Mulheres

Acordou enfezada, não sabia o que tinha. Suas emoções estavam afloradas. Tudo ao seu redor a irritava. Ela não sabia exatamente o tinha, mas sentia-se além de viva com uma paixão efervescente, dessas que enlouquecem qualquer ser e o tiram do sério. Precisava estravasar a todo custo e não pensou em outra maneira senão sair de carro e correr com toda velocidade que sua ferrari vermelha tinha. Vestiu-se para matar. Um vestidinho preto curto com um belo decote, salto alto, óculos de sol e cabelos presos num rabo de cavalo. Passou apenas um batom vermelho biscate e foi até a garagem , apertando com toda força o controle remoto, observando impaciente a imensa porta elevadiça se abrir com uma lentidão dos infernos. Entrou as pressas e cerrou a porta atrás de si. Não queria olhares curiosos em suas coisas. Esses vizinhos invejosos. Hunf. Alisou com a pontinha dos dedos o metal gélido até chegar na maçaneta, abrindo a porta, sentando no confortável acento de couro preto, segurando o volante com uma cara de louca. Hoje aprontaria com certeza. Apertou com força o controle novamente, esperou a porta lenta se abrir, saiu com o carro cuidadosamente, como se não fosse acelerar. Cerrou a porta e pisou no acelerador fundo de tal forma que o carro chegou a cantar os pneus... Ahh!!! Adorava o vento bagunçando seu rabo de cavalo e tocando sua face, a velocidade daquele carro a deixavam tão viva. A cidade era pequena, naquela hora da manhã não teriam muitas pessoas na rua, então ela poderia correr facilmente até a primeira rodovia e curtir um belo passeio em alta velocidade em plena manhã... Não estava medo de multa, nem de bater o carro, nem de morrer... não hoje. Hoje ela queria uma aventura. Mudou a marcha e meteu o pé mais fundo no acelerador, esperando que o carro voasse na estrada. Que sensação deliciosa. Ousou desacelerar e frear de forma brusca. O cinto a conteve no acento fielmente, mas ela chegou a bater a cabeça no encosto do acento, sorte este era macio. Então ela sorriu ofegante, espiando sua face de louca no espelho retrovisor. Acordou com a fera dentro de si. Na história do médico e o monstro, hoje era o monstro quem comandava aquela doce moça... Doce até ontem. Porque agora estava ela com a famosa tpm, querendo usar toda sua energia em algo com muita adrenalina. Correndo por toda estrada sozinha, acelerando cada vez mais, dando freadas violentas, rodopiando e quase capotando algumas vezes. Que imprudência!!! – Dizia ela rindo alto... E voltava a fazer a mesma barbarie de antes, sem a menor ideia do perigo. Correu mais alguns metros e avistou um barzinho de beira de estrada, desses de clube de motoqueiros e pensou - Vou beijar pelo menos um macho fedorento hoje. Foi desacelerando o carro, diminuindo a marcha, até que chegou no estacionamento do local, colocando o carro todo torto numa vaga bem apertada. Saiu do carro, entrou no lugar e caminhou até o balcão, fitando todos os caras do lugar... Muitos haviam passado a noite ali, deixando suas esposas em casa para encher a cara de cerveja. Ela sentou na banqueta, cruzou as pernas e pediu uma dose de Wisky. Esperou que algum deles se aproximasse. Até que veio um homem alto, cabeludo e fedendo a pinga pura e a chamou de princesa... Ela não resistiu ao impulso de cumprir o que havia prometido para si mesma e o agarrou com violência beijando a boca do homem que mal conhecia, fazendo o bar inteiro ficar espantado com sua atitude. Ela cessou o beijo, limpou os lábios,pagou sua bebida e foi para casa, arrumou-se, tomou um delicioso café e foi serviço como se nada tivesse acontecido.

Fabiana Alves Chaves Ferreira
Enviado por Fabiana Alves Chaves Ferreira em 10/01/2013
Código do texto: T4076610
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