A incrível história de Mazinho

A história de Mazinho nº 2

Seu nome é Osmar. Seu apelido é Mazinho. Apelido carinhoso colocado pela própria mãe desde que era garotinho.

Seu pai era trabalhador braçal, enfrentava qualquer serviço pesado. Seu genitor arrumou serviço na companhia de asfalto. Sua mãe começou a lavar roupa para o chefe.

O supervisor da obra morava em Americana, S.P. Como todo pião de obra, para poder ficar perto do serviço, ficava no barraco da firma, indo visitar a família somente nos finais de semana. Sua mãe, toda sexta-feira ia ao barraco da empresa levar a roupa do chefe.

Naquela amizade começou logo um namoro. Ela cheia de sonhos, pensava sempre num conforto melhor. O chefe, como todo homem, não perdeu a oportunidade. Para facilitar o encontro amoroso; pôs o seu marido para trabalhar de guarda noturno. Além de ganhar 25% a mais que a lei de quem trabalha a noite, fazia muitas horas extras.

Para o seu marido aquilo era uma mão na roda! Estava feliz da vida achando que seu chefe era um santo! Para quem estava acostumado a trabalhar no pesado, tomar conta das máquinas à noite, era a maior moleza. Dormia a noite toda e de dia coçava o saco.

A piãozada comentava e criticava a atitude daquela mulher leviana. Muitos por inveja, porque queriam comê-la, mas ela só dava para o chefe; nem para o marido ela dava mais. Seu esposo não era ciumento. Quando alguém jogava uma indireta, ele dizia:- Que mal que tem, usou ,lavou, tá novo. O negócio é que nem borracha, estica mas, não racha!

Até que a obra do asfalto acabou. O supervisor levou a sua esposa e os filhos. O pai de Mazinho ficou desesperado e começou a beber. Um dia encontraram-o morto numa estrada.

Mazinho foi crescendo, quanto mais crescia, mais ficava com raiva do seu padrasto.

Mazinho casou e teve um casal de filhos. Já tomava uns goles de vez em quando, quando era solteiro; depois que casou e, com filhos, ao invés de diminuir com a bebida, aconteceu o contrário; começou a beber cada vez mais. Certo dia bebeu e ficou louco; tacou fogo no carro do seu padrasto. Teve que pagar na justiça todo prejuízo em suaves prestações, além de ser processado.

Sua esposa tentava de todas as formas para que Mazinho deixasse a pinga, mas todas as suas tentativas foram em vão. Não encontrando solução, separou –se dele. Só que Mazinho só bebia nos finais de semana. Durante o meio da semana, trabalhava normalmente.

Mazinho percebendo não ter ninguém por ele, envergonhado, sumiu. Ninguém sabia do seu paradeiro. Passados 5 anos aproximadamente, alguém me falou que Mazinho havia aparecido na casa de sua mãe; que havia parado de beber e trabalhava como servente de pedreiro.

Para encurtar a história, mesmo porque eu não sou escritor; escrevo apenas por robe, não sei fazer suspense; vou direto no assunto.

Um dia desses, faltando três dias para o natal, eu estava no portão espiando o movimento da rua, mania de aposentado que não tem nada para fazer; pára um carrão, cuja marca: Vectra, semi-novo e, um moço me pergunta:-Por acaso aqui mora o seu Wilson? Respondi:-Está falando com o próprio. Pensei até que fosse algum bandido, fiquei meio assustado, portanto, como tenho muita fé em Deus. Resolvi encarar a situação. O moço desce udo carro e falou:- tio, não se lembra mais de mim? Eu sou o Mazinho,seu afilhado. Foi uma surpresa muito boa vendo ele num carro bacana, muito bem vestido, embora com o rosto queimado. Mas como ele trabalhava de servente de pedreiro, só poderia estar com a pela queimada mesmo. O que me deixou surpreso, por mais econômico que um cara seja, não consegue bancar um carro daquela marca. Só o i. p. v. a. é um absurdo!

Desceu as malas e me falou que ia ficar uns dias; passar o natal conosco. Presenteou nós todos com um panetone; ajeitou as malas e começamos a conversar após tomarmos o café , costume dos mineiros; assim quem uma visita chega, o cafezinho é sagrado.

Sua história me comoveu tanto que eu resolvi escrever e postar no recanto das letras, com a autorização do mesmo.

Quando sua esposa o expulsou de casa, ele envergonhado resolveu sumir no mundo.

Caiu em depressão profunda e começou a beber cada vez mais. Perdeu a coragem de trabalhar e transformou-se em mendigo. Comia coisa catada no lixo; dormia em baixo de viaduto; apanhava tapa na cara; ponta pé na bunda; cuspida no rosto. Enfim, comeu o pão que o diabo amassou! A pinga já não fazia mais efeito, começou a beber até álcool e líquido,solvente de bateria de carro. Assim foram mais ou menos 3 anos. Até que um anjo, vestido de freira, o levou para um recinto dos alcoólatras anônimos. Fizeram um trabalho de desintoxicação e, ouvindo muito a palavra de Deus; permanecendo em constantes orações, Mazinho foi se recuperando rapidamente. Logo passou a ser monitor. Percebendo estar apto para enfrentar a sociedade, saiu e começou a trabalhar de servente de pedreiro.

Como ele havia estudado desenho arquitetônico no orfanato, foi fácil para aprender fazer ferragens. Logo foi promovido a armador. Por ser muito esforçado, aprendeu também assentar tijolo e rebocar. Foi imediatamente promovido a encarregado e hoje atua como mestre de obra.

Faz 5 anos que Mazinho não ingere um gole de bebida alcoólica. Está consciente que é alcoólatra e, que não pode tomar nem um traguinho.

Mazinho saiu do fundo do poço. Atualmente é o orgulho da família. Se a minha reza valeu, não sei, mas eu orei muito por ele. Esse é um dos filhos pródigos que retornou à casa do pai.