com as consoantes. iria aprender e assim ela fez... lá foi aprendendo a conhecer umas e outras, a juntar... não havia livros, o pai pessoa muito crente, tinha comprado uma bíblia...

para que os filhos um dia aprendessem a ler para ele.

Foi mesmo ai que o nosso rouxinol , começou a entusiasmar-se e fazer as suas primeiras viagens no mundo das letras...

Cresceu e enamorou-se de alguém errado, alguém que não soube ver o tesouro que tinha entre mãos... entre abraços e beijos as escondidas, ela ficou a grávida, feliz ao querer comunicar-lhe que iam ser pais, teve um desgosto tamanho, pois foi acusada de não ser mulher fíavel e que o bebe não era dele...

Morreu a alegria do nosso rouxinol, agora era ter de comunicar aos pais que estava para ser mãe, se agora ainda é complicado há 83 anos atrás imagino só que ela sofreu, mas quis o seu filho, não o renegou , embora sozinha sem o pai do bebe, ela lutou, primeiro com o preconceito de ser mãe solteira, contra a muitos que a conheciam e não admitiam que a rouxinol estivesse para ser mãe, e a criança não ter ir ter pai...

depois com o desgosto de ser ver assim , rejeitada enquanto o pai de seu filho fugiu dali....

O tempo foi passando, o ambiente voltando ao normal, ela cada dia queria mais aquele pequenino ser que crescia dentro dela, seu tesouro seu filho...

Os meses foram passando, e um dia nasceu aquele menino lindo, que nas palavras do avô tinha nascido lá em casa um menino igual ao menino Jesus....O rouxinol voltou a sorrir e a ouvir-se cantar enquanto trabalhava, a tratava do seu menino.

O homem que ela tinha amado, ao saber do nascimento da criança, que era linda como o sol, veio de longe para ver o filho, o avô achou que era dever da mãe deixar o pai conhecer o filho,...

Ao ver o bebe, ele só queria estar com o ele, já tinha refeito a vida dele, casado com outra pessoa, a mãe não deixou ele levar o bebe, de junto dela....

Um dia estando a mãe , a lavar a roupa do bebe no quintal, estando ele a dormir muito tranquilo, ela lá fez a tarefa dela... quando ia voltar ao quarto, entrou em panico, o seu menino " jesus " não estava, foi o alvoroço completo por toda a aldeia, o seu menino não estava em lugar nenhum, chamaram todos, todos vieram, bateram tudo com burros e cavalos ( transportes da época ) ninguém sabia, ninguém tinha visto...

O desespero tomou conta do nosso rouxinol, deixou de cantar, de se alimentar, pois só queria o seu menino..

O Avô como louco andou pelas redondezas meses a fio a tentar saber do seu menino, nada....ninguém sabia, ninguém tinha visto.

Aos poucos ela foi ficando cada dia mais triste e mais doente....os meses foram passando, juntos foram anos...a vida la foi levando o seu curso,

tinha pretendentes, que ela nem queria ouvir falar...

a mãe lá lhe ia dizendo, já tens trinta anos, eu estou velha, amanhã morro e ficas a empregada das tuas irmãs

Até que um dia, ela conheceu um rapaz,ainda moço, pois era mais novo 8 anos que ela, ele aos poucos soube conquistar o seu coração, começaram a namorar, resolveram casar...quando queria tomar essa atitude alguém foi avisar a mãe que ele não iria ser bom marido nem bom pai pois era um mulherengo, depois era a mãe a não querer esse namoro, menos ainda o casamento.

Contra tudo e contra todos casaram.

Pouco mais tinha que o amor e uma cabana, tinham um ao outro, a vida lá ia seguindo o seu caminho...

Deixaram a aldeia, foram viver para a cidade grande, ai pensava que tudo seria mais facil, engano dela,

ia começar o seu sofrimento. ele sem saber ler nem escrever, ela la ia juntando as letras e escrevia o nome dela, ele nem isso, trabalhar onde? como? em quê? só como trolha, naquele tempo, não havia grandes culturas, trabalhavam das 8 as 17h depois era taverna, beber uns copos, de principio tudo bem, depois....depois o alcóol , é uma droga, vicia, e passaram a ser bebedeiras todos os dias, a harmonia do casal acabou.

Ela sempre a tentar ao mesmo tempo saber do filho....ele tinha ciumes....

Entretanto ela tinha ficado gravida, de uma menina, também loira de olhos azuis como o irmão, ela dedicava todo o seu amor aquela filha, como a tentar compensar-se da falta do outro filho. LR

Retalhos de mulher ( continua)

retalhos de mulher
Enviado por retalhos de mulher em 13/08/2014
Reeditado em 13/08/2014
Código do texto: T4921395
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