145 – ENCURRALADO...

Em um posto de gasolina encontrei com um velho e querido amigo e ele me cumprimentou sorridente como sempre, mas desta vez o assunto durou pouco, logo se esgotou, se encolheu e se encerrou como que por um encanto, ele ficou olhando para mim, absorto, encurralado, era como que eu não estivesse na sua frente, que não estivesse conversando, ele vagava na sua mente nas distâncias e para desafogar daquele momento um tanto constrangedor com uma desculpa qualquer ele foi para um canto, e nas proximidades de uma caçamba de lixo se pôs a fumar, a fumar, a fumar...

Olhava e sentia o vazio que de dentro de si extravasava e que de longe dava para senti-lo, que de longe dava para mitiga-lo, um vendaval envolvente o emudecia e um desespero o consumia e o arrasava, na certa ele estava pensando em seu filho que ultimamente se transformou na sua maior dor de cabeça, que se transformou em um problema cuja solução estava além de suas forças, além do que ele poderia dar de si, embora lutasse com afinco, não medindo esforços e recursos para recuperá-lo.

E assim por um longo tempo ele ficou a matutar, na certa pensava onde fora que errara, onde fora que não fizera as coisas certas, onde falhou na educação do seu filho.

Seu filho agora um viciado nestas drogas mais funestas e destrutivas alternava entre momentos de euforia e de violência, e usava de todos os meios imagináveis para conseguir dinheiro a fim de sustentar o seu vício. Internações e mais internações intercalavam o dia a dia do rapaz, e mais e mais ele se afundava naquela escalada mirabolante que leva o viciado a ter momentos de perda total da razão, da sensibilidade e do respeito aos seus semelhantes.

Acenei pra ele me despedindo, e no caminho de casa mil pensamentos me acudiram, o que eu poderia fazer para ajudá-lo, o que eu poderia fazer para consolá-lo, e por mais que eu me esforçasse não encontrava uma maneira objetiva para dar uma solução ao problema, não iria aconselhá-lo, pois ele já deveria estar cansado de ouvir tantos conselhos, não iria dizer para que procedesse desta ou daquela maneira, que fizesse assim ou que não fizesse, de todos os ângulos que analisasse os acontecidos, francamente era por extremo difícil encontrar meios de ajudá-lo e confortá-lo.

No silêncio do meu quarto só me restou rezar, rezar pedindo ao Senhor Deus que ilumine e proteja aquele rapaz, e que de ao pai toda energia e dedicação para vencer este obstáculo, que para tantos é intransponível, mas com fé e muito amor, juntos, unidos, haverão de vencer.

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 12/03/2013
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