Verônica

Verônica voltava de uma entrevista de emprego. Esgotada, meio morta, boca e pelos pálidos. Resolveu colocar um brilho na boca, para disfarçar a melancolia. Os pés gelados, e o vento parecia querer lhe dizer, que ele estava ali, a fazendo sentir algo, mesmo que frio. A ausência de calor, do amor.

Os cabelos tocando seus lábios, que estavam com gosto de morango pelo brilho labial, morango, a fruta que Verônica mais gosta, principalmente com açúcar. Mordendo, e sentindo seus lábios, Verônica sonhava com possibilidades... Coisas que não são reais. Coisas do tipo... Companhia, colo, beijo demorado, e um pensamento de alguém que fosse só dela. Um coração que a sentisse mesmo sem a necessidade do tato. Ela resistiu. Segurou a cachoeira que inundava seu interior. Com o vento a lhe consolar com suas palavras soltas que dançavam pelo ar. E na boca, já sem gosto algum, a lembrança de um beijo que não sabe ter sentido nos livros, ou pela boca de um moço que antes a beijou no olhar.

18/07/2014

Brígida Oliveira
Enviado por Brígida Oliveira em 19/07/2014
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