Sambo, logo existo

Até que enfim é Carnaval. Teremos por alguns dias a vida que pedimos a Deus. O coração sambista estará em euforia nas ruas e avenidas, atrás de trios elétricos ou nos sambódromos da vida. Revestidos de suas fantasias e adereços estaremos entregues à alegria e à emoção do momento, e outros menos envolvidos no espírito carnavalesco, assim como eu, verão a banda passar sentados na varanda de suas casas, não menos emocionados. Serão dias de trégua, sem o bombardeio de notícias ruins, que serão substituídas pelas imagens dos desfiles e das fantasias.

Vida de brasileiro acostumado a sambar o ano inteiro, ser mestre nas contas a pagar, saber de cor o samba que lhe dá o sustento no final do mês e ter que rebolar para caberem todas as despesas no orçamento. Vida de brasileiro que dá samba-enredo. Sem fantasia luxuosa, sem desfilar em grandes escolas, apenas fazendo seu dia-a-dia parecer menos difícil, mais tolerável diante de tantas dificuldades. Mas é hora de sambar, pelo menos oficialmente. Viver a grande magia do Carnaval, onde cada um de nós é artista em sua própria fantasia.

Vamos erguer nossos estandartes e transformar por alguns dias a realidade numa grande festa, para a qual nosso maior sonho é que assim fosse todos os dias, com muita alegria, união e cooperação entre todos. Como seria bom se fôssemos eternos foliões, com muito samba no pé e vivêssemos com dignidade todos os dias do ano. Talvez esse também fosse um bom enredo para o meu Carnaval, já que de samba eu entendo um pouco.

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 16/02/2007
Reeditado em 22/02/2007
Código do texto: T383637