A liberdade no cotidiano

Quando chegou em casa pouco antes das 11:00h estranhou a porta destrancada. Não era seu costume chegar esse horário e esperava que estivessem todos fora: o marido no trabalho e os filhos na escola. Entrou um tanto desconfiada.

Da sala ouviu gemidos vindos da direção dos quartos. Imaginou logo que poderia ser sua filha, de apenas 15 anos e já “desenvolvida” nessa área sexual, e se preocupou bastante. Ao se aproximar notou que o som vinha do seu quarto de casal. Na porta entreaberta viu o marido fazendo sexo com outra mulher. Não perceberam sua presença.

Lembrou que era quinta-feira, folga do marido. Levou as mãos ao peito e respirou fundo. Deu meia volta e saiu de casa levemente desnorteada, sem compreender o que acontecia. Esperou num loja, refletindo, até às 12:30h, horário que normalmente chega em casa, e retornou para o “lar’. Foi recebida pelo marido com um beijo e uma apalpada na bunda. Em retribuição, passou a mão pelo tórax do cônjuge e apertou levemente seu membro. Faltavam apenas 15 minutos para que as “crianças” (se assim pode chamar adolescentes de 13 e 15 anos) chegassem. Não dava pra fazer muita coisa.

Almoçaram em família, algo que só acontece nessas quintas-feiras, pois o pai dono-sócio-atendente num bar-lanchonete só tem uma folguinha nesse dia. A folga do outro dono-sócio-atendente, seu primo, é na terça. Quinta e terça são os dias de menos movimento, assim analisam, final de semana é “pauleira”! Após o almoço e as tarefas caseiras que todos fazem (ao menos isso), foram descansar, exceto a mãe, que foi corrigir umas atividades. Ela trabalha como professora contratada de uma escola pública de ensino infantil. Seu trabalho é “apenas” pela manhã, pra poder dar conta das coisas em casa também.

O marido saiu pra dar uma volta, com certeza vai à lanchonete dar uma olhadinha. Mesmo sendo sua folga, não consegue ficar sem ir ao estabelecimento. A esposa ligou pra uma amiga (secretária na escola que trabalha), mas não contou sobre o que viu pela manhã. Só conversou um pouco para se distrair. Acabou convidando-a para jantar com eles à noite.

A amiga chegou lá pelas 20:00h. Num vestido coladinho ao corpo mostrando as belas pernas, o que a fazia se sentir a vontade. 28 anos de uma beleza mestiça e provocante. O marido tentou conter-se para não expor sua alegria com a presença. Sua esposa também era linda, 33 anos e apesar dois filhos que teve bem nova, mantinha um corpo saudável e atraente. A professora se sentia bem, na sua melhor forma, madura, consciente do que fazia na cama. Por isso o espanto ao ver o marido com outra ainda nessa fase da vida.

Tomaram um vinho enquanto esperavam a janta. Os filhos na sala, assistindo televisão, essa ferramenta que tem educado mais que a escola, para o nosso azar. Terminaram de comer e já passava das 22:00h, o pai pressionou e as “crianças” foram para o quarto. Na cozinha os adultos conversavam e consumiam mais vinho. Olhares mais sensuais entre os três, um toque mais sensível aqui outro acolá. “Meia-noite, está tarde pra voltar pra casa. Dorme aqui essa noite, a casa é pequena mais dá pra gente se acomodar” disse a professora. Com um pouco de ressalva, de “não quero incomodar”, o convite foi aceito. Uma hora da manhã e a esposa chama todos para o quarto. Ao voltar do banheiro, o marido quase não acredita no que está acontecendo, sua companheira se atracando com uma mulher e convidando-o a participar da festa. Já percebia que sua esposa tinha uma queda para esse lado e tinha conversado sobre essa possibilidade tempos atrás. Não hesitou. Fizeram sexo a três, o famigerado “ménage à trois”. Ele nunca tinha visto sua mulher tão ativa e determinada na cama. Volúpia e prazer para os envolvidos. Um sexo gostoso. Uma loucura das boas.

Os dias se passaram e a presença da amiga se tornou corriqueira. Com ou sem o marido em casa. Os filhos começaram a desconfiar. A mãe chamou-os e bateram um papo aberto sobre o assunto, houve entendimento. A vizinhança começou a falar e as histórias chegaram à escola também. O pai não gostava mais da situação, já estava ausente das relações e resmungava da presença da amiga. Durante todo esse período, cerca de uns quatro meses, a esposa não conversou com ninguém sobre o que viu naquela manhã de quinta-feira. Não houve mais diálogo. Separação.

Filhos do lado da mãe. A amiga-amante-companheira não foi morar com eles, mas estava sempre presente. Ela e outras pessoas que, de vez em quando, participavam das delícias do sexo livre. A mãe vivendo dias intensos e maravilhosos apesar do fala-fala do povo. Deu costas pras conversas e foi aproveitar sua vida. O agora ex-marido começou a beber mais do que o de costume. Chegava na porta de casa e gritava palavrões e impropérios.

Um belo dia, bêbado como recentemente se apresentava, chegou chorando nas casas dos filhos implorando para conversar com a ex-esposa. Ela aceitou. Acolheu-o e quis ouvir o que tinha a dizer. Aos prantos contou das traições, que estava arrependido, pedia desculpa pelo acontecido, pelas atitudes e queria voltar. Ela falou do que viu naquele dia, ele com outra, e que fizeram sexo com a amiga pela primeira vez naquela data. Disse que conversou com outras pessoas e soube de outros casos, do quanto sofreu com aquilo, mas nunca quis fazer revanche ou vingança. As coisas com a amiga aconteceram com a participação dele e foi o próprio que quis sair da relação a três. Não queria voltar com o relacionamento anterior, estava feliz com esse novo momento de sua vida, queria o entendimento entre os dois. Ficaram de conversar melhor no outro dia, com ele sóbrio.

As coisas se ajeitaram. O pai diminuiu o álcool, voltou a trabalhar direito no seu comércio, não perturbou mais na porta de casa. As pessoas continuaram falando da professora e do seu caso com a secretária. Ela continuou trabalhando, perdeu o emprego de contratada todos sabem por que (ainda não é fácil ser livre pra viver e ser aceita nessa sociedade), mas passou num concurso, cuidando dos filhos, fazendo sexo e sendo feliz. O ex-marido até participa das “brincadeirinhas” de vez em quando. A vida segue.